20 de junho de 2020

Houve um tempo



Houve um tempo

Um homem saiu para procuras utópicas 
longe de pessoas estigmatizadas 
Com tatuagens internas do interesse e da cobiça;
Focou os fulanos que não apontam dedos, 
vivem livres de julgamentos 
(amores, famílias, conhecidos – pérfidos); 
vivem presos a coisas próprias (autoconhecimento).

Houve um tempo que a vida era quente,
Saborosa, bem passada, ou no ponto, ou al dente.

A vida abraçava o fulano, ofertando beijos,
E nesses beijos o vendava;
Ao invés do breu, ele assistia a um filme,
Sentia o vento, saboreava vinho,
Vida com ritmo, alegria entorpecente.

Fulano se conhecia muito bem... 
Defeitos – qualidades; força – fraqueza.
Foi um homem como muitos outros,
Apenas não desistiu, não entregou o jogo.
Cresceu, mas continuou criança,
Seguiu na andança além dos delinquentes.

Fulano gostava dos paradoxos da vida, 
Das antíteses do ser, do estar, do viver;
Gladiava-se com algumas sombrias sombras
Festejava com algumas brancas brumas.

Houve um tempo e esse tempo se foi.
Há o hoje com pintura, com moldura, 
Com belo verniz e cores vivas.
Tela pendurada na muralha,
Com solidez...
Pois no presente há a arte armada até os dentes.
Mas e a verdade?

André Anlub




19 de junho de 2020

A Perda da Fé



A Perda da Fé

A visão mais turva, suja
Deixa que eu mesmo piso na uva
Sei que irá curar o desalento
Muito mais fácil deixar cair, dos olhos, uma chuva

Cansei de levantar, para o céu, as mãos
Engasgo com o medo, ébrio e hipocondria
Supre a dor com o comprimento de um comprimido comprido
Levanta e não cai de joelhos ao chão

Dizem que um Deus te ama
O resto do mundo não

Todos os elos dessa corrente
Foram tomados pela ferrugem
Águas só me molham, aos outros, ungem
Palavras incertas, ditos incoerentes

Com os nossos cabelos ao vento
Que acabam levando a vida
Uma partida fez-se momento
Para um lugar bom será sempre bem vinda

Como sabemos dos nossos erros
Como fingimos indiferença
Como negamos todos os zelos
Como sofremos com nossas crenças

Dedão nas orelhas, mãos espalmadas e línguas a mostra
Armado o circo, chamamos os santos
Com olhos cegos, soltem seus prantos
Eu perdi a fé, quero uma forra.

André Anlub®





17 de junho de 2020

Das Loucuras (elemento 115)




Das Loucuras (elemento 115)

Nem saberia por onde começar...
A tarde caia, um belo vermelho no cimo da montanha;
Em cima dele a emoção tamanha,
Esse tempo presente, louco e passageiro, o faz se entregar.

Naturalmente poeta,
Os olhos espertos não mentem – realmente;
Tudo conforme os conformes, é a meta...
 Veste seu uniforme de astronauta resiliente.

Sobe em muros; grita alto
Tenta contato com algo lá longe, no espaço.
Flutua como menino de aço
Um Superman do asfalto.

Azul cobalto, sua cor;
A percepção do encalço...
Calça suas bolsas e sai sem pudor
Em busco de ser algo a mais em seus passos...

A estrada é em círculos – caixa dentro de caixa...
Os anéis são antigos; o rosário é refúgio.
Reza ao contrário, do fim ao início
E no ciclo, tudo enfim se encaixa.

Aprende a amar, e é a mais dolorosa das lições:
O cenário é criado pelo dono da peça.
Enquanto os deuses riem lá, com seus botões,
Ele segue dia após dia – se segura e se dispersa.

André Anlub®
(17/6/20)



Amores ambíguos



Amores ambíguos

São sólidos e são sós, “s.o.s” para esses amores implacáveis que impactam;
Tatuagens na alma, na cama e na aura: memórias de cartas queimadas...
Vastos projetos devastados e telefonemas desligados na cara.
São líquidos e liquidam, nossa linguagem em linguafone: fome, fama e tara.
Amor que circula – cicuta –, e é minha sombra, me assombra no tudo e nada...
Alma lavada, corpo no esgoto, meu pensamento em seus olhos... E lá estão.

Castelo violeta 

Irmão do céu, de pé em cima de uma alta nuvem;
Seus olhos aguçados, acuados, discretos em suas ferrugens,
Visualizam tudo de errado e quase tudo de certo...
Mais nesses próximos parágrafos:

A tentação é ar puro, é astuta e presente em todo o ambiente;
As pernas fortes das corridas invejadas pela alma fraca pelo tempo.
Um castelo é erguido com o seu aguerrido espírito;
Pulcro, imponente, mas cheio de tormentos e de inventivas mentes.

No porão há um covil escondido cheio de lobos dentro;
Famintos, sedentos, sonâmbulos e carentes de apreço.
Árvores nada raras se agitam e se ajeitam com os vendavais;
Nos varais as roupas se ensopam com a chuva fina que cai.

Barrancos descem pelas montanhas como a manta dos deuses...
Há poder; há alianças; há independência e – a ser pago – preço.
Por dentro do corpo lacunas se abrem implorando explicações convincentes;
Ações voluntárias, inadequações insolúveis – multiplique tudo mil vezes.

No mais, não é aceitável ter um modo de vida que nos têm,
Por muito menos e por muito mais – ao menos –, descarrilhamos mil trens.
Cavalos livres descem a montanha em uma bela manhã de dezembro,
É o caminho livre, cheiroso e extenso, é o livre arbítrio para o castelo violeta.

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.