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Algumas Histórias XI
Um homem no Limbo
Em meados dos anos noventa, em um apartamento aconchegado
Cercado de amigos, festas, viagens, idealismos e psicotrópicos
Regado à delicadeza de uma vida branda e deveras desatinada
Dias curtindo praias, fazendo fuligem, ouvindo rock e muito alto
Homem nada abstêmio vivia quase o dia todo dopado.
Por dentro um grito estrídulo
Por fora um corpo beirando o franzino
Tinha quase um milhão de amigos
No mundo dele era um estranho no ninho.
Nessa sua vida na lua não via a vida passando
Tratava mal seus amigos e afetos
Não sentia as amizades se esvaído
E o carrasco da velhice chegando.
Chegando o ano dois mil
Viu a luz no final do seu túnel
Oportunidade de mudar o seu rumo
Abandonar o que sempre foi vil.
Fugiu das grades das celas...
Fantasmas
Procurando as portas certas...
Maturidade.
Não buscando os caminhos mais fáceis...
Parou de pular as janelas.
André Anlub
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