23 de janeiro de 2021

Das loucuras (pele nua vestida de tempo)




Das loucuras (pele nua vestida de tempo)


Sem perceber a pureza de quem eu era, segui

Ao sabor do vento, como pluma jovem e devaneadora

Mas a sombra tinha um formato de ontem, devastadora

De pendencias passadas que não quis ver e não resolvi


Faria tudo pelo gosto na língua do chocolate amargo

Colocaria as charadas no lixo, e num nicho uma escultura sua.

Cairia de joelhos, e novamente usaria a cachaça como fardo

Tudo num ritmo louco, de um espírito vestido de pele numa pele nua.


E tudo assim passa tão rápido por um olho cru e nefasto

Que não há pressa minha que faça acalmar o momento

E pela minha aura aberta a fé entre e faça ligamento,

Construindo-me ainda mais inspirativo, rígido, vasto.


Vê-se algo nesse mesmo céu azul assim tão raro 

Que me cintila, acalora e vez e outra me crepita à vida

Não há saída mais digna que perceber o seu errado

Pois perder o faro não justifica aceitar sua ruína. 


Na pele nua me embriago, e solto um grito mudo - me diluo

Me afogando, me queimando, me enterrando vivo.

No lago de Monet, sou peixe deslumbrado multicolorido

Na benção dos anjos de Sanzio, sacramento todo esse absurdo.


André Anlub®

(23/1/21)

excelente final de semana

 Sobre o ombro dos homens contemporâneos, a lua minguante; sob o arcabouço da aura, a alma minguada. Enfim o afã da nova era; ao fim da quimera que assaz já era.

O universo em expansão e há cérebros tornando-se grãos de bico.





22 de janeiro de 2021

 


O pianista e compositor de jazz americano Thelonious Monk e sua esposa Nelly, no aeroporto de Orly em 1963. (ROGER KASPARIAN)


Das Loucuras (estoico, apostador, caótico, profano)


Ecos do provisório do cabelo escovado

E o corpo com cheiro de talco.

No papel o roteiro com o fim e o meio esperando o início.

Pés aquecidos em sapatos italianos bico fino...

“Pisantes” comprados de um índio.

O sal na boca e o céu acima,

“Biloucos” com o sangue cheio de álcool.


A plateia aperta o cinto,

Pois o espetáculo vai durar mais uns dias...

Uns dizem se tratar de rebeldia,

Outros se tratam com remédio num terreno baldio.


Cascalhos pelo chão e cães magros no pedaço compõem o cenário.

Sim, tem algo estranho no ar! 

Alguém levanta uma placa pedindo gás do riso.


Na sequencia a consequência de não ter se separado do seu vício:

Viveu sua vida de vidro, tomou chá de presença e de sumiço.

Gritou nu pelas ruas, pois o silêncio o fazia deprimido.


Nunca esteve sozinho,

Meio mundo copiava seus caminhos.


Na rebeldia do seu tempo, na inércia da solidão,

Desvendou criptogramas, leu dicionários, diários, Bíblia, Alcorão.


Apostou em si mesmo, perdeu tudo que tinha;

Fez-se rico com pouco, conheceu sua sina.

Olha no espelho com orgulho, vê o quer encontrar...

Perdeu a necessidade inútil de sempre sorrir e agradar.


André Anlub

21 de janeiro de 2021

Das loucuras (granadas em voo; deus me livre, quem me dera)

 




Das loucuras (granadas em voo; deus me livre, quem me dera)

 

Em terras tórridas americanas,

Nada por agora tem mais importância,

O sigilo e a fleuma foram cortados

Pelo machado de um lenhador.

 

Sonhos loucos, tempos que revezam em eras,

Com a devida relevância...

Joelhos que vão ao chão – e sangram –,

Clamando por um novo louvor.

 

Os uniformes secam nos varais;

Os generais secam como uva passa

Num episódio sinistro do nosso mundo

As múmias criam vida,

Detém força,

Absorvem a raça.

 

Em ares de suntuosos azuis,

Outrora acinzentados,

Vê-se a esperança

Voando num zepelim de amores vívidos.

 

Com pés descalços,

Que ao pisar a grama amassam os calos

Seres absorvem a energia da terra,

Tão menosprezada em tempos idos.

 

Sim, olham uns olhos do futuro;

Não, brada o mofo do passado.

Nas correntes que se esticam do orbe ao submundo

Pessoas prendem felizes os seus braços.

 

Há mais medo que chuchu na serra

Teoricamente, há uma grande reta nessa esfera.

Homens andam para trás, feito algo que nem posso imaginar...

Tropeçam nas suas ideias, mas amam tropeçar.

 

Alguns acham que tudo se acomoda num quebra-cabeça imenso,

E outros, e também Osho, acham que há razão para ser.

Assim como o fogo outrora consumia o verde sem o “te quero ver”,

Nós se desatam, aumentando ainda mais a corda do bom-senso.

 

André Anlub®

(17/1/21)


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Das Loucuras (la vérité surgit de la méprise*)

.

Num telhado qualquer, agora, o gato angorá caolho observa;

Na selva, ao lado do bem-me-quer, há um coelho malhado.

Não há, sob a luz do luar, um trocadilho que salva;

Porém, uma salva de palmas ao mar, ao rio, ao filho, ao jus da alma.

.

Tudo do jeito que deve ser; desse jeito explica-se tudo – peça louca.

Lembra-se da chuva, do sol, ombros amigos, anjos caídos;

Esquece-se do sonho rasteiro, da melancolia, do preço da gasolina...

Comprimidos comprimido pelo cacoete de voar ao céu da boca.

.

Sonhos orgânicos, comidas orgânicas – somos o que comemos...

Entramos/entrando pelos canos – e tudo sem glúten.

É nada absurdo sermos herdeiros do mundo... temos escudos, ao menos.

Tolos e dolos no núcleo do globo – verdadeiro útero... Ferrugem.

.

A sombra cobre toda a praia; todas prenhas, as ondas somem...

Marmotas no mar morto vestidas de salva-vidas: letargo.

As águas-vivas estão mortas; não há lobisomem.

As cenas já foram montadas, no palco atrizes e atores dão o recado:

.

Conclui-se que quando se reza, rezam errado, e nada, e rezo... 

E enfim:

*A verdade surge do desprezo.

.

André Anlub

(29/10/17)

19 de janeiro de 2021

Mesmo assim


























Mesmo assim


Agora mesmo a alegria passou por uma rua,

Ela estava nua, estava fula, estava atormentada e vadia.

Olhou em todas as portas, portões, porteiras;

Olhou por cima dos muros e em murmúrios

Resmungou algumas asneiras... eram loucuras, coisas cruas...

Ela abriu janelas e meteu a mão nos cestos de frutas

E nas caixas dos correios...

(pegou algumas contas, cartas de amor, maças, peras).

A alegria soprou uma brisa, apagou algumas velas,

Espalhou a fumaça dos charutos e incêndios;

Atrapalhou as preces, os cantos nos terreiros;

Atrapalhou enterros e desacelerou as pressas.

Agora mesmo senti seu cheiro de mato lavado,

Senti seu ar gélido, fresco, encanado;

E como um refresco me afagou por dentro...

Acalentando meu mundo e meus imundos pulmões.

Vi alegria em multidões, senti suas fragrâncias...

Mas novamente vi a dor;

Senti o odor do suor dilapidado

Pelo horror de intolerância.

Mesmo assim a alegria me deu “bom dia”,

Concomitante que media o tamanho do estrago, 

Tragada e hipnotizada pela hipocrisia

Da constante desarmonia dos cínicos embargos

Nos livres-arbítrios de nossas/fossas vidas.

Mesmo assim a alegria me deu “bom dia”.


André Anlub

18 de janeiro de 2021

Das Loucuras (entrar em ação pode ser entrar pelo cano)

 André Anlub 

🎺Poeta fundador da Acad. Inter. União Cult.(RJ)⍟Pretenso Artista com tela no MAC(BA)⍟Membro Acad. de Artes SP/BA/GO e Lisboa⍟Revisor Editora Becalete



Das Loucuras (entrar em ação pode ser entrar pelo cano)


Ele é tatu e está tudo errado nessa dedução.

Pé no chão, pata no chão, barriga no chão.

Ele é rato ou pode ser cobra,

Vamos cobrar essa resposta.


E agora se faz o que? 

Mostrar o crachá,

Pegar o acarajé e caprichar no dendê.


A temperatura caiu...

Um mar Báltico,

Mas o corpo nunca esteve tão quente

E cáustico

Como nesse instante.


E amanhã como vai ser?

A lâmina da faca entre os dentes

Estará ainda mais gélida, afiada e lancinante.


Ele quer guarida,

Se reencarnasse iria querer novamente guarida...

Sonhos, projetos, orações são tudo em vão.


Tem a noção de que precisa de segurança externa,

Não anda com as próprias pernas,

Mas bebe e comete seus pecados

Com cuidado e as próprias mãos.


Quer disfarce para usufruir da distração;

Não consegue,

Então chegam suas nuvens pesadas.

Guarda-chuvas na mão

E a estrada de barro inundada...


Se proteger da chuva não é nada,

E novamente ele se deixa na mão.


Foi montado o funeral,

Ele já pode aparecer.

Cava seus buracos, busca suas saídas,

Trabalha seus ensaios e divulga suas rotinas...

Se expondo, se impondo, se cobrando

De uma forma que ninguém imagina.


A vida de dia lhe sorri – timidamente,

A noite ela se vinga, o faz de vítima.

Mas enfim:

Dizem que nem tudo acaba em pizza,

Talvez não seja somente lá e aqui...

Nem tudo é água ou daiquiri.


André Anlub®

Das loucuras (granadas em voo; deus me livre, quem me dera)

 








Das loucuras (granadas em voo; deus me livre, quem me dera)

 

Em terras tórridas americanas,

Nada por agora tem mais importância,

O sigilo e a fleuma foram cortados

Pelo machado de um lenhador.

 

Sonhos loucos, tempos que revezam em eras,

Com a devida relevância...

Joelhos que vão ao chão – e sangram –,

Clamando por um novo louvor.

 

Os uniformes secam nos varais;

Os generais secam como uva passa

Num episódio sinistro do nosso mundo

As múmias criam vida,

Detém força,

Absorvem a raça.

 

Em ares de suntuosos azuis,

Outrora acinzentados,

Vê-se a esperança

Voando num zepelim de amores vívidos.

 

Com pés descalços,

Que ao pisar a grama amassam os calos

Seres absorvem a energia da terra,

Tão menosprezada em tempos idos.

 

Sim, olham uns olhos do futuro;

Não, brada o mofo do passado.

Nas correntes que se esticam do orbe ao submundo

Pessoas prendem felizes os seus braços.

 

Há mais medo que chuchu na serra

Teoricamente, há uma grande reta nessa esfera.

Homens andam para trás, feito algo que nem posso imaginar...

Tropeçam nas suas ideias, mas amam tropeçar.

 

Alguns acham que tudo se acomoda num quebra-cabeça imenso,

E outros, e também Osho, acham que há razão para ser.



Assim como o fogo outrora consumia o verde sem o “te quero ver”,

Nós se desatam, aumentando ainda mais a corda do bom-senso.

 

André Anlub®

(17/1/21)



Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.