14 de dezembro de 2018

A escolha


A escolha

Milhões de besouros deslumbrados aos brados,
Nutridos e alienados;
Som hipnotizante, atemporal e famigerado.
Fotos estampadas em revistas,
Jornais e memórias,
Fazem da nossa história um pouco mais abençoada.

Mas tudo muda ao toque do botão...
Muda ou fala na opção escolhida,
Rompe-se a bolha e abre-se o inventário...
Por cada um, por cada muitos...

Não quero mais besouros pela sala,
Quero ouvir pedras rolando descendo o calvário.

André Anlub®

Corsário sem rumo



Corsário sem rumo

No seu sorriso mais doce
Dá-me o sonhar acordado
Nau agridoce ancorada
No porto seguro de um réu.

O cerne mais íntimo partilhado
Como alado cavalo ao vento
Coice pra longe o tormento
Traz na crina o loiro do mel.

Mil flores a pulsar na razão
Vil dor e jamais compunção
Cem cores permeiam na libido 
Sem rumo nem rum no tonel.

Pirata na dádiva do amor
Com a bússola do autêntico anseio
Nem proa, nem popa, nem meio
Voando em direção ao seu céu.

Andre Anlub

Enxugando os Prantos (parte II)



Enxugando os Prantos (parte II)

Os homens levaram a melhor, restauraram sem piedade os próprios corações...
As nuvens, no gritante azul piscina do céu, ficaram devidamente alinhadas.

Aqui, ali, todos esqueceram que previram a tempestade que jamais se formou;
Vestes novas, bebidas aos litros e litros, frutas raras e frescas abocanhadas...
E nas madrugadas uma surreal lua fluorescente.

Como plano de fundo: 
Casais e seus calorosos corpos colados, sorrisos aos montes e seus extensos beijos;

No plano mais à frente:
Crianças corriam felizes, brincavam com brinquedos de madeira e não se fantasiavam de adultos... e não aconteceu o absurdo das águas se tornarem doces e estragarem os dentes.

Aqui, ali, a mais completada ordem;
Muros e rostos pintados com coloridos belos, sem o grafite nervoso da política e o esboço de um papel impiedoso.

Em breve os cárceres seriam demolidos, pois jamais tiveram serventia...
Museus de coisas que não existiram... expostos à revelia.
A luta por tudo e a luta por nada, nessa mesma madrugada de lua brilhante.

Enfim, todos na espera da alvorada,
Ainda mais o amor...
O sol nascerá irradiador, e de fato de um parto;
O cordão umbilical nos dará a chance de alcança-lo de fato... 
Tudo no imaginário – possível – no imaginário.

André Anlub®

Morrem as abobrinhas



Morrem as abobrinhas

Venha, chegue mais perto,
Quero sentir seu hálito delicado e forte. Sopro de amor.
Agora chegue ainda mais perto e cole seu nariz no meu.

Quero entrar nos seus olhos, no mar infinito
E no universo negro e mágico onde tento ver o meu rosto.
Digo em alto e bom som como é bom.
Quero sempre fazer parte dessa história. É salutar.
Mas periga ser um vício.

É no início, na essência, onde bulo e reviro a memória.
Vejo que nessa guerra vale a pena lutar.

Ninguém vai nos dizer o que devemos fazer,
Nunca mais - não, não!
Com o certo ou o errado deles. Dos ralos, dos reles...
Limpamos o chão.

Acabaram-se as abobrinhas nas nossas mentes.
Nem se falarem hipoteticamente
Só verei as bocas mexendo. Sem som.

Agora há o costume de seguir o próprio caminho,
Escolher as pontes e portas.
Ficar frente a frente com o vendaval,
Sem o aval alheio, sem olheiro,
Sem frase feita e sorriso banal.

André Anlub

13 de dezembro de 2018

Esgrimas



Esgrimas

Há pontiaguda palavra que em parte perfura e penetra,
Amor não correspondido, angústia crua de outrora.
Florete de fogo, cremação de uma alma antiga no agora.
Peso e preso são pesadelos; sigilo interno é grito que alerta.

Novamente foco sua boca, dessa vez pintada,
Doutrinando-me na rotina e na retina, fazendo-me nada.
Amplifico o amor, assim – de gosto - me ecoarei na salvação.
Toda ação volta, abafa os medos, nada e tudo são em vão.

Explode, explode-me; corro e corroí-me feito uma coriza.
Ácido, assediado e assíduo assim sou seu então.
Você e eu e lume e breu e o sol e a lua nos abriga
Faz-me antiga cantiga, ciranda com fogueira e paixão.

Fujo, finjo desejo, chego... Luz se mostra colorida...
Choro feito criança; rio ouvindo besteiras,
Descendo pelas pedras com limo, entre margens floridas,
Molhando as roupas quase limpas das lavadeiras.

André Anlub

12 de dezembro de 2018

Aqui dentro




Aqui dentro

Há um amor
Que trabalha arduamente
Por tudo e todos
Por dias e anos
E até no sem fim.
Existe o rugido 
De uma fera risonha
Que toca e cura, 
Enxerga e expurga
A semente obscura.
Há a melancolia 
De cartas queimadas
Amores deixados 
Em tempos partidos.
Há foto nos porta-retratos
Sempre alteradas
Do preto e branco
Ao colorido sem brilho.
O ontem no calendário
Transtornado e aflito
Por fazerem dele
Um amanhã vazio.
Há boatos de sorrisos
Também falos umbigos
De mentes mecânicas
E corpos esguios.
Na uva, na ameixa, na seda
Na beleza completa
Da mão que acaricia
Um rosto pelas manhãs.
Sem esquecer-se do elemento
Esticando as curvas
Em linha reta de traço
Rompendo dimensões
No ingênuo abraço.
Tem limão e tem dente de alho
E o pagão reservou seu lugar
Para o paladar em sacrifício.
Agora sai em desafio
Correndo no meio fio
E folhas deixadas voando
Dos livros de Ana Cristina
De Sylvia e companhia
Para outros olhos no cio.

(Inspirado no escrito “lá fora” de Ana Cristina Cesar)
André Anlub®

9 de dezembro de 2018

Cordão umbilical


Eu olhando para a futura capa do meu mais novo livro.

Cordão umbilical

Sinto-me próspero quando não sou tapeado
E a inspiração, por fim, deixa minha mente.
Ela não é indigente, tampouco empregada,
É minha filha e amada,
Meu sentimento mapeado
Que foge do meu masculino ventre.

Mas a mesma não quer viver de vaia
Ou aplauso desacerbado.
Não quer ficar arquivada
Em uma gaveta empoeirada
Ou no raio que o parta.

Ela quer ser mais um elo da corrente
Ir longe, logo e ir pra frente,
Criar um leal - legal - legado,
Ser um dos trezentos de Esparta.

Ela quer viver pequena ou colossal,
Onde habita a multidão e a solidão.
Ir ao limite que estica a emoção
E o meu cordão umbilical.

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.