9 de fevereiro de 2019

Mais tubo ação


Mais tubo ação

Eis que surge como ofício
Alargar na fechadura o orifício
Arruma o meio dentre o fim e o início
Faz da admiração o hospício.

Afim a todos, afim até a mim
Iça, acende e segura vela
Enfim fará o fim
Se te virem a fim
Beijando uma fria tela.

Nada incomum ou insana é sua gana
Até ser platônico não é coisa rara
Quando é De Armas a Ana 
E a Delevingne de Cara.

André Anlub
(9/2/19)


Das Loucuras Epílogos e metempsicoses

Quem cala consente;
Quem fala call center!

Faça o que eu minto,
Mas não faça o que eu faço.
Tem carma que não é carma,
É licença poética do destino.

Ao som de um jazz,
Ouvem-se as insanidades ronronantes
Que trazem tudo novamente... 
E sem compromisso – assim, como antes.

E os heróis estão chegando, e não estão sozinhos.

As ambições poluem o ar, como um incenso maldito,
Atravessa a barriga, da espinha ao umbigo, de mansinho.

É icônico, mas acordará o mundo com o seu grito.

“Alagados, Trenchtown, Favela da Maré”...

Ninguém gosta dessa exposição!
- A do Guggenheim? 
- Sim!
- E sobre quem é?
- É, sobretudo, sobre todos...
É sobre Maria e Zé. - Alfinetou Hyde.
- Mas sobre quem mais é? 
E Hyde riu!...
- Sei lá! Ninguém quer arrumar briga.
E o Doutor Jekyll se despediu.
E o senhor Hyde disse: me liga!

Fato consumado, passaremos ao próximo estágio:
Sob o domínio da inspiração, iniciou-se assim a ação...

O som da premissa fica a cargo de Chico Freeman.

Entrega-se o ouro ao bandido,
E no mesmo momento o bandido à justiça.
Sonha com aquele Mustang
Com banco de couro, cara de novo 
E Cara Delevingne na direção 
(talvez fosse a Ana de Armas).

Torturas à parte,
Tortilhas espanholas reparte,
Um sorriso, um amasso,
De Hollywood um maço...

É março em plena estação.

O apetite se eleva ao espaço,
Ficou “amarradaço”...

Mas a loucura permanece doidinha
Com os cascos no chão.


Andre Anlub

Das Loucuras (na sacada da vida)



Das Loucuras (na sacada da vida)

Nem vale a pena esperar mais; o descontrole é absoluto...
No dissoluto do tempo, a brincadeira mais sem noção.
Vejo-me a cada dia com a barba maior e o cabelo mais ralo;
Caio rápido no fundo do poço de um buraco sem fundo.

Há de se ver uma saída nesses traços deixados no papel:
No mar calmo um sonho; na alma desnuda uma quimera...
Assim como abelhas homicidas que cercam a doçura do mel,
É a força que tive e tenho para erguer a espada nessa era.

De pé – ontem –, na sacada da vida vacilei;
Eram quarenta e seis andares de queda.
Poderia suportar até cem? Realmente não sei...
Minha armadura anda amarrotada pela guerra.

Deitado descanso fazendo estratagemas com a paz...
Sou afortunado por não ter escapulido por um triz;
Pé à frente, fé atrás, rosas em canos de fuzis, “aqui jaz”...
O que eu não suporto é viver arrependido pelo que não fiz.

De pé – hoje –, acho que vale a pena qualquer espera,
Pois o real controle sempre estará em nossas mãos;
Ainda suportaria mais um milhão de apegos em vão,
Mas sem a incumbência da perfeição que impera.

André Anlub
(1/8/17)

7 de fevereiro de 2019

Delirium Liricus



Das Loucuras (refrigeração Cascadura)

E no sempre: as entrelinhas dos entre tantos,
Pensamentos vagos dos solitários viajantes.
Além da constelação mais distante
Achou-se, mas não gostou do rompante.
Rasgou como seda, sedou-se como um vivo-morto;
Abandonou involuntariamente o seu posto
E foi-se como zumbi ao mais próximo instante...
Entrou no navio sem rumo, ou agrado ou porto;
As promessas ficaram na placenta (na prancheta) do útero,
Multiplicou por quatro, e tudo nem é muito ao quadrado...
E ainda há aquele plano (de prato) incomum.
Sem medo emendou-se feito fio feito de cobre,
Cobrou-se e encabulou-se com o resultado...
E de volta ao lar, à estaca zero do ato,
Viu-se imóvel e isolado no quarto apertado.
Era tudo novamente ao começo, sem tropeço ou avesso;
Pegou poemas e teoremas e preferiu somar um mais um.

André Anlub®

Amor embriagado


Amor embriagado

- Remédios para uma cabeça retrógrada: 
uma dose de “amanhã” pela manhã, 
uma de “acaso” no ocaso 
e outra de “ironia” ao fechar do dia.

Venha, venha logo, traga o vinho e a taça,
Pois a comida quente e saborosa vai esfriar.
O ar está glacial, deve ser o efeito do ar condicionado
Com minha impaciência e a corriqueira pressão baixa.

Seu amor me implantou uma espécie de dormência,
Algo incômodo que carrego junto à carência. 
Amor fantasiosamente assombroso – casto colosso,
Que me pisa impetuosamente com pés quilométricos
E me acende o sorriso mais um par de vezes.

Por você, a nado, atravesso quaisquer continentes...
Sigo de mansinho ao limbo desconhecido e inóspito;
Escrevo o poema sem nexo, sem contexto e pretexto,
Mas o faço um texto bem-sucedido, laureado e exótico.

Venha, venha logo, antes que acabe esse meu sonho.
Como de praxe: amanhã olharei novamente sua doce foto,
Fecharei meus cegos olhos negros, ainda encharcados de clemência...
E construirei, esculpindo pouco a pouco, o seu corpo ao meu lado,
Com vinho, com a taça, com a pirraça da minha demência
E o meu tenro amor embriagado.

André Anlub
(2/2/15)

Para refletir



Por Mauro Vaz Junior 

"Uma parcela substancial da população vive numa caverna, cuja única janela para o mundo é o Jornal Nacional. E neste mundo só existem EUA, Venezuela e Coreia do Norte, e discussões rasteiras sobre Comunismo x Capitalismo com a mesma profundidade que se discute Flamengo x Vasco.
Cresceram num tempo em que lhes era dito que a verdade vinha da tv, inclusive, cidadão culto era cidadão que assistia ao noticiário, lembram disso?
Pesquisas apontam que este cidadão não lê. Nem quer. E que dentre todos os cidadãos do mundo, o brasileiro médio é um dos que menos tem percepção e compreensão de sua realidade.
São os mesmos que defendem que a ditadura foi um tempo próspero, ainda que uma lei norte-americana de transparência, recente, tenha divulgado que Médici e Geisel, pessoalmente, ordenavam a captura, tortura e morte de jovens como eu, que lutavam pelo Estado Democrático de Direito. Algumas mães eram torturadas na frente de seus filhos, bebês de colo.
São pessoas tomadas por um patriotismo deturpado, exercido por meio do futebol e do verde-amarelo. E que não está relacionado à defesa da soberania ou do patrimônio nacional. Agridem os vizinhos latino-americanos e veneram estadunidenses.
Sua crença de que estão absolutamente certos decorre do fato de que a opinião dos que lhe cercam converge com a sua. Coerção Social - Émile Durkheim.
Agridem e xingam qualquer um que discorde. Desejam o mal de seus opositores, a estirpação de qualquer ideologia que seus sensos apontem como nociva. São capazes de atrocidades para defender sua caverna. Platão.
Não há argumento racional que valha para convencê-los, porque não partem de pressupostos racionais. Combatem no campo da irracionalidade. Você não pode falsear aquilo que para ele é uma certeza. Eis um princípio científico, se uma afirmação não pode ser falseável, também não pode ser verdade. Aliás. São absolutamente reféns do viés de confirmação.
São carentes de atenção. A ignorância anseia por se propagar. Como um vírus. Portanto, não perca seu tempo nem ceda seu espaço para um ignorante irrecuperável.
Os nazifascistas não deixaram de ser nazifascistas depois que a guerra acabou. Eles apenas foram calados."

6 de fevereiro de 2019

O trem da vida (2009)


O trem da vida (2009)

A viagem prometia nunca mais ter retorno
Na verdade parecia ser eterna
No trem da sua vida
Esse comboio que nunca esquecerei.

Abrace-me igual aquele dia
A nossa primeira vez
Beijei-lhe naquela ponte
Deixei-lhe naquele trem.

No vagão da minha vida
Estação da minha emoção
Partiu sem despedida
Sem ouvir sequer um sim ou um não.

Por entre verdes vales, montanhas
Eu posso enxergar com seus olhos
O voo dos pássaros nos lagos
O branco dos campos de algodão.

Sinto também o cheiro das flores
O perfume natural de você
Do mundo todos os odores
Que me faziam feliz em lhe ter.

De repente vejo seu braço estendido
E um bilhete na palma de sua mão
É a passagem para o trem que retorna
Vindo de volta ao meu coração.

André Anlub 


5 de fevereiro de 2019

Do blog da Sandra Santos


7 POETAS SUICIDAS

"A seleção poética tentará apontar os temas alusivos à esperança, paixão, amor, alegria, felicidade, transformação, sensualidade, força e coragem. Como o verso de Florbela Espanca escolhido para o título supõe, o lado luminoso, forte e fértil dos sete autores será focalizado. Embora a expressão  poetas-suicídios  não possa cooperar com a intenção basilar desta seleção, seu uso transmite o peso simbólico que emana da relação umbilical entre poesia, morte e vida.

Em ordem cronológica de nascimento, poetas escolhidos são: Alfonsina Storni (Argentina), Teresa Wilms Montt (Chile), Florbela Espanca (Portugal), Anne Sexton e Sylvia Plath (Estados Unidos), Pizarnik (Argentina) e Ana Cristina Cesar ( Brasil). 

Traduções dos poemas de FE, AS, SP e ACC por Sandra Santos"



***

ALFONSINA STORNI (Argentina, 1892-1932)


NUDE SOUL

Eu sou uma alma nua nestes versos,
Alma nua que angustiada e sozinha
Deixa suas pétalas espalhadas.

Alma que pode ser uma papoula
O que pode ser um lírio, um violeta
Uma rocha, uma selva e uma onda.

Alma que como o vento vagueia inquieta
E ruge quando está nos mares
E durma docemente em uma fenda.

Alma que adora em seus altares,
Deuses que não descem para cegá-la;
Alma que não conhece valladares.

Alma que era fácil de dominar
Com apenas um coração que quebrou
Pois em seu sangue morno, regue-o.

Alma que quando está na primavera
Ele diz ao inverno que está demorando: volte,
Deixe cair sua neve no prado.

Alma que quando neva se dissolve
Em tristeza, clamando por rosas
Com essa primavera nos envolve.

Alma que às vezes libera borboletas
No campo aberto, sem definir a distância,
E diz-lhe libad sobre as coisas.

Alma que tem que morrer de uma fragrância,
De um suspiro, de um verso em que é solicitado,
Sem perder, poder, sua elegância.

Alma que não sabe nada e tudo nega
E negando o bem, o bem propício
Porque é negar quanto mais é dado,

Alma que geralmente existe como prazer
Sinta as almas, despreze a pegada,
E sinta uma carícia na mão.

Alma que está sempre insatisfeita com ela
Enquanto os ventos vagam, corra e vire;
Alma que sangra e incessantemente delirante
Por ser o navio em marcha da estrela.


***

 TERESA WILMS MONTT (Chile, 1893-1921)


AUTO DEFINIÇÃO

Eu sou Teresa Wilms Montt
e apesar de eu ter nascido cem anos antes de você,
Minha vida não foi tão diferente da sua.
Eu também tive o privilégio de ser mulher.
É difícil ser mulher neste mundo.
Você sabe melhor que ninguém.
Eu vivi intensamente a cada respiração e a cada momento da minha vida.
Eu destilei mulher
Eles tentaram me reprimir, mas não conseguiram comigo.
Quando eles viraram as costas para mim, eu dei o meu rosto.
Quando eles me deixaram em paz, eu dei companhia.
Quando eles queriam me matar, eu dei a vida.
Quando eles queriam me trancar, eu procurei por liberdade.
Quando eles me amavam sem amor, eu dava mais amor.
Quando eles tentaram me calar, eu gritei.
Quando eles me bateram, eu respondi.
Fui crucificado, morto e enterrado
para minha família e sociedade.
Eu nasci cem anos antes de você
no entanto, vejo você como eu.
Sou Teresa Wilms Montt
e eu não sou adequado para jovens senhoras.  


***

FLORBELA ESPANCA  (Portugal, 1894-1930)


AMOR!

Eu quero amar, amar sem esperança!
Aqui ... ali ... amor só por amar
Mais para isto e para o outro e para todo o povo ...
Amor! Amor! E não amar ninguém!

Lembra? Esqueça? Indiferente!
Ligar ou desligar? Está errado? É bem?
Quem disse que você pode amar alguém
Durante toda a vida é porque ele mente!

Há uma primavera em cada vida:
É necessário cantar dessa maneira,
Porque se Deus nos desse uma voz, era para cantar!

E se um dia eu for pó, cinza e nada
Que minha noite seja um amanhecer
Que ele sabe como me perder ... para me encontrar ...


***

ANNE SEXTON (EUA, 1928-1974)


QUANDO UM HOMEM ENTRA EM UMA MULHER

Quando um homem
entra em uma mulher
como as ondas batendo na costa,
uma e outra vez,
e a mulher abre a boca de prazer
e seus dentes brilham
como o alfabeto,
Logos aparece ordenhando uma estrela,
e homem
dentro da mulher
dê um nó,
para que nunca mais
separe novamente
e a mulher
sobe uma flor
e engolir seu pecíolo
e logotipos aparece
e longo seus rios.

Este homem,
esta mulher
com seu duplo desejo
eles tentaram atravessar
pela cortina de Deus
e eles fizeram isso por um período
embora deus
em sua perversidade
Desate o nó.


***

SYLVIA PLATH (EUA, 1932-1963)


EU SOU VERTICAL

Mas eu preferiria ser horizontal.
Eu não sou a árvore com minha raiz no chão
Chupando minerais e amor materno
Então, todo mês de março poderia brilhar em cada folha,
Nem eu sou a beleza de um pedreiro
Atraindo uma grande parte pintada de Ahs,
Não sabendo que em breve poderá estar disfarçado.
Comparado a mim, uma árvore é imortal
E uma corola não muito alta, mas mais incrível,
E eu quero essa longevidade e essa bravura.

Hoje à noite, na luz infinitesimal das estrelas,
As árvores e as flores continuam a espalhar seus cheiros doces.
Eu cobri-los, mas nenhum deles reconheceu.
Às vezes eu penso que quando estou dormindo
Eu devo certamente parecer com eles -
Noções evanescentes.
Estar na cama soa mais natural para mim.
Então o céu e eu temos uma conversa
E isso será útil quando eu finalmente dormir:
Então as árvores devem me tocar uma vez, e as flores terão tempo para mim.


***

ALEJANDRA PIZARNIK (Argentina, 1936-1972)


FILHA DO VENTO

Vieram. 
Invada o sangue. 
Eles cheiram a penas, 
querem, 
choram. 
Mas você alimenta o medo 
e a solidão 
como dois pequenos animais 
perdidos no deserto.

Eles vieram 
para atear fogo à idade do sono. 
Um adeus é a sua vida. 
Mas você se abraça 
como a cobra louca do movimento 
que só se encontra 
porque não há ninguém.

Você chora sob o choro, 
você abre o peito de seus desejos 
e você é mais rico que a noite.

Mas faz tanta solidão 
que as palavras cometem suicídio.


***

ANA CRISTINA CESAR (Brasil, 1952-1983)


Eu tenho uma folha branca
e limpo esperando por mim:
convite silencioso

Eu tenho uma cama branca
e limpo esperando por mim:
convite silencioso

Eu tenho uma vida branca
e limpo esperando por mim.



Das Loucuras (bakku-shan)

Era um teste, ou um trote, um tatu sem toca, só podia ser;
A vida indo estava belíssima, com um rebolado fenomenal;
Natural um assobio, um gesto cínico, mas evoluímos...
Era um blefe, bife de carne de soja, caviar é uma ova, vamos ver.

A vida vindo com outra cara: 
Chupou limão galego depois da feijoada
A vida fez da minha alma, à vida, submissa.
A via fez da minha escrita, no oceano um obsceno pingo d’água.
A vida viva e a nova cara:
Tomou suco de beterraba com limonada suíça.

Há fanáticos montados em suas motos enaltecendo as estradas;
Há homens de toga – desses falo sem qualquer intensidade.

Vejo futuros incertos com rojões, lágrimas e plenos juramentos.
Vejo você pintando o cabelo, e nesse espelho eu perco o jogo.
A escuridão me encalça, e realça o meu “mudar de argumento”;
Sem perceber a ressalva, entrei no poema do “Círculo de Fogo”.

A vida de costas é simples, sigo seguindo, atrás e só observo;
A vida de frente é o verso, o reverso e o grito da síntese do infinito.

André Anlub


4 de fevereiro de 2019

Sopro


Sopro

Fica tão óbvio, mas por que não falar de amor?
Ópio que entorpece o que se lembra, o que se esquece
Faz do momento um próprio vício
Fica tão certo quanto à foice e o martelo:
Limpa a selva e crava o prego na construção da casa
Por fim um fogo queima tudo e todos
Na maldição do tempo, deixando cinzas ao vento.

O ontem que já foi - correu cabreiro ligeiro
Como já foi o que o ontem alimentou.

Hoje resta o ranço da fanhosa fome de hoje
Fica tão hoje o desejo de repetir o que passou
"Si paisible" a criança desce o escorrega
Calhando segura em segundos – sua alegria.

Homens correm as vidas, as que não tiveram;
Correm, não vivem e às vezes enricam, choram
Nunca alcançam suas auras, o sopro que já se foi
Seguem deprimidos, em comprimidos infelizes
Nem notam que jazem correndo, na utopia vazia

André Anlub

Ferve de fevereiro


Poeta é liberdade, Ícaro que deu certo, 
sem normalidade, sem torto e sem reto;
equidistante do mundo mora no cerne da alma

e com doação e calma conquista os sinceros.

Ferve de fevereiro

Aquele céu azul turquesa em desvario me olhou sem fim, 
Aquele pérfido desvio que abrolhou em mim;
Tal tiro de festim que acerta minhas árduas cobiças,
Meus veios, meus velhos/novos embustes e premissas.

Sou andarilho com zelo de outrora malandro sagaz,
Sou saga, lenda, mito ou talvez nem e nada disso;
Abdico da necessidade de expor o que fui ou sou; já expondo;
Paparico a dona rica do amigo, bom, antigo, verde e grená alambique.

Dito-lhe ao pé do ouvido:
“verde-bílis com preto, verde-bílis com branco, 
verde-bílis com verde-nilo, seu primo distante.”
- Li isso em algum lugar; 
Acho que poderíamos repintar e avivar os quatro cantos.

O céu agora nublado e um assanhado sanhaço cantando,
Como um tablado branco e você dançando seus passos;
Foram descentes decentes, goela abaixo, quatro copos “quentes”:
(quatro pingas, quatro santos, quatro amigos, quarenta e quatro anos);
Peça imaginária, som e luminária, alma incendiária e (pra rimar)...
Ela – metade marcante da minha faixa etária.

André Anlub

Dueto da tarde (LV)

É um homem fiel com sua alegria, por esse motivo não faz acordo com dias ruins, nem vez ou outra.
Não abre concessões para não gostar das concessões abertas. Não faz trato com o Demo para não se tornar sócio dele.
É gente comum que comumente mente para se enquadrar em quadros que tapam os estragos nas paredes.
É um homem que passa reto pelas curvas, que se aborrece com o aborrecimento, que não chove com a chuva nem com o guarda-chuva.
Segue alegre sem derrapar nos de repentes; todavia segue toda vida a via que o leva levemente na corrente de bem – de zen – de gente.
É humano, afinal. Não podia fazer nada que os humanos não fazem, afinal. Mesmo que a maior parte deles estranhe o que um deles faça diferente, no final.
Sente-se bem, e prioriza isso! Senta-se à beira do lago com sua vara de pescar, seu sanduiche de atum, sua consciência leve como a brisa que o beija... se deixa.
Não prega a igualdade nem defende seu direito: vive seu direito e deixa o esquerdo viver como quiser.
Afinal, ele está no claro, no escuro ou em cima do muro? Não importa, pois dizem as boas línguas que foi ele quem fez o muro (mas com uma imensa porta).
A porta é generosa: quem entrar entra, quem não quer fica de fora e ela sempre ali, com ele sempre ali – pois ele é ela, como ele é o muro.
Agora um peixe morde sua isca; no mesmo instante que no outro lago, do outro lado do muro, um outro peixe almoça, e enche sua barriga.
É um pescador. Sua pesca é sua alegria. Sua alegria é sua pesca. Há peixe de toda espécie nesta pescaria.

Rogério Camargo e André Anlub
(4/2/15)

3 de fevereiro de 2019

Corsário sem rumo


Já está na área... Vamos delirar liricamente
Não postarei nenhum rabisco que publiquei nessa Antologia!
Então, que fique claro, o poema abaixo não faz parte do livro 
(para não estragar a surpresa) :)

Corsário sem rumo

No seu sorriso mais doce
Dá-me o sonhar acordado
Nau agridoce ancorada
No porto seguro de um réu.

O cerne mais íntimo partilhado
Como alado cavalo ao vento
Coice pra longe o tormento
Traz na crina o loiro do mel.

Mil flores a pulsar na razão
Vil dor e jamais compunção
Cem cores permeiam na libido 
Sem rumo nem rum no tonel.

Pirata na dádiva do amor
Com a bússola do autêntico anseio
Nem proa, nem popa, nem meio
Voando em direção ao seu céu.

André Anlub®

Das Loucuras (sebo nas canelas, “fióti”)


Das Loucuras (sebo nas canelas, “fióti”)

Olhos para veem e pernas para quem te quero...
Águas deslocam-se para o Sul e águias para o Norte,
O fato é que correm sempre para aonde bem querem.

A sede não acaba e nunca se perde tempo descansando, 
Pois os desencantos não criam raiz em cemitérios.

Suor que cai todo dia é nada de demente “on demand”...
Longas lágrimas que há tempos sumidas, sofridas,
Surgem suaves encantando vidas no corriqueiro das rimas.

Vermes disputam lugar com as lombrigas (barrigas com gases)...
O ego e o talento querem se apoderar de todo indivíduo (não duvido).
Fogueira acesa e pés descalços na areia enterram qualquer pejo...
Mas é sonho, sonhar acordado, não passa de um vil desejo.

Agora se vê verso firme da forma que veio para a briga (e não são fases)...
Nada de arrogante senhor de poesia; nada de arrotar monotonia.
O filhote poético nasceu, cresceu, morreu e ressuscita...
Se ofuscando e poetizando disfarçada no nosso próprio lampejo.

André Anlub
(10/9/17)


Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.