30 de dezembro de 2018

Minha imaginação inventa




Minha imaginação inventa

Apenas achou o caminho
nem louco, nem santo
fez casa como João de Barro
falou línguas, tirou sarro
cantou melodias famosas
outras nem tanto.

Os caminhos ardilosos
que evitam os precavidos
são vazios, nada faceiros
sem amores, sem anseios
e a rotina asfaltou.

Nas estradas abstrusas
com alcunha de “caminho”
passa o birrento
passam o forte e o neutro
passam nuvens de feltro
num céu azul marinho.

Alguns tolos de exposta lamúria
escalam montanhas de fogo
vulcões que são seus espelhos
na realeza da calúnia.

Mas na sinceridade da entrega
o amor que mais alto berra
tocando a ponta da estrela
na penúria da cratera
na adaptação do obstáculo
diz-se a avenida da espera.

Arrisco-me nessa rodovia
na jornada bela e florida
com brisa que forte venta
com tulipas e margaridas
que minha imaginação inventa.

André Anlub®

28 de dezembro de 2018

Doido adoidado


Doido adoidado

Nas manhãs o sol piegas me prega uma peça:
Se esconde atrás de uma nuvem
E torna ainda mais glacial a água da cachoeira.

As novas selvas não são anfitriãs,
São as selvas de pedras e as de podres.
Vejo deusas anãs;
Vejo duendes gigantes.

Estou estafado; estou estufado; estou estatelado
Muita pimenta no pirão; muito pernil com paçoca...
Mas o pulso ainda pulsa.

Já contei algo assim, fatos mais que conhecidos;
Já debati mentindo; já me bati me debatendo.
Enganando a escória pisei na Lua e corri em Marte,
Fiquei corado e fui coroado um mártir maluco.

No final das contas,
Joguei os dados:
Fumei ópio no hospício,
E doido, 
Deu para mentir adoidado. 

André Anlub

26 de dezembro de 2018

Como nasce a inspiração (Noite de 13 de maio de 2015)



Como é bom gente simples, leal, aberta, 
que acerta e às vezes erra; 
gente que é o que é, e faz o que vier na telha; 
gente que bebe água ou uísque 
ou cachaça ou café 
no copo velho de geleia.

Como nasce a inspiração (Noite de 13 de maio de 2015)

Os mestres vieram prestar suas condolências; morreu à tarde, em um final de tarde majestoso, o sol fantástico, que esquentou muito bem o meu dia. Morreu mergulhado em um alaranjado dégradé com um vermelho vivo com tons de amarelo e abóbora, e com direito a uma revoada de periquitos nervosos e gritantes... Simplesmente algo estonteante. Maré mansa; é assim que estou. Ouvindo um som antigo, Pink Floyd e o álbum “Animals”, um dos primeiros LPs deles que tive. Deixo-me levar nessa maré da calmaria e serenidade. A inspiração pelas tintas e desenhos anda me cutucando;  hoje tirei um tempo para fazer uns desenhos para um trabalho em um livro, no qual farei uns traços para ficarem abaixo do texto, e acabei rabiscando horas e horas. Acho que é assim que funciona com o Deus inspiração; ele levanta de seu trono, coça os testículos, pega seu cajado de ouro branco, que tem uma espada em aço raro, embutida, camuflada, e anda com aquela pança um pouco grande e seus dois metros e meio de altura, com uma roupa branca, com uma capa enorme que corre pelo chão feito um rio de leite; tem uma grande barba  e cabelo ruivos, as mãos cheias de anéis com diversos símbolos de guerra e de paz; anda descalço com duas pulseiras em cada tornozelo, cada qual carregando pingentes e dentes de saber e outros animais; ele anda calmamente, com o olhar plácido que sai de seus olhos hipnotizantes – um escuro como o breu mais profundo e o outro metade laranja claro e outra metade verde esmeralda – e ele segue resmungando baixo até a sala com as portas grande de madeira talhada e que ficam sempre abertas. Antes passa na cozinha e pega uma coxa de avestruz, enorme e suculenta, pega um cálice de vinho e continua sua caminhada, passa pela porta até chegar a um imenso salão, com telas desde bem pequenas até as gigantes, com mais de trinta metros; há tintas, um teto feito a Capela Cistina, também pintado por Michelangelo; há o chão colorido, cheio de penas de asas de anjos e restos de aquarelas e tintas ressecadas, alguns borrões e pingos ainda em fase secante; há marcas de pés e pagadas para todos os lados, rastros de cobras, pincéis de todos os tipos e tamanhos; ao final da sala encontra-se uma enorme janela e uma grande luneta, onde Anjos observam os funestos homens mundanos e suas pressas, de lá para cá. E de lá de cima escolhe um e outra ou outros, prepara sua flecha invisível, em formato de pena, de mira impecável, e de modo inesperado, ou nem tanto, atira e com certeza acerta seu alvo pelas costas... Assim o faz nascer e acordar à inspiração. 

André Anlub 

25 de dezembro de 2018

Haikais



1 #
Belo domingo
Pinta a selva e voa 
Feliz pintassilgo



2 #
Lápis e folhas
A cachaça de rolha 
Lua de sempre



3 #
São poesias
Fazem crescer as flores
Beijam o dia


4 #
A alma calma
Todo um corpo amor
É vida feliz



5 #
Sim, moro em mim
Costumo fugir de casa
“Poète Maudit”



6 #
Arte além do céu
Arco-íris de pura fé
Tintas no papel


7 #
Águas nervosas e lindas
Descendo a colina
São delas, tuas, minhas


8 #
Na manga um “ás”
Faz mágica com a vida
“Bon vivant” que apraz 

Andre Anlu

FUNK ANTIGO REGISTRO





Minha imaginação inventa


Por um Natal com mais Amor!


Minha imaginação inventa

Apenas achou o caminho
nem louco, nem santo
fez casa como João de Barro
falou línguas, tirou sarro
cantou melodias famosas
outras nem tanto.

Os caminhos ardilosos
que evitam os precavidos
são vazios, nada faceiros
sem amores, sem anseios
e a rotina asfaltou.

Nas estradas abstrusas
com alcunha de “caminho”
passa o birrento
passam o forte e o neutro
passam nuvens de feltro
num céu azul marinho.

Alguns tolos de exposta lamúria
escalam montanhas de fogo
vulcões que são seus espelhos
na realeza da calúnia.

Mas na sinceridade da entrega
o amor que mais alto berra
tocando a ponta da estrela
na penúria da cratera
na adaptação do obstáculo
diz-se a avenida da espera.

Arrisco-me nessa rodovia
na jornada bela e florida
com brisa que forte venta
com tulipas e margaridas
que minha imaginação inventa.

André Anlub®

23 de dezembro de 2018

O importante é ser


O importante é ser

Fácil, ligeiramente improviso, mas previsto – falado;
É num estalo que se constrói um “bom dia”.
Um passo importante é fugir de maldosos achaques,
Mergulhando em sonhos e abandonando o ser ilhado.

Sabe-se que não há nada melhor que um dia após o outro...
E como adereço: uma boa garrafa de vinho entre os dias;
Sabe-se que a leitura abarca a mente, a retira da preguiça,
Desfazendo-a do pensamento de espelho, copiado.

Vêm letras dançantes ao som do que vier na manhã;
Sempre criam, pintam, esculpem e dão brilho em um novo casco robusto:
- lusco-fusco, hilariante.
É absurda, mas a receita é sonhar com simplicidades: 
- empanturra o rechonchudo.

São férias? São sérias? O importante é ser;
Os olhos tremulam e o coração bate mais forte pensando em você.
Deixo aqui a prova que renova o que vou assinar,
O amor estava no ar, estava no coração, na mente, atrás e na frente...
Agora, em tudo.

Não sei se é assim que deveria ser,
Mas é assim que é
E o importante é ser.

André Anlub®

Verso Vadio


Dueto
Verso Vadio
Marçal Filho/André Anlub
Minas/Rio
03/04/12

Meu verso sorriu um riso falso
brincou de ninar a inconseqüência
talvez por clemência, desceu a ladeira
sem eira e nem beira criou alternância.

Aos passos ébrios com deselegância
se fez de coitado sem chamar atenção
nessa contramão de portas fechadas
avistou a fonte da casta inspiração.

Então desinventou a seriedade
zombou da vaidade só pra divertir
com passos trôpegos fez-se de rogado
e deixou de lado o que queria sentir

Adotou a alcunha de anjo caído
olhos de fogo e essência de desatino
mas mesmo sendo um abandonado menino
ficou grandioso para um bardo estimado.

21 de dezembro de 2018

Ótima sexta rapaziada nota mil!




Papai está indo colocar a ração dos guris peludos. Mas o que será que isso quer dizer?
(manhã de 24 de julho de 2015)

É o começo da sincronia, da chama que vem do chão e sobe lentamente pelos pés, calcanhares, pernas, quadril e chega ao peito queimando, ardendo, apertando em demasia até o estouro final que ecoa ao cérebro. São fogos de artificio lançados de um poço fundo e saindo em mil cores naquela noite de dores, deixando tudo iluminado e belo. E a veemência? Está por toda a parte, nas asas batendo de um anjo caído, nos olhos vermelhos de um dragão que bebe a água de um rio e logo em seguida cospe um fogo sem fim. E o surreal da realidade com venda nos olhos atravessa aquela avenida movimentada em passos loucos de lentos, andando de lado e de marcha à ré. O liquido escorre de todos, o sangue nunca foi pouco; a avareza esconde tesouros que são achados tão facilmente aos de alma pura. A notória loucura das palavras faladas, a real estatura do gigante anão que vive em outra dimensão, um mundo paralelo, um elo perdido senão o elo de sempre nas mentes confusas. É o final da sincronia, ela está em sincronia então não há mais nada a ser feito. Deixam os relógios atrasarem, o arroz queimar, o ar rarefeito e os trejeitos do cavalheiro nu; para que tudo comece novamente, para que os dentes cariados sejam tratados e as rugas nos olhos nos mostrem vivência. É o fim, é o começo, é a memória do que se esquece em cada amanhecer. Abro a manhã e vejo tudo novamente; o cenário não está de outra forma... Eu é que vejo com outros olhos; com olhos curiosos, duvidosos e nada eloquentes.

André Anlub

Natal é simples, ou deveria ser...
O amor espalhado por igual
feito semente voando ao vento.
Cresceu a árvore com mais frutos do que outra
é só alma solta que quer ser repartida.
Espalha-se a vida por solos vizinhos
divide-se o pão e multiplica-se o vinho...
Nada jamais ficará à toa
com amizade, carinho e doação...
Há uma mão estendida e um doce coração
há milhões! Só fazer acontecer.
União deve ser palavra intensa e gigante
que nos cobre e faz montante
nos aquece em comunhão.
Natal é simples, ou deveria ser...

André Anlub®


20 de dezembro de 2018

Excelente quinta


(releituras)

Vou degustar outros ares,
Novos mantras e músicas,
Devorar os segredos,
E digerir o dom.

Vou esculpir o vão
E redesenhar velhos mares,
Fazer da vida um folguedo
Num real sonho bom.

Vejo o ser montanha russa,
Dando tapa na fuça da depressão.
Vejo a beleza em rubores de fúcsia,
Sendo cor ou sendo flor,
Sempre adoração.

Falam de bailarinas,
De estrelas cadentes e flores.

Falam de amores,
De destinos, esquinas,
Borboletas e odores.

Mas poucos falam do artista,
Em seu mergulho no meio,
Sem medo e sem freio,
Num oceano de caos.

E ao unir os extremos,
Teremos, sem pressa,
A composição de um poeta,
Que beija na cópula,
O corpo e a alma
Do bem e do mal.

Ficaríamos a eternidade,
Ponderaríamos em múltiplos dialetos: 
Esperanto, mimica, outra louca,
Canto dos anjos, sinais de fumaça,
Em puras línguas e raças,
Dos baldios ou espertos
Até além da imortalidade.

Mas salivas não seriam gastas à toa,
Expondo as qualidades extremas
Da força da inteligência,
O poder do ventre e da cria
Ecoando ao vento e ao sempre.

A voz que nunca é pendente,
Nesse momento presente
Agarra a unhas e dentes
O direito de expor ao planeta
O que das mulheres pertence.

André Anlub



19 de dezembro de 2018

Imensurável





Imensurável poeta (Vininha)

Vem o brilho em sonetos, sonoros versos
Excesso em talento, boteco e afeto.
Vem à letra na essência expondo a maravilha
Na trilha do fulgor, garota de Ipanema.

Surgem poemas libertinos, divertido menino
Há partituras com antigos - novos amigos.
Surgem emoções que fervem no imo
E no pacto da vida - do cego ao lince.

Imensurável Marcus Vinícius
Escrevia o rito e o reto em tortas linhas.
Poetinha, poeta, escritor de aço
Compositor, dramaturgo
Diplomata, jornalista.

Foi-se a chama, ficou o legado
Engrenado em livros de poesia viva.
Há o eco em noites que a leitura cura
Há doce loucura de um imortal amado.

André Anlub®

Excelente quarta aos nobres amigos


Via: pazeequilibrio

REFLEXÃO DO DIA 🧠

Aos 20: ibuprofeno. 
Aos 25: omeprazol. 
Aos 30: rivotril. 
Aos 35: stent.

Uma estranha geração que toma café para ficar acordada e comprimidos para dormir.

Oscila entre o sim e o não. ⠀
Você dá conta? Sim. 
Cumpre o prazo? Sim. 
Chega mais cedo? Sim. 
Sai mais tarde? Sim.

Mas para a vida, costumava ser não:

Aos 20 eles não conseguiram estudar para as provas da faculdade porque o estágio demandava muito.

Aos 25 eles não foram morar fora porque havia uma perspectiva muito boa de promoção na empresa.

Aos 30 eles não foram no aniversário de um velho amigo porque ficaram até as 2 da manhã no escritório.

Aos 35 eles não viram o filho andar pela primeira vez. Quando chegavam, ele já tinha dormido, quando saíam ele não tinha acordado.

Às vezes, choravam no carro e, descuidadamente começavam a se perguntar se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.

Por um instante, chegavam a pensar que talvez uma casinha pequena, um carro popular dividido entre o casal e férias em um hotel fazenda pudessem fazer algum sentido.

Era uma vez uma geração que se achava muito livre.

Só não tinha controle do próprio tempo.

Só não via que os dias estavam passando.

Só não percebia que a juventude estava escoando entre os dedos e que os bônus do final do ano não comprariam os anos de volta.

(Nayara Hoffmann)

18 de dezembro de 2018

É mentira


Se habituar a tudo na vida: flexibilidade;
Se habituar com constância: comodismo. 

É mentira

Ouço aquele antigo e famoso soneto; 
Aquele soneto penoso, faceiro e genioso.
Criou um rolo que rola pela rua ao desígnio;
Sopro do delicado açúcar que soa e sara como seiva na sua nuca.

Vou fingir ressentimento, pirar e respirar o mais fundo possível...
Vem passando o caminhão do fumacê.
Faça como fiz: coloque seus espertos óculos espelhados
E vire um servo que serve de espelho aos cabelos despenteados dos amigos.

Lá vem ele de novo!
- enganou-se o bobo na casca do ovo.

Teve tal sujeito sem jeito para quase nada,
Mas que fez cabana na colina.
Colhia taioba e fazia um refogado supimpa.
Tal homem babava – bebia sidra e dormia cedo, sonhava muito e muito sorria...
Era gente boa, boa bica, de boa índole – dependente de sol e insulina.

Lá vai ele de novo!
- é mentira!

André Anlub

17 de dezembro de 2018

O ser 2000




Coloco nosso “amor” ente aspas
Para que em cada dia que nasça
Possa ter uma definição diferente. 

Sei o sentido da vida! 
Mas pego caminhos errados só para me divertir.

O Ser 2000

Nasceu mais uma bomba relógio
O rebento prodígio atual feito de negação
Pólvora circula nas veias desse ser biológico
Pronta entrega de emoção

Expondo tudo e todo sentimento
A todo momento, a todo lamento
O torno apertando seu cérebro
Célebre pessoa de mãos dadas com seu sofrimento

Escorre por todos os seus dedos
Essa animação que outrora desanimada
Do nada mais uma semente germina
Mas que acaba por dar em nada

Acabou o sonho e com ele vem o pesadelo
Ecoam no céu gritos de infelicidade
A normalidade é mera conjectura
O caos é pura formalidade

Hoje é um dia comum
Defecam em um povo pobre uma bomba
Um Deus qualquer para causar discórdia
Um outro para o próximo afronta.

O Ser 2000 (Parte 2)

Estou aqui e pronto
Estupefato com o fato
É assim a bola poluída
Me largaram nessa ralo.

Nasci para fazer volume
Excesso de contingente
Ta lotado de estrume no mundo
Pensando e fingindo ser gente.

E a camada de ozônio?
E a massiva perda do hormônio?
Tudo enferrujado e imundo
Onde se compram os neurônios?

Um botão para acabar com isso
Urânio solto no ar
Um sorriso, um compromisso
Flatulência da bomba H

Acabar de vez com essa bola
Jogar fora todo esse lixo
Matrimônio do errado com a escória
Terra de gente virando bicho

André Anlub®

16 de dezembro de 2018

Rabisco sem nome


Rabisco sem nome

Conforme a idade avança,
A trama da peneira vai ficando menor. 
Saímos do irracional e do voo de Ícaro
E adotamos o uso de mais lógica e pés no chão. 

Amar é lindo, sem dúvida,
E colore os dias ter amor para viver...
Mas há de se ser mais zeloso com si próprio
Pois não há mais tempo a perder.

Dança a medusa, por dentro dos oceanos,
Com sua beleza insinuante e perigosa.
Num viver obtuso, segue solitária e misteriosa.

Vai meu conforto no contorno de uma folia,
Que abraço com meus escritos, dia após dia.
É tudo, senão a realidade que não aceita mais sobejos.

Descobri-me, podei-me, me conheci e me desejo...
E em todos os sentidos perdi peso.

Um conselho é um conselho,
Mas às vezes soa como um berro...
Que lustra fatos passados e que nos distrai de atos recentes – vácuo.

Enfim, cai-se na armadilha de passar verniz na parte de baixo do taco...
Então se cria uma alva bola de neve,
De nuvem,
De névoa, 
De nervos e de erro.

Não há razão,
Mas há sonho perambulando a memória recente.
É bom,
Pois o ritmo da vida quer e requer distração.

Olho-me com gosto no espelho
E vejo que a cicatriz da testa ficou mais evidente...
Sinto que poderia até sentir-me um demente,
Mas como me conheço e é de lince minha visão,
Permito-me criticar-me,
Dar-me, ou não, razão.

Colocaram mudas já crescidas de Léia rubra,
Na varanda da imensa casa verde à frente.
O cão, o Tony, um labrador caramelo,
Passeia de um lado ao outro contente.

A vida segue, e eu sigo nela,
Sou sentinela dos meus feitos.
Costuro a mão meus farrapos,
Coloco tinta na aquarela. 

André Anlub


14 de dezembro de 2018

A escolha


A escolha

Milhões de besouros deslumbrados aos brados,
Nutridos e alienados;
Som hipnotizante, atemporal e famigerado.
Fotos estampadas em revistas,
Jornais e memórias,
Fazem da nossa história um pouco mais abençoada.

Mas tudo muda ao toque do botão...
Muda ou fala na opção escolhida,
Rompe-se a bolha e abre-se o inventário...
Por cada um, por cada muitos...

Não quero mais besouros pela sala,
Quero ouvir pedras rolando descendo o calvário.

André Anlub®

Corsário sem rumo



Corsário sem rumo

No seu sorriso mais doce
Dá-me o sonhar acordado
Nau agridoce ancorada
No porto seguro de um réu.

O cerne mais íntimo partilhado
Como alado cavalo ao vento
Coice pra longe o tormento
Traz na crina o loiro do mel.

Mil flores a pulsar na razão
Vil dor e jamais compunção
Cem cores permeiam na libido 
Sem rumo nem rum no tonel.

Pirata na dádiva do amor
Com a bússola do autêntico anseio
Nem proa, nem popa, nem meio
Voando em direção ao seu céu.

Andre Anlub

Enxugando os Prantos (parte II)



Enxugando os Prantos (parte II)

Os homens levaram a melhor, restauraram sem piedade os próprios corações...
As nuvens, no gritante azul piscina do céu, ficaram devidamente alinhadas.

Aqui, ali, todos esqueceram que previram a tempestade que jamais se formou;
Vestes novas, bebidas aos litros e litros, frutas raras e frescas abocanhadas...
E nas madrugadas uma surreal lua fluorescente.

Como plano de fundo: 
Casais e seus calorosos corpos colados, sorrisos aos montes e seus extensos beijos;

No plano mais à frente:
Crianças corriam felizes, brincavam com brinquedos de madeira e não se fantasiavam de adultos... e não aconteceu o absurdo das águas se tornarem doces e estragarem os dentes.

Aqui, ali, a mais completada ordem;
Muros e rostos pintados com coloridos belos, sem o grafite nervoso da política e o esboço de um papel impiedoso.

Em breve os cárceres seriam demolidos, pois jamais tiveram serventia...
Museus de coisas que não existiram... expostos à revelia.
A luta por tudo e a luta por nada, nessa mesma madrugada de lua brilhante.

Enfim, todos na espera da alvorada,
Ainda mais o amor...
O sol nascerá irradiador, e de fato de um parto;
O cordão umbilical nos dará a chance de alcança-lo de fato... 
Tudo no imaginário – possível – no imaginário.

André Anlub®

Morrem as abobrinhas



Morrem as abobrinhas

Venha, chegue mais perto,
Quero sentir seu hálito delicado e forte. Sopro de amor.
Agora chegue ainda mais perto e cole seu nariz no meu.

Quero entrar nos seus olhos, no mar infinito
E no universo negro e mágico onde tento ver o meu rosto.
Digo em alto e bom som como é bom.
Quero sempre fazer parte dessa história. É salutar.
Mas periga ser um vício.

É no início, na essência, onde bulo e reviro a memória.
Vejo que nessa guerra vale a pena lutar.

Ninguém vai nos dizer o que devemos fazer,
Nunca mais - não, não!
Com o certo ou o errado deles. Dos ralos, dos reles...
Limpamos o chão.

Acabaram-se as abobrinhas nas nossas mentes.
Nem se falarem hipoteticamente
Só verei as bocas mexendo. Sem som.

Agora há o costume de seguir o próprio caminho,
Escolher as pontes e portas.
Ficar frente a frente com o vendaval,
Sem o aval alheio, sem olheiro,
Sem frase feita e sorriso banal.

André Anlub

13 de dezembro de 2018

Esgrimas



Esgrimas

Há pontiaguda palavra que em parte perfura e penetra,
Amor não correspondido, angústia crua de outrora.
Florete de fogo, cremação de uma alma antiga no agora.
Peso e preso são pesadelos; sigilo interno é grito que alerta.

Novamente foco sua boca, dessa vez pintada,
Doutrinando-me na rotina e na retina, fazendo-me nada.
Amplifico o amor, assim – de gosto - me ecoarei na salvação.
Toda ação volta, abafa os medos, nada e tudo são em vão.

Explode, explode-me; corro e corroí-me feito uma coriza.
Ácido, assediado e assíduo assim sou seu então.
Você e eu e lume e breu e o sol e a lua nos abriga
Faz-me antiga cantiga, ciranda com fogueira e paixão.

Fujo, finjo desejo, chego... Luz se mostra colorida...
Choro feito criança; rio ouvindo besteiras,
Descendo pelas pedras com limo, entre margens floridas,
Molhando as roupas quase limpas das lavadeiras.

André Anlub

12 de dezembro de 2018

Aqui dentro




Aqui dentro

Há um amor
Que trabalha arduamente
Por tudo e todos
Por dias e anos
E até no sem fim.
Existe o rugido 
De uma fera risonha
Que toca e cura, 
Enxerga e expurga
A semente obscura.
Há a melancolia 
De cartas queimadas
Amores deixados 
Em tempos partidos.
Há foto nos porta-retratos
Sempre alteradas
Do preto e branco
Ao colorido sem brilho.
O ontem no calendário
Transtornado e aflito
Por fazerem dele
Um amanhã vazio.
Há boatos de sorrisos
Também falos umbigos
De mentes mecânicas
E corpos esguios.
Na uva, na ameixa, na seda
Na beleza completa
Da mão que acaricia
Um rosto pelas manhãs.
Sem esquecer-se do elemento
Esticando as curvas
Em linha reta de traço
Rompendo dimensões
No ingênuo abraço.
Tem limão e tem dente de alho
E o pagão reservou seu lugar
Para o paladar em sacrifício.
Agora sai em desafio
Correndo no meio fio
E folhas deixadas voando
Dos livros de Ana Cristina
De Sylvia e companhia
Para outros olhos no cio.

(Inspirado no escrito “lá fora” de Ana Cristina Cesar)
André Anlub®

9 de dezembro de 2018

Cordão umbilical


Eu olhando para a futura capa do meu mais novo livro.

Cordão umbilical

Sinto-me próspero quando não sou tapeado
E a inspiração, por fim, deixa minha mente.
Ela não é indigente, tampouco empregada,
É minha filha e amada,
Meu sentimento mapeado
Que foge do meu masculino ventre.

Mas a mesma não quer viver de vaia
Ou aplauso desacerbado.
Não quer ficar arquivada
Em uma gaveta empoeirada
Ou no raio que o parta.

Ela quer ser mais um elo da corrente
Ir longe, logo e ir pra frente,
Criar um leal - legal - legado,
Ser um dos trezentos de Esparta.

Ela quer viver pequena ou colossal,
Onde habita a multidão e a solidão.
Ir ao limite que estica a emoção
E o meu cordão umbilical.

André Anlub

8 de dezembro de 2018

Parte XIV (em memória de Van Gogh)



Imagem: web

XIV (em memória de Van Gogh)

Se você diz que não existe esperança,
A esperança te abandona no caminho;
Se você diz que ainda há esperança,
A utopia asfalta sua estrada.
Nas duas situações há muito sol e pouca água.

Aquela estrada que todos evitam
Levitou como um mago feito de nada...
Uma pluma na obscuridade da situação,
Que se eleva pelas mãos de deuses e fadas...
Se transformando para se tornar a mesma,
Como se fosse água morrendo afogada.


Hoje um parceiro querido foi embora
Na aurora maldita do tempo que o abraçava.
O mesmo tempo lindo já vivido, o trai agora...
Que porventura sempre desfaz tudo em fumaça.

Hoje desfiz os laços e alianças...
Que o amarravam na estrela do invencível,
Fazendo do impossível esperança,
E da eternidade algo discutível.

Ontem eu o amei mais do que achava;
Amei sua bondade no olhar e atitudes...
Hoje peço perdão a ele e a mim mesmo,
Por ter acomodado o sentimento numa caixa.

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.