5 de dezembro de 2020

O livro que fez meu cavalo livre

 












O livro que fez meu cavalo livre

(Parte I, II, III)


A priori... tudo está a contento, e sobrevivi!

Lembro-me da vastidão do picadeiro

O cavalo da loucura em galope louco.

Nunca se deixa de fazer pouco

Quando tudo se tem... é você em primeiro!


Alucinações, parábolas, cogumelos

Nos desenhos moravam duendes;

Para as crianças, eram casas...

Salgados caramelos.


Cavalguei sobre o campo de tulipas

Amassadas pelas pegadas do cavalo.

E na queimada da mata...

Pelo ralo foram-se alguns anos

Pelo corpo farejei meus desenganos.


Chorei ao deparar-me com o tempo perdido

E no dito e não dito que ignorei.

Com a felicidade tinha perdido o compromisso

E no chumaço do chá de sumiço, 

Hoje me achei.


Enfim, estacionado o cavalo.

Dei banho, água e feno

Abri o cercado do terreno

E o deixei livre ao regalo.


Se todas as tulipas fossem negras


Meu cavalo nesse momento é livre

Porém, ainda com alguns fantasmas.

Também há as estradas íngremes

Que estendem um tapete vermelho para o nada.


Agora, as tulipas estavam inteiras,

Não mais pisadas pelas patas.

Brilhantes tulipas, com cores vivas

E força para enfrentar a tempestade.


O amanhã próximo de letras e tintas

A sina que mudaria o caminhar.

Nas mãos, preparados para tocar a alma...

Os livros de Emily Dickinson e Sylvia Plath.


E as tulipas se tornaram negras

Ao conhecerem sua história e sua dor.

Regadas e afogadas pelas flores coloridas

Que também afogaram junto seu rancor.


E meu cavalo livre...


Hoje tenho novo cavalo

Ele está perto, mas não temos contato.

Ele me inspira, traz força e medo

Me respeita e impõe respeito.


O coração se abre, vejo meu próprio inventário.

Martírio empoeirado de um achaque guardado

E o amor incrustado de um todo imaginário.


Hoje a vida é um constante cenário

Como o mar que me conhece

Até mais do que eu mesmo.


A moradia na emoção 

É o botão de liga/desliga da alma incendiária.


Pago a diária desse hotel

Com a locação do meu bordel

Com o papel, meus rabiscos

E a loucura ponderada.


Os cavalos, as tulipas e uma vida


Meu cavalo relinchou por comida

Quer algo esquecido e sem fim.

Quer banquete farto e antigo

Quer minhas loucas iguarias

Pois já está farto de capim.


Meu cavalo veio à minha porta

Nessa torta manhã de domingo.

Ouvi com delicadeza sua clemência

E chorei feito menino.


Mais uma vez só vejo as tulipas negras

E o verão mergulhado no inverno.

O inferno com suas portas abertas

Badalou os sinos

E colocou o capacho de “bem-vindo”.


Mas, minha gente amiga...

Beijo a vida vadia.

Deem-me as mãos, me deem guarida

Não quero ser julgado, é covardia.


Como réu confesso, meu cavalo se vai

Some ao longe, pelo canto da estrada.

Sua estada é sempre trágica

E, como mágica, ressuscita as tulipas.


Mar de doutrina sem fim


Houve aquele longo eco daquele verso forte desafiador;

Pegou carona na onda suntuosa de todo mar agitado:

- fui peixe insano com dentes grandes e olhar de bardo;

Fui garoto, fui garoupa, fui a roupa do rei de Roma...

E vou-me novamente mesmo agora não sendo.


Construo meus barcos no sumo da imaginação:

(minhas naves, pés e rolimãs),

E como imãs com polos iguais, passo batido... 

Por ilhas virgens – praias nobres – boa brisa;

Quero ancorar nas ilhas Gregas, praias dos nudistas e ventos de ação.


Lá vem novamente as velhas orações dos poetas,

A tinta azul no papel árduo

E vozes roucas das bocas largas,

Mas prolixas: mês de maio, mais profetas.


E houve e não há, o que foi não se repete;

Indiferente das rimas de amor – vem outro repente...


O mar calmo oferece amparo:

- sou Netuno e esqueci o tridente,

Trouxe um riso com trinta e dois dentes;

Sou mistério que mora no quadrado de toda janela,

O beijo dele, dela, da alma ardente que faz o mar raro.


André Anlub®




29 de novembro de 2020

Árvore de Josué




Árvore de Josué

Isolado no deserto, na sombra da grande árvore de Josué

Escrevo alguns singelos rabiscos líricos

Com o pensamento em nossa casa, lá, distante

Em nossos cães correndo, deselegantes...

Vindo de encontro a você.


Por um instante a alma estacionada aqui se eleva

- Não há treva nem angústia

Sinto meu corpo acompanhando

Por dentro de memórias e histórias sublimes.


Sentindo o belo em todos e em tudo

Caminhando na chuva por cima de um arco-íris sem cor

Surdo para qualquer som absurdo

Um banho de chuva e de glória.


Estou no alto e vejo-me pequenino sentado

Estendo as mãos e solto um dilúvio de letras 

Elas se unem formando versos

Casam-se como bolas de neve

Banham minha carcaça, minha pele

Deixando-me ainda mais extasiado.


São dois de mim que se completam

Ilustrando para expor como me sinto

Porre de absinto de inspiração

Banho de chuva, seiva suave,

Que salva a todos – no tudo,

No corpo, no avejão.

Das Loucuras (Tal tempo)

 



Das Loucuras (Tal tempo)


O rio fica mais frio ao passar pela sua casa

A doçura do tempo que se quebra com ele

As coisas que vem e vão e se miram no espelho

São os deuses forjando politica na praça


Fizeram o exame sem vexame

Pois foram mordidos pelo enxame de abelhas...

As orelhas inchadas, as enxadas chafurdavam na areia, 

E todos olharam com afinco todos os próprios erros

Esculpiram ali, reformaram aqui, o sangue corria na veia...

Agora deixaram só as cabras reclamando aos bezerros.


A mensagem exagerada foi dada

Os dados jogados aos jogadores de dados...

Os pés novamente na estrada

E os peixes sorriram quando tudo foi alagado.


A buzina na cachola chacoalhava suavemente a bandeira e o suingue

Danças e festas, rebeliões, pés frenéticos ao embalo sísmico...

E na China tudo estava num automático pensamento crítico,

Num liga e desliga de socos na guerra dos Boxers no seu ringue.


A mensagem dessa vez foi recebida

Ecoada na toada dos tempos cheios e tempos vazios.

A caneta na mão tremia com o frio,

E na estante a garrafa chorava vazia.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.