14 de dezembro de 2023

Vivências da madrugada



Praça Edmundo Bittencourt (Bairro Peixoto) Copacabana! Saudade dessa mangueira, muitas histórias pra contar! 


Vivências da madrugada 

                        Romero se deu conta da existência do preconceito de uma maneira curiosa, pois se deparou com ele pelo lado de quem está praticamente resguardado; na verdade mal sabia ele que o racismo sempre fez parte do seu meio, dos seus amigos de escola, da cidade, do bairro, do prédio onde vivia e, até mesmo, dos olhares críticos de seus familiares... Ele até poderia falar que o racismo era sutil, mas não poderia ser tão atrevido, debochado e perspicaz assim, por se tratar de um branco, heterossexual, de classe média, e não estar ciente da verdade dentro do corriqueiro dos seus amigos afrodescendentes. Romero estava com dois grandes amigos, o Grilo (amigo de longas datas) e Isaac (cinco anos que o conhecia), um viciado em quadrinhos de ficção científica, surfista, boa praça, comunicativo e extrovertido, morador de um apartamento mínimo – em um prédio do bairro –, considerado uma “cabeça de porco”. 

Lá pelas altas horas, Romero e os amigos já estavam há tempos bebendo cerveja e comendo fritas em uma birosca antiga cuja o dono já fora seu sogro. Estavam no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, mais precisamente na rua Siqueira Campos, bem ao lado da subida da Ladeira dos Tabajaras. Naquela época era um ponto com a fama não muito boa, ponto de viciados, “aviões de drogas”, mas também pessoas comuns, transeuntes que compram cigarros, outros que param para pegar o ônibus e aqueles que só estão ali para conversar, namorar e beber. Ao saírem do bar entraram no breu silencioso da rua, na companhia de sombras, gatos e a sensação repentina de uma vontade louca de urinar. 

Ao longe uma viatura da polícia vinha subindo a rua; ao aproximar-se, a sirene dá um baixo e curto toque, se acende o giroflex e tão breve se apaga; os olhares se cruzaram e Romero dá de ombros abrindo um sutil sorriso de canto de boca ao reparar o som advindo da janela do primeiro andar de um prédio próximo: alguém gemendo em um possível ato sexual. O inevitável acabou acontecendo: foram parados. As portas se abrem ligeiras e saem dois policiais do carro: aquela típica dura na madrugada Carioca. Romero era o único branco, estava com sua roupa de passeio, quase um uniforme: bermuda de surfista, camisa da Hering lisa, tênis, meia branca e um boné surrado e de marca aquecendo sua cabeça; estava tranquilo, pois nada tinha nos bolsos, apenas sua carteira, um maço com dois caretas (cigarros) e um isqueiro da marca Zippo (presente dado por sua namorada atual). Romero soltou um ar com a boca e passou a mão em frente em um movimento estilo karatê, cerrou os olhos e “touché”! Estava com um bafo terrível, fétido, de uma cachaça barata, amarelada, que fora vendida como se fosse uma pinga legítima mineira. Na hora deu-lhe uma ligeira tonteira e acabou tudo misturado no pensamento, acabou por dar um arroto seco da cerveja que fermentava em seu estômago. O policial mais alto e meio troglodita, que tão logo foi obviamente rotulado mentalmente pelos três amigos de “mau-mau”, falou em voz firme, incisiva e deveras alta:

- Levanta o braço... cadê o fragrante? É melhor mostrar – disse olhando os outros dois de soslaio –, pois se eu achar vai ser pior!

O outro policial descruza os braços, dá um passo ligeiro à frente e intervém de forma amistosa: 

- Antes de tudo quero ver o respeito, todo mundo pianinho!

– O policial aproveita a deixa do silêncio e conclui:

- Levantem a camisa, abaixem a cabeça, documentos nas mãos e podem abaixar também os braços.

Romero e os amigos tiraram as carteiras do bolso e as estenderam em suas palmas dando total sinal de submissão. Visivelmente Romero parecia um ser invisível, pois foi o único a não sofrer quaisquer pressões físicas e psicológicas. Ao contrário de Grilo e Isaac, não foi esculachado verbalmente e sequer teve sua carteira aberta; foi tratado com desdém enquanto observava todo o abuso nos tapas no peito, intimidação na fala, dedo na ponta dos narizes e até um empurrão em Grilo, que o jogou contra o muro e o pé em uma poça de água parada. Do jeito que Romero colocou sua carteira na palma da mão ela ficou; sequer foi vista ou aberta até o fim de todo o imbróglio. Enquanto assistia com o olhar soturno aos documentos dos amigos sendo iluminados pela lanterna dos guardas, e alguns vinténs e pertences caindo ao chão, sua mão continuava estendida e sem qualquer ingerência. De repente veio um empurrão circular ao Isaac; ele vai meio trêmulo em direção ao muro, onde é colocado de costas e tem as pernas abertas pelo coturno do guarda. O outro policial, batizado mentalmente por todos como “bom-bom”, guarda a arma, vai até ele e o examina meticulosamente dos pés à cabeça... num movimento violento o policial retira-lhe as chaves do bolso, alguns papeis com poemas escritos e um pacote de balas, sem achar enfim nada aparentemente ilegal. Agora ele dá um toque com a sola da bota na junta da perna, com a intenção de fazê-lo se ajoelhar, – mas não consegue –, então ele empurra seu ombro para baixo de forma grosseira até os joelhos jazerem no chão, bem ao lado de um despacho, e diz:

- Fique quietinho! Está querendo ganhar porrada?!

A luz do poste era ínfima, parecendo o cenário de um quadro de Caravaggio. Não havia movimento algum nos arredores, até os gemidos haviam cessados, era uma noite propícia para um crime de preconceito ou ódio; mas não ali, não naquela noite, não ali na zona sul e em Copacabana. Com certeza aconteceria em outro ponto da cidade. O bar já havia fechado suas portas, a água com a espuma cinza escura do sabão da lavagem do chão já escorria por debaixo da porta, atravessando a calçada e escorrendo correndo ligeira rua abaixo pelo meio-fio. E ali, os três, começaram a ouvir o sermão dos dois policiais:

- Sabe que odeio malandro? – Disse exaltado o policial mais alto e inquieto –; odeio gente que quer tirar onda com a cara de uma autoridade – e, em seguida, lançou um tapa na cara de Grilo que estalou ecoando pela rua, dando a impressão que ficaria aprisionado naquela rua escura e assombraria aos passantes por anos e anos. Em seguida o policial foi mais preciso:

- E esse relógio ai? – Disse com o dedo em riste e a voz meio pipocada; olhou rapidamente para Romero mas retornou o olhar ao Grilo – roubou aonde? – Agora com olhar de determinado e já com as duas mãos na cintura (uma flertando com a arma que se encontrava no coldre).

- Não roubei – disse Grilo em tom cauteloso que beirava um sussurro –, foi presente de Natal que ganhei dos meus pais.

Os policias devolveram os pertences e após alguns minutos que pareciam eternidades todos foram liberados.

Assim que a viatura em alta velocidade deixou a rua, um grupo de cinco jovens bem arrumados e com uma garrafa de uísque importada, despontou descendo a ladeira transversal, vindo de alguma festa. Um deles ainda segurava um cigarro de maconha, aceso, e olhou com certo desprezo para os três. Os outros riam e falavam ao mesmo tempo e tão alto que acabaram abafando o soluçar do choro que Grilo não conteve.


André Anlub

11 de dezembro de 2023

surf girl

 

- Que fatalidade: ao fechar seu zíper, Zappa perdeu seu Zippo; ficou com o fumo, mas sem consumo, sem fogo, sem fósforos; ficou famélico e – quem diria – com fisionomia de abstêmio, perfume de absinto e sorriso de feijão-fradinho... Mas com uma caixa cheia de barrinhas de cereal sabor chocolate com avelã. 


- Rótulos são para todos que gostam; conteúdo é só para quem o procure e mereça.


Imponência


De uma forma deveras palpável

A grafia renasce no arcabouço 

Vindo de uma sensação mutável

Tornando-se finalizada ante o esboço.


As letras jamais envelhecidas

Amareladas com rigidez perene

Órfãs sem jamais terem nascidas

Lapidadas pela sutileza do cerne.


Apólogo nas mentes funcionais

Decreto soberbo dos irracionais

É boa imprecação em todas as formas.


Sem acatamento diante da alusão

Dona de si perante comunhão

Jamais dará ouvidos às normas.


Dueto CLXXV


Cheia de fases e quieta, como a lua, a coruja viúva somente observa.

Seu longo histórico de observações leva a pensar. A coruja viúva adora ser levada a pensar.

Observa – pensa, pensa – observa... poderia (caso quisesse) ficar presa nisso e nessa até o sol raiar.

Mas até as corujas sentem fome. Encosta a filosofia num canto do galho e alça voo silenciosamente.

Voa rente e alerta, silenciosa e esperta, e caça o coelho que sai de seu abrigo, pois tinha hábito notívago.

Coelho perde a vida para que coruja continue vivendo. De volta a seu posto de reflexão, entrega-se a meditar.

Entre um som e outro, imersa na penumbra, tenta tirar o cochilo... Em vão! E vão em diversa direção seus olhos gigantes que não relaxam. Em suma: suma noite para que a coruja durma.

Vá embora agora isso que decora a mente com reflexos complexos. Quero descansar! Mas a imagem do coelho apavorado não lhe sai da cabeça.

Parodiando Suassuna: matar coelho dá um azar danado. Sobretudo para o coelho. 

A caçadora digere sua caça e os azares da vida, que são a sorte de quem os provocou. Digestão pesada.

A lua vai dando seu adeus para a noite grávida de oito meses que em breve, muito breve, dará a luz.

A coruja viúva boceja, arrota, ajeita-se no galho-casa, deixa o sono pesar nos olhos e, absolutamente sem querer, compõe um adeus-epitáfio ao coelho mártir.


Rogerio Camargo e André Anlub

1 de dezembro de 2023

Furiosa (trailer)

 



Das Loucuras (Nossa Holanda)


Fazer o bem sem se gabar a cem,

O bilhete diz absolutamente o que mereço.

Diz tudo e muito mais um pouco...

Está explicito ali, para olhos que veem.


Infiltrando-se por dentro do corpo oco

E por fora mantendo o brilho extenso.

A capilaridade social impede o fundo do poço,

Ainda que possam empurrar o sol para dentro.


Há as mais puras inércias...

Nos países baixos.

Há a maior mentira discreta...

Pra não fica por baixo.


Mais um adendo: 

O corpo não se sustenta

Não há omelete sem ovo

Nem borda sem centro...

Mas há quem inexista e aguente.  


Nossa Holanda arquitetada

Também tem ciclovia que brilha

Em artes de Van Gogh inspirada

Numa folia de vaga-lumes em trilha.


Vejo-a naquela pantomima...

Todos vão com tudo na encenação eloquente.

Se não há fé, vá sem fé mesmo...

Pega-se um ônibus, dobra-se uma esquina,

Mas com um pouquito de crença

A vida, com ou sem desavença,

Fica mais a contento.


Vejo-a bela e sorridente,

Dentro de nossa antípoda.

Não é preciso falar ao meu ouvido,

Eu já nasci entendendo.


Sussurre ao abismo,

Sem eco, sem ego, sem medo.


Século de nada, de sangue, de ouro,

Rasga-se o couro...

O mestre dos sonhos e seus tesouros.

Tudo para se gabar com os louros.


Nuvens cinza se dispersam com o vento,

E nesse lamento as lágrimas secam.

De um lado da bifurcação o mar e a lua que refrescam;

O que fica para trás é só o fim do começo.


Bem visíveis às pegadas

Na areia fria da necrópole,

E a semântica dessa semana

É branda e já está sanada.


Estacionada na nossa Holanda,

Nossa enrolação nos enrole

Com moinhos de vento,

Ventania inventada,

Eu e você, de mãos dadas,

Constituindo nova prole.


André Anlub

27 de novembro de 2023

Julia Vianna Surfista Brasileira

 



Da Loucuras (até aí morreu Neves)

Garoto indo a caminho de Xerém:

O homem procura grupos que pensam da mesma forma que ele
Com a finalidade de dividir a reponsabilidade pelos erros futuros.

Caso queira, conte-me seus mistérios 
Prometo nunca contar a ninguém.
Guardo o que for leve e o pesado excluo.
Sei que não trará tédio nem me fará refém.

Voo além do ócio,
Dentro do meu próprio hospício
Ao som do chocalho, junto os cascalhos e construo o rochedo;
E solto minhas memórias que ainda guardo do princípio.

Tudo velho no badalo do sino – haja parcimônia;
Tossindo pela manhã e resfriado na parte da tarde...
À noite um pouco febre e na madrugada insônia.

Ah, que romântico, me pego falando de mim mesmo...
Em um desejo insólito de ser o rato e o queijo.
Então no tato quase me vou, no voo em tão do trato,
O que fiz aos deuses, de entregar-me e ser gato e sapato.

Guria indo no trajeto de Iguaba:

O homem marcara-se em seus grupos, por ter uma auto divergência,
Na deselegância da obediência, em ser bom no falso bem que se gaba.

André Anlub®


26 de novembro de 2023

QUAL DELES VOCÊ CONTINUA ESPERANDO?

 


QUAL DELES VOCÊ CONTINUA ESPERANDO?

“- Os índios estão à espera de Kalki há 3.700 anos.
- Os budistas esperam por Maitreya há 2.600 anos.
- Os judeus esperam pelo Messias há 2500 anos.
- Os Cristãos esperam por Jesus há 2000 anos.
- Sunnah espera pelo Profeta Issa 1400 anos.
Os muçulmanos estão à espera de um messias da linha de Maomé há 1300 anos.
- Os xiitas esperam por Mandi há 1080 anos.
Os Drussianos estão esperando por Hamza ibn Ali por 1000 anos.
A maioria das religiões adota a ideia de um "salvador" e afirma que o mundo permanecerá cheio de maldade até que este salvador chegue e o encha de bondade e justiça.
Talvez o nosso problema neste planeta seja que as pessoas esperam que alguém venha resolver os seus problemas em vez de o fazerem sozinhas! ”

19 de novembro de 2023

Taylor Swift




Essa história do tour da Taylor Swift fica cada vez mais inacreditável. Vamos aos fatos:

• os ingressos no Rio vão de R$ 144 na pista (onde o estado primitivo e animalesco do ser humano é despertado em prol de um metro quadrado) a R$ 3189 no setor inferior (que seria a arquibancada, acima da ralé, mas mais distante do palco).

• os ingressos para o show em São Paulo na semana que vem são mais interessantes. Os mais baratos custam R$ 1322 nas cadeiras inferiores (quase atrás do palco). No camarote (a uma distância considerável do palco), você precisa desembolsar R$ 12.267 – mas calma, tem meia para estudante.

• se o fã não vive no Rio ou em São Paulo, ele ainda vai precisar arcar com transporte e hospedagem (se bem que a maioria está dormindo em frente aos estádios para garantir o pior lugar próximo ao palco – nunca o melhor, não tem melhor lugar).

• o calor no Rio de Janeiro atingiu níveis desumanamente insuportáveis. Mesmo assim, o fã não tem opção, ele já está lá, não tem volta. Ou se compra água mineral superfaturada ou literalmente se morre de calor (alguém levou isso a sério).

• por conta da morte inexplicável de uma fã, a cantora decide adiar um dos shows como se o calor miraculosamente fosse diminuir na semana que vem. Isso significa que o fã terá que ficar mais dois dias em barracas e adiar a volta para casa (correndo o risco, em alguns casos, em perder o trabalho).

• somado a tudo isso, existe a violência urbana. Vários relatos de arrastão no Rio e que COM CERTEZA vai acontecer em São Paulo também.

• CALMA, CHEGOU A CEREJA DO BOLO! 🍒A cantora foi flagrada por fãs mais atentos cantando por playback. Você sai da sua casa, come o pão que o diabo amassou,  para ver a artista bilionária colocar o Spotify no máximo para você cantar junto.

Como um sujeito me disse certa vez, “Deus colocou limites na inteligência humana, mas na estupidez não”.

- Celso Assis

16 de novembro de 2023

excelente quinta a todos

 

𝗙𝗼𝗶  𝗲𝗺  𝟭𝟵𝟱𝟲  𝗾𝘂𝗲 𝗼 𝗳𝗶𝗹𝗼́𝘀𝗼𝗳𝗼 𝗷𝘂𝗱𝗲𝘂 𝗮𝗹𝗲𝗺𝗮̃𝗼 
𝗚𝘂̈𝗻𝘁𝗵𝗲𝗿 𝗔𝗻𝗱𝗲𝗿𝘀 𝗲𝘀𝗰𝗿𝗲𝘃𝗲𝘂 𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗿𝗲𝗳𝗹𝗲𝘅𝗮̃𝗼:
′′Para  sufocar antecipadamente qualquer 
revolta, não deve ser feito de forma violen-
ta. 
Métodos arcaicos como os de Hitler estão claramente ultrapassados. 
Basta  criar um condicionamento coletivo 
tão poderoso que a própria ideia de revol-
ta já nem virá à mente dos homens. 
O ideal seria formatar os indivíduos desde 
o  nascimento  limitando suas habilidades 
biológicas inatas...
Em  seguida,  o  acondicionamento  conti-
nuará  reduzindo  drasticamente o nível e 
a qualidade da educação, reduzindo-a pa-
ra uma forma de inserção profissional. 
Um indivíduo inculto tem apenas um hori-
zonte  de  pensamento limitado e quanto 
mais seu pensamento está limitado a pre-
ocupações materiais,  medíocres, menos 
ele pode se revoltar. 
É  necessário  que  o  acesso ao conheci-
mento se torne cada vez mais difícil e eli-
tista... que  o  fosso se cave entre o povo 
e a ciência,  que a informação dirigida ao 
público em geral seja anestesiada de con-
teúdo subversivo.
Especialmente  sem  filosofia.  Mais uma 
vez,  há que usar persuasão e não violên-
cia direta:  transmitir-se-á  maciçamente, 
através da televisão,  entretenimento im-
becil,   bajulando  sempre o emocional, o 
instintivo. 
Vamos  ocupar  as  mentes  com o que é 
fútil e lúdico. 
É  bom  com  conversa  fiada e música in-
cessante,  evitar  que a mente se enterro-
gue, pense, reflita.
Vamos colocar a sexualidade na primeira 
fila dos interesses humanos. Como anes-
tesia social, não há nada melhor. 
Geralmente, vamos banir a seriedade da 
existência, virar escárnio tudo o que tem 
um valor elevado, manter uma constante 
apologia à leveza; de modo que a euforia 
da publicidade, do consumo se tornem o 
padrão da felicidade humana e o modelo 
da liberdade.
Assim, o condicionamento produzirá tal 
integração, que o único medo (que será 
necessário manter) será o de ser excluí-
do do sistema e, portanto, de não poder 
mais   acessar  as   condições  materiais 
necessárias para a felicidade. 
O  homem  em massa,  assim produzido, 
deve ser tratado como o que é:  um pro-
duto, um bezerro, e deve ser vigiado co-
mo deve ser um rebanho. 
Tudo o que permite adormecer sua luci-
dez,  sua  mente  crítica  é   socialmente 
boa,   o  que arriscaria despertá-la deve 
ser combatido, ridicularizado, sufocado...
Qualquer  doutrina  que ponha em causa 
o sistema deve ser designada como sub-
versiva  e  terrorista e, em seguida, aque-
les que a apoiam devem ser tratados co-
mo tal.′′
- Günther Anders -  A  obsolescência do 
homem de 1956.


7 de novembro de 2023

Noam Chomsky, New York Times - 8 de março de 2023

 


Sobre IA. Noam Chomsky.

"A mente humana não é, como o ChatGPT e seus semelhantes, uma máquina estatística, um  glutão para o reconhecimento de estruturas, que engole centenas de terabytes de dados e rouba a resposta mais plausível a uma conversa ou a mais provável a uma pergunta científica. ”
Ao contrário... a mente humana é um sistema surpreendentemente eficiente e elegante que opera com uma quantidade limitada de informações. Não tenta lesionar correlações não editadas a partir de dados, mas tenta criar explicações.
Vamos parar de lhe chamar Inteligência Artificial e chamá-la pelo que é: "software de plágio". "Não cria nada; copia obras existentes de artistas existentes e altera-o o suficiente para escapar às leis de direitos autorais.
É o maior roubo de propriedades desde que os colonos europeus chegaram a terras nativas americanas."

Noam Chomsky, New York Times - 8 de março de 2023

26 de outubro de 2023

Das Loucuras (Le Quatorze Juillet – musas, francês e chiclete)

 


Das Loucuras (Le Quatorze Juillet – musas, francês e chiclete)


Pessoa erra, pessoa muda; 

Pessoa berra, pessoa muda.

Aonde foi que li isso antes?

“Está tudo como dantes no quartel d'Abrantes”.


Dito-cujo que surge e soa na destoante de mim

Pois ontem sonhei com um colorido laço,

No lago, casa no mato, queijo Brie, Larson

E jazz, e uisquinho, e vinho tinto e afim.


Um Sol no arrebol se fazendo de machão girassol

E uma Lua – do nada – se fazendo de viada.

E na vida:

O que não era assim tão bom,

Continua assim não tão ruim;

Há algo ótimo para ser emoldurado,

Mas não gostei da moldura...

Achei quadrada.


Por não ter tido um passado Negro,

Talvez a vida tenha passado em Branco.

Sonha com a escuridão da salinidade no pélago

E inveja a utopia de um mundo franco.


Jogou a toalha,

Riu da toada,

Exigiu arrego...

Recebeu sua herança,

Goza de boa saúde,

Largou seu emprego...

Às 6 horas na praça,

Dando milho aos pombos,

Abraçando sua graça.


Enquanto a queda da Bastilha ferve

Em outro lugar alguns unem as mãos em namastê.

Se apurar a inspiração, alimentando a verve,

Viaja-se no tempo e chega-se ao cine privê.


Tudo junto e misturado, sobe e desce elevador...

A mente aperta o treze; aperta o seis; aperta o térreo,

A superstição abre mão do preconceito etéreo 

Da loucura em andamento – sem furor de causar dor...

A imaginação enterra tudo e vai direto a Gal Gadot.


André Anlub®

24 de outubro de 2023

 A poeta e romancista palestina Heba Abu Nada, autora do romance Oxygen is Not for the Dead (2017) - obra sem tradução para o português - , morreu sob bombardeio em Khan Yunis, na Faixa de Gaza, na sexta-feira (20), anunciou o Ministério da Cultura palestino.

Nos últimos dias, ela usava a conta no Twitter para se referir ao conflito instalado na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro.

"A noite da cidade é escura, exceto pelo brilho dos mísseis, silenciosa, exceto pelo som dos bombardeios, assustadora, exceto pela garantia das súplicas....", publicou a poetisa no dia 8 de outubro.



21 de outubro de 2023

Das Loucuras (tardígrados tarados no mamoeiro)

 



Das Loucuras (tardígrados tarados no mamoeiro) 


A traição se alimenta da importância dada pelo traído;

Se houver descaso, a traição morre de inanição.

Dentro desse raciocínio, dessa clara ação,

A clarividência torna-se obvia e o pavor da relação vai sumindo. 


Com as mãos nos bolsos, à procura de trocados

Andando pelo bairro, de birra, confuso e atormentado,

Segue o andarilho como uma caapomonga de praça,

Queimando neurônios, congelando a boca afogada na garrafa.


Cada um no seu quadrado, o livro foi aberto,

O poema é infinito, dá para vê ao longe e “ao perto”.

Os homens cantam um hino em homenagem ao húmus,

Que adubará à beça as cabeças, arrumando os rumos.


Tudo se intensificou

Na escrita largada no caminho.

As aves foram lendo,

Levando no bico

E partilhando no ninho.


A estratégia é, a longo prazo,

Atenuar o prazo de indecisão.

Também identificar o alvo,

Expor o estupor, o óbvio,

Arregaçar a manga

E pôr o açúcar no mamão.


André Anlub®

9 de outubro de 2023

 "homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que fez” 

- Jesus crucificado falando sobre seu Pai aos que assistiam sua crucificação no livro O Evangelho segundo Jesus Cristo



2 de outubro de 2023

Das Loucuras (morrendo e nascendo um par de vezes)


Das Loucuras (morrendo e nascendo um par de vezes)

Fez da vida um livro aberto, com letras garrafais;
Os segredos estavam dispersos, em linguajar popular.
Ao alcance de todos tudo do bem e mal que há...
Um tapa de luva de pelica nos boçais.

Em garrafas de café ou jarras de chá,
A tristeza nunca fez moradia – e nem há!
Numa ação vagarosa e tardia – porém a tempo -,
A saudade à mente é transformada em alento.

Numa canção de momento; num ré bemol ou dó sustenido,
No rosto cai o pranto singelo com cheiro de lavanda.
Reclama da poluição e coloca plantas na varanda;
Estranha o silencio da noite e ouve som com fone de ouvido.

É um interlocutor de si mesmo recorrente,
Quebrando correntes, queimando falsas posturas.
Não há estresse na distração da mente
E aos montes saem as suas escrituras.

Sorri um sorriso verdadeiro que guarda em cumbucas de gelo;
Aquece o coração com o calor de um sol inventado.
Desvenda o futuro com os moldes de seu passado;
Chora por um amor que ainda não existe – por medo de não tê-lo.

Assim carrega os seus dias, com noites no meio;
Insônia, pesadelos; sonho bom, desvelos...
Vive na justificativa de se adequar ao seu povo.
Todo fim não justifica os meios – e assim aguenta o tranco –,
Chega ao fim da pintura com a tela em branco....
E começa tudo de novo. 

André Anlub®

28 de setembro de 2023

excelente noite a todos

O ano é 1914. Anos da Primeira Guerra Mundial e agricultores que cultivaram "cannabis" em troca de dólares americanos... Lembre-se disto e continue a ler.

O cânhamo industrial não é apenas uma planta agrícola.

É um antídoto para o óleo e o dólar.

COMO É PROIBIDO?

👉1. Um hectare de cannabis produz oxigênio como 25 hectares de floresta.

👉2. Mais uma vez, um hectare de cânhamo pode produzir a mesma quantidade de papel que 4 hectares de árvores.

👉3. Enquanto o cânhamo pode ser transformado em papel 8 vezes, a madeira pode ser transformada em papel 3 vezes.

👉4. Cânhamo cresce em 4 meses, árvore em 20-50 anos.

👉5. A cannabis é uma verdadeira armadilha de radiação.

👉6. A cannabis pode ser cultivada em qualquer lugar do mundo e precisa de muito pouca água. Além disso, como ele consegue manter os insetos longe, ele não precisa de pesticidas.

👉7. Se os têxteis de cânhamo se generalizassem, a indústria de pesticidas poderia desaparecer completamente.

👉8. Os primeiros jeans foram feitos de cânhamo; até a palavra "CANVAS" é o nome que os produtos Cannabis ganharam.

O cânhamo também é uma planta ideal para produzir cordas, atacadores, bolsas, sapatos e chapéus.

👉9. Reduz os efeitos da quimioterapia e radioterapia no tratamento da cannabis, AIDS e câncer; usado em pelo menos 250 doenças como reumatismo, coração, epilepsia, asma, estômago, insônia, psicologia e rigidez da coluna.

👉10. O valor proteico das sementes de cânhamo é muito alta e os dois ácidos gordos que elas contêm não estão em nenhum outro lugar na natureza.

👉11. A produção de cânhamo é ainda mais barata do que soja.

👉12. Animais que comem cannabis não precisam de aditivos hormonais.

👉13. Todos os produtos de plástico podem ser produzidos a partir de cânhamo, e o plástico de cânhamo é muito fácil de voltar à natureza.

👉14. Se o carro for feito de cânhamo, será 10 vezes mais forte que o aço.

👉15. Também pode ser usado para isolamento de construção; é resistente, barato e flexível.

👉16. Sabonetes e cosméticos feitos de cânhamo não contaminam a água, por isso são completamente amigos do ambiente.

Na América aos 18. século, sua produção era obrigatória, e os agricultores que não produziam foram fechados. Mas agora a situação virou de cabeça para baixo. DE ONDE?

👎-V. R. Hurst possuía jornais, revistas e meios de comunicação nos Estados Unidos no século XIX. Eles tinham florestas e produziam papel. Se o papel fosse feito de cânhamo, ele poderia ter perdido milhões.

👎-Rockefeller era o homem mais rico do mundo. Eu era dono de uma companhia petrolífera. Biocombustível, óleo de cannabis, era, claro, o seu maior inimigo.

👎-Melon era um dos principais acionistas da empresa Dupont e tinha uma patente para a produção de plástico a partir de derivados do petróleo. E a indústria da cannabis pôs em perigo o seu mercado.

Melon mais tarde tornou-se ministro das finanças do presidente Hoover. Estes grandes nomes de que temos estado a falar nas suas reuniões decidiram que a Cannabis é o inimigo e removeram-na. Através da mídia, eles gravaram marijuana no cérebro das pessoas como um veneno, juntamente com a palavra marijuana.

As drogas para a cannabis foram retiradas do mercado, substituindo pelas drogas químicas usadas hoje.

As florestas são cortadas para produzir papel.

Envenenamento por peste e cancro estão a aumentar.

E então enchemos nosso mundo com lixo plástico, resíduos nocivos..

22 de setembro de 2023

Excelente final de semana

                                                                Gustav Klimt - Judit I


Das Loucuras (vive dizendo que isso e aquilo...)


Segue consigo conciso dos crepúsculos às auroras,

Mas é impreciso no tiro, na escultura, na fôrma e forma...

Quer trocar a flecha por dois trilhões de metralhadoras.


Um dia sim e outro também – isso é icônico –,

A labuta passa a ser sua dona...

Essa é sua forma de viver – doido adoidado –,

E assim seu fardo é lacônico...

Agora, pode-se dizer que logo mais os seus anseios

Ficarão ainda mais anabolizados.


Sigo seguindo o fluxo do meu desleixo,

Continuo no contínuo da existência – choro e sorrio,

Sou preciso no que não quero,

Mas o que desejo, ao vento eu deixo.


Invento hobbies e crio paixões, 

Às vezes até moldo limitações...

Fortaleço-me e obedeço

Fielmente as minhas ações.


Não me torno falso,

Torno-me um Eu que surfo no meu rio;

Assim sou do Rio - quente e frio -,

Sou do Ceará e desse momento...

Tentando ser água, fumaça,

Vitória e fracasso,

Latão ou aço...


Mas – na medida do possível – preparado e atento

Para o que surgirá no amanhã, no próximo passo. 


Com café expresso, expresso experiências,

Conseguindo me expressar como posso.

Nem aves em gaiolas, nem uvas no cacho,

Acho que no jardim tem hortênsias...


E as boas e belas adormecidas,

Posso ouvi-las – nada mal,

Nesse momento o cantar

Remete-me a Diana Krall.


Tento ouvir de tudo,

Pois tudo é eco no beco escuro de um poço.

Vossa Excelência fez a carne,

Moldou a alma e fortaleceu o osso.


Alguém fez esse mundo com esmero,

E pitadas de loucura e envergadura.


Surge a esperança, e espero

De tal maneira para mim, de outras tantas ao povo,

Que luta, labuta,

Descansa, dança e faz trança, 

Pinta o rosto

Firme no posto

Para o combate da vida dura.


André Anlub®





Vídeo do instagram de Atiashuynh (Alessandra Huynh)

Das Loucuras (os Sumérios, os sumidos)

Vivendo no ostracismo,
O seu trabalho é dar a si trabalho
E sempre foi muito bom nisso.
Espera por soluções com otimismo,
Mas também corre atrás do prejuízo.

A vida lhe dá coices
Mas permite que se monte nela.
Mesmo com chuva, sol, balas perdidas,
Deve-se sempre arriscar abrir as janelas.

O excesso ou a falta de dinheiro,
Costuma enlouquecer as pessoas...
E ele já viu essa cena centenas de vezes.
Seu coração pode ser de pedra, de pó ou amigo,
É só ter compaixão, empatia, zelo.

Mudando de pau para cavaco:
A vida a todo o momento se repete
E as coisas vão bem para seu cavalo...
Nesse instante está curtindo Andrea Motis no trompete
E anda com motivos de querer ficar apaixonado.

Amores vão; amores vêm; amores ficam...
São como sonhos bons
Que acabam e te fazem querer bis.

A vida dói e afaga,
A faca amolada corta, fere,
Mas também prepara delirantes pratos – é o que se diz.

André Anlub

16 de setembro de 2023

Das Loucuras (die versagung)




Das Loucuras (Mais tubo ação)


Eis que surge como ofício

Alargar na fechadura o orifício

Arruma o meio dentre o fim e o início

Faz da admiração o hospício.


Afim a todos, afim até a mim

Iça, acende e segura vela

Enfim fará o fim

Se te virem a fim

Beijando uma fria tela.


Nada incomum ou insana é sua gana

Até ser platônico não é coisa rara

Quando é De Armas a Ana 

E a Delevingne de Cara.


André Anlub


Das Loucuras (die versagung)


Nessa terra do sempre fiz meu pomar florido,

Vendo e prevendo seu rosto risonho;

Nesse caso olha-me com carinho e ironia,

Renovo a compaixão a cada novo dia.


Pinto, escrevo e canto o desejo

Em bons e breves sonhos e lampejos...

Jogo mil sementes distintas;

Vario vadio nas músicas, papeis e tintas.


Há de se tornar verdadeiro;

Há de me diferenciar dos fantoches...

É terra do sempre, terra do nunca;

É terra do seu céu e chão, sem pretensão ou deboche.


Amor ambíguo às vezes é sólido, é só, é vivo, é morto;

Um “s.o.s” para essa ardor implacável que impacta ao não;

Estigma na alma, na calma, na aura, no conforto...

Memórias de cartas ainda não escritas, incineradas de antemão.


Vasto projeto de uma união protegida, mas assolada,

Focada em telefonemas que nunca foram desligados na cara.

Tudo é líquido e liquida nossa linguagem quase em linguafone...

A fome de estar junto junta com a falsa fama e a verdadeira tara.


Amor que circula – cicuta –, que se escuta do céu ao chão;

E é minha sombra que me assombra no tudo e no nada...

Alma lavada, corpo quase no esgoto – emboscada.

Meu pensamento em seus olhos... E lá estão.


André Anlub®

15 de setembro de 2023

Das Loucuras (o voo e o pouso da coruja de Atena)


Das Loucuras (o voo e o pouso da coruja de Atena)

E a inspiração mergulha profundamente num cio...
A infalibilidade da coruja ao perceber sua essência,
Na metáfora proposital da “inteligência vazia”,
Deixa todos como num sonho – invídia –, a ver navios.

Segue sua vida na humildade da experiência,
Hoje se vai, ao contrário de um passado “dia do fico”...
Assimilando a lógica e logicamente, assim, mirando
E calando modestamente o bico.

O voo pela vida não é alto, pelo contrário,
É extremamente profundo.
Entra num túnel confuso, arbitrário,
Flerta com o mundo, o submundo e o sobre mundo do tudo. 

A coruja é faceira de infinitas faces,
E fazes que fizeram, fazem e farão feitos infindos.
Abre as asas e defeca nos trastes,
Agarra com suas garras e beija os bem-vindos.

Ao som de Charlie Parker passeia no parque,
Delicia-se com a delicia de ser quem é – à vontade!
Tudo que ensinarem está de bom tamanho – é de praxe...
É receptiva ao aprendizado; é devoradora de detalhes.

O pouso bem suave numa jam session é seu lema,
Seus ouvidos agradecem todo esse afago.
Por hoje basta de sacanagem, capricho ou moralidade...
Amanhã lubrificará as engrenagens para o Sistema.

André Anlub®

 

Excelente final de semana

 Lyudmilla Pavlichenko


Abateu mais de 500 inimigos, 309 reconhecidos de maneira oficial sendo 36 snipers alemães. 

As mulheres foram peça chave para a vitória Soviética e a consequente derrota de Hitler.

"-Quantos homens você matou?

- 309. E não eram homens, eram fascistas."

31 de agosto de 2023

Das Loucuras (1994, Copa, 1 da matina – arrebatamento)


Das Loucuras (1994, Copa, 1 da matina – arrebatamento)


A quietação da sagrada inspiração 

E o surreal e o real do imaginário

São sombras no caminhar solitário...

Mas que também pode ser que não.


Olho de soslaio um ser estranho vindo na outra calçada

A visão é alçada às ideias de sair da situação.

Franzo a testa e o que resta é descontração...

Pois ali fui criado, conheço as flores e os buracos

E esse saber está longe de ser nada. 


A solução do problema pode estar

Ao deixar de tentar pegar

Uma das visíveis e infinitas estrelas no céu,

E se contentar em pegar

Uma rara estrela do mar.


Pronto, o pensamento se perdeu na musa...

E no seu olhar há luz além dos calvários,

Vê-se onde o sossego descansa,

Vê no preconceito a repulsa.


Lido, ledo engano – felicidade...

É madrugada na minha cidade;

Alma drogada, não quer saber de nada – nunca quis...

Contorno de álcool, coturno, casaco e algo...

Tudo misturado com parafernálias vis.


Há algo que se possa fazer,

Mas é dar continuidade ao nada.

Quiçá exista a paz no que apraz – sacou a sacada?


Mas nunca ficou em pé – de guarda em seu posto,

Vigiando para os outros não saírem dos armários;

A ganância por detrás da máscara em seu rosto,

É problematizar problemas – inventar inventários.


Vem musa, me salvar desse “ouroboros”

Vem sorrir, expor o profícuo do que pra mim é finito,

Pois sou herói em meu sonho – e na real um tolo.

Nem leite nem bolo – só veneno – senão eu vomito.


E ela realmente veio...

Permanecendo ainda uma herança – sua sina...

De ter na alma o solidário – fazer bonito,

Estendendo as mãos aos que estão na latrina.


No coração há o transbordo do amor...

E as correntes ela abandona à dor.

Não há confisco, tampouco atrito,

Enfim, amores aprumando-se nas esquinas,

Do ser livre, do livre arbítrio.


André Anlub®

 

26 de agosto de 2023

Das Loucuras (Tarde de sábado)


Das Loucuras (Tarde de sábado)

O estreito furo do observador
A galinha ciscando no quintal
Tal de etc. de afago e dor
Enquanto a enfermeira prepara o mingau.

O que há dentro de nós?
Uma guerra sem fim;
Uma festa uníssona...
Aquele algo além do passível, enfim:
Tudo que se faz combustível.

É como se os verões quisessem sair,
Alavancando novos rumos,
Flertando com o ir e o vir,
Um futuro além de seus túmulos.

Então, enquanto o incenso invade a casa
Falsificando o cheiro puro do jasmim.
Para recomeços sempre será tarde criar asas
Se a cicatriz não se torna tatuagem assim.

Inícios, recomeços, medos, a rocha frágil, veeiros...
A roupa rasgada lavada; o pássaro preso ao viveiro.
De dia aquele clarão que põe à prova a coragem,
De noite a engrenagem que se quebra na cegueira do covarde.

Pés pisando em pequenos cascalhos,
A maresia, a adrenalina, a música e a sacanagem.
O pensar vago enquanto vagueia nas imagens
Numa bela praia do acaso;
Numa pintura de tarde de sábado.

André Anlub®


 

23 de agosto de 2023

“Forçação”


“Forçação”

Eis um louco tempo que no deserto navegarão os barcos
Oceanos de destrezas na nova era do acertado
Anseio excessivo coloca tempero naquilo e nisso
E o intuito e o compromisso deixam de ser opacos

Tentando não se afogar nas águas da besta-fera. 
É sexta-feira, dia de um sextar alado

Até outro dia uma mão engessada
A mola era a aflição que hoje se encontra enterrada
Um zen, o tal; um bem, o mal
Há de sambar em cima depois da última pá de cal.

O antigo sorrindo ao novo – toada e aterramento
A terra chora, a enxada dança – o coro come
Nova estrutura se levanta – novo momento
Planeta dos macacos; o extraterreste é o bicho-homem

Tudo, mas absolutamente tudo ao mesmo tempo na cachola.
Os bombeiros colocam fogo no parquinho
Nos vemos em novas letras, velhos desígnios
Até mais, já está na hora; até hoje, até agora
Vivendo a prendendo em novos e antigos caminhos.

André Anlub 
(23/08/23)

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Das Loucuras (vivendo ainda em construção)

Feições alegres em refeições fartas,
Farpas furando pés, ao pé da letra. 
O prego enferrujado na sola do sapato,
O emprego da palavra certa
 É o incerto do desempregado.

Dois dedos de pinga
E pingam suor e sangue adoidado,
Nesse corre e corre,
Nesse corte sem cura
De revanchismos baratos.

Segura essa:
Assegura alguém que essa história termina bem,
Sem abismos...
Contudo, mesmo com tudo e todos, 
Há os pessimismos.

O chefe Apache faz o de praxe:
Incendeia a rima...
A tribo só confirma, é o disfarce.
Ninguém aproveita a sombra
Do coqueiro solitário na ilha...
E nós aqui, vendo os meus lábios tatuados
Na sua virilha.

Na boca do lixo o grito do absurdo,
A prensa que é a pressa que faz a prima...
Mas no nosso caminho há silêncios,
E indícios de areia movediça...

Às vezes o tiro é à queima roupa,
E sempre isso pouco importa...
Agora está você roubando a maresia
Que antes refrescava as minhas hortas. 

Saudosismo que nocauteia as memórias,
Inventando absolutos do submundo...
Estou eu, doentiamente organizado
Na bagunça de vitórias e derrotas.

A jiripoca pia; a pele arrepia,
E tudo sempre esteve escrito...
Foi para ser assim – foi para ser infinito...
Mas é tão obvio, pois não pode ter fim
Onde jamais houve começo.

Na morte não sabemos
Se a escuridão nos abraçará...
Mesmo assim me olho no espelho
E com esmero
Penso em mim, em Roma, em Nero
E o que for que seja, será...
Eu mereço.

André Anlub®

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.