25 de dezembro de 2021

Despedida VIII




Despedida VIII

Sábado de sol,
De sola de sapato sendo gasta
Pelos amigos que passam e se vão
Ao longo da rua.

Sábado de poesia, de escrita;
Acordei escrevendo, depois li um pouco...
Agora escrevo novamente.

Voltando algumas horas no tempo:

Essa noite fez um frio de inverno,
Acordei na madrugada em posição fetal
E com uma estalactite no nariz.
“Eta ferro”, me meti no frio da Serra;
Frio que me serra os ossos,
E quase, mas quase, gela meu sangue...
Foi por um triz.

Voltando ao tempo atual:

Almoço pronto,
Deixo meu “boa tarde”
Ao moço que passa
(mais solas sendo gastas).
Barulho de maquita cortando algo,
Complementa o som que ouço aqui...
Qual música?
Hoje deixarei à imaginação de quem lê.

Indo adiante no tempo:

Em casa com os cães,
Meu peixe pronto,
O mesmo som de agora,
Sol queimando a cachola,
Ao tédio meu afronto.

Preciso só imaginar e já sinto o cheiro de café,
Aquele fresco – novo – aquele meu;
Misturando-se ao perfume L’occitan que estou usando.
Vejo o céu limpo, ouço os cães distantes
E os cães aqui também latem.
Preciso só imaginar e já sinto o beijo...

Ah,
O som é Joni Mitchell,
Do disco Blue.

Despedida XII
(corpo e café – torrados e moídos)

Hoje me sinto dentro da melodia
“Rio quarenta graus”;
Mas quarenta... só se for na sombra.

A aura parece que quer deixar a carcaça
E se perder na atmosfera.
O sossego berra, a quietude é onipresente...
Mas “péra”...
Ouço o tilintar dos dentes,
Como se fossem lâminas de aço.
Saboreio a pera,
E o sumo resseca meus lábios.

Meu lema para sair da lama
É sorvete de lima-limão
E um chá verde gelado.
Estão bebendo cafés quando esfriam,
Vi gente saindo pela rua, pelado.

Agora a aura quer ficar no corpo,
Um bom banho gelado.
Ao alto as audaciosas asas de Ícaro,
Há tempos derretidas...
Agora aparecem em nuvens, desenhadas.

Vejo o futuro, não vejo sempre muito boa coisa;
Há decepção, sempre há;
Há ressurreição, tem que haver.
Há de aparecer alguma ligeira solução,
Nas poesias sinceras despontadas.

Sai da melodia, penetrei no sigilo
Já são bem mais de meio dia;
Entrei entre as almofadas
E sorri para a nostalgia.

André Anlub








 

No colo quente de Ísis

 



No colo quente de Ísis


A aurora dourada que brilha,

Enorme força que guia

Canalizando energia

Da bondade íntegra e constante.

Sem quaisquer variantes

E opiniões infligir:

Vestindo o pingente de um santo,

Com fé encorpando o gigante,

Com a pontaria de David.


Falha quem pensa que o bem

É frágil – pequeno – inseguro;

Que teme o invisível e obscuro.

Falácias de um João ninguém.


O mal é poder anacrônico,

Foi comício de um ser risível;

É improvável em almas capazes,

Insustentável e inadmissível.


Aspiramos ao poder intocável,

Colosso, incorruptível - no osso, na mente, na pele,

É aço que a ferrugem não atinge.


Vive ainda mais além que a verdade,

Liberdade que constrói o arco-íris.

É a hora de olhar no olho de Horus

E deitar no colo quente de Ísis.


André Anlub



22 de dezembro de 2021

Copo de plástico








Copo de plástico


E vai o ar mais quente do verão,

Pelos espaços em brancos, pelas alamedas vazias,

Nas narinas dos santos e dos pecadores.


Vai um filete de água descendo o canto da calçada,

Leva um copo de plástico; talvez leve um vulto sagrado.

No velho casebre o homem esculpe uma cálida imagem,

Que logo, em breve – quem sabe, esboçará uma crença.


No campo azul lá em cima, há gritos de prosperidade...

No palco azul piscina, no alto, no voo e no espaço.


Ninguém mais chega ao ponto, na resposta da longa pergunta...

Numa desconexa permuta de línguas encafifadas rescendentes.


No lago verde, verdinho, com vitórias-régias, peixes gordos e belos...

Alarga a reflexão, vem junto em coroação, um pedinte pé de chinelo.


E vai o ar mais frio de inverno,

Alavancando sua marcha pelo horizonte mais gélido;

Dentro de um copo de plástico, dentro da velha cachaça,

Do pedinte pé de chinelo.


André Anlub



Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.