Das Loucuras (mecanismo de anticitera)
Busco na essência os amores em qualquer molde
O que pode ser feito é deixar o tempo esculpir.
Resgatando do acaso a aura da vida no tudo pode,
E afrouxando, enfim, o melhor do melhor que há em mim.
Entenda-se que meu “circo dos horrores” é mera distração,
Alucinação sóbria que crio para dar graça ao percurso,
Pois sou um pós-louco, intenso intruso
Que disfarço naquilo que me desfaço e refaço na ocasião:
Chutado na mobilete, comer salmão com o urso,
Linhas escritas, sons de trompete, mão e contramão.
Contudo, no fundo – e nem tão fundo assim –, me intensifico...
Plagio o “dia do fico” e também “digo alô ao inimigo, encontro um abrigo”,
Mas faço tudo com respeito e louvor.
É justo que se viva nessa saia justa, não é mesmo?
E a esmo, tampouco me escondo de mim mesmo
Quando o maior dos objetivos é decifrar-me sem rancor.
Por completo e aos poucos, de um modo e de outro, realizo-me.
E se por acaso faltar aparar as arestas afiadas e caricatas,
Deixo feliz que elas mesmas, numa vida próxima, infernizem-se.
Por fim, na colina, avisto o profeta que tem como meta trazer boa nova...
A mesma de sempre, porém é novidade aos que agora pensam diferente.
A vida segue num ki-suco de uva; a morte uiva, e aos que secam – uma ova!
Todo esse absurdo na mais perfeita ordem à mente ilimitada e abrangente.
André Anlub®