Cárcere da Criação (minha escrita)
Na imaginação madura que explode em uma linha,
Que mesmo velha renasce todos os dias.
Na solidão insegura... Que mesmo a perigo se fortalece com ela,
Os “zás” das canetas quentes são os “ás” nas mangas frias.
O poeta perpetuado nas ideias e criações,
Faz de impurezas e mazelas em seu nobre ganha pão.
Na mais absoluta certeza do amor que sente na escrita,
Faz dos sons recitados iluminadas orações.
Absorve do mundo, do dia a dia, histórias e magias,
Juntando a verdade com o medo da mentira premeditada.
Se sente o moribundo mais vivo, espelho do íntimo de todos,
Voando em um mundo próprio, se perde e se cobra no nada.
Mundo surreal de ouros e de sobras,
Fita um objetivo, agradar sem ser o óbvio,
Por muitas vezes consegue e vai além, se desdobra.
Sendo valorizado, alimenta seu ego persistente,
Ovacionado, por vezes preso a criação,
Se sente em cárcere, viciado e doente,
Mas no final é o medo, apego, inspiração.
A escrita está submersa em azul anil,
Com sentimentos verdadeiros e inventados,
Vagueia entre o real e o senil,
Persegue o concreto e o abstrato.
É língua solta e comprida,
Profere idiomas mal falados,
E alados levam poemas declamados,
Aos ouvidos que se deixam ser ungidos.
Uma dor quase sempre vira escrita,
Escrivaninhas, com papiros e velhas tintas.
O que não se limita, muitas vezes quer ser lido,
E o que é lido no respeito não se imita.
Segue assim até nascer do branco pó,
O rebento que do chão fica de pé,
Que se engasga com as empáfias, o alento,
Por um momento ri de todos ao redor.
André Anlub®