Baú de conjecturas
Eis a questão: abrir aquele baú de memórias,
Algumas boas,
outras nem tanto,
outras nem lembro:
(dizem que há lembranças do que não aconteceu).
Deixar a mente recordar – dar vazão na falta de razão,
Embarcar no trem das insanidades e paixões;
Aquelas que foram feitas nas noites sem dormir,
Nas falas sem sentido,
Nos botecos e afins.
Lembrar-se de amizades esculpidas com pressa e formão cego;
De esculachos em rixas fartas;
De escaladas em rochas altas...
Lembrar-se de ter esperado a nave com os Aliens me buscar.
Agora nós dois:
Passamos por dificuldades e terrorismos,
Andamos e nem sempre sorrimos.
Houve o momento de reflexão – a alma sentia dor;
Corpos enfastiaram,
Ideias se soltaram
E, comumente, se desligavam;
Tudo não estava mais (ou nunca esteve)
Talvez, assim, pra nós: bem, bom.
Nos controlamos – põe-se freios,
Iluminações, mesmices,
Vagamos turbinados dentro do turbilhão
(talvez seja aquele litro de uísque).
No céu, na época,
Pequenas estrelas prateadas e felizes,
Vibravam e cegavam nossas vistas – então notávamos o nosso amor.
Lembranças, lambanças,
Festas, sexos,
Escudos, elmos e esmos...
O sorriso de lado no ambiente azedo
E o deboche no coldre do medo.
Laconicamente o lembrete: o jogo é incoerente – mesmo ganhando se perde.
Mas ninguém ganha!
– nem mesmo quem acha que vence,
Pois para ganhar é preciso não jogar.
E ninguém quer ser um covarde jogado na lama,
Que fica e faz alarde,
Que já vai tarde,
Que já veio cedo.
Agora só eu:
Fechei o baú,
Mas tudo já estava na mente (onde sempre esteve),
O que havia era medo de encarar o fantasma
De ter despido o engano
E ter a certeza que ainda o amo.
André Anlub