13 de novembro de 2021

Líquido sagrado de Baco














Sinto muito quando meu coração aperta

E nesse aperto ele grita, se expõe e seca.

Compreendo pouco quando fingem indiferenças

E nesse embuste são vítimas de seus próprios estratagemas

São guerras internas

São cegueiras eternas.


Por que fui tão rude com ela?

Pensei como seria o presente 

se no passado agisse diferente 

Ponderei as decisões que tomei

Algumas sensatas, muitas egoístas

Algumas erradas mas otimistas

Mas muitas, mas muitas mesmo

foram precipitadas e a esmo.


Ando com ideias antigas

de modernizar meus conceitos.

No fundo, são adágios superados...

Há tempos que tenho a teimosia saudosista

de querer ser atualizado.


Coloco nosso “amor” ente aspas

Para que em cada dia que nasça

Possa ter uma definição diferente. 


Derramo-me ao extremo no chão, no choro, no corpo e no copo...  Mas só por você.


Líquido sagrado de Baco


Rigoroso esse tempo bom na tela do céu azul,

Enorme pingo quente dourado, 

Mas amargurado ele caminha sem norte (também sem sul).


Só esperou o cair da noite e foi-se frenético abraçar a boemia:

Nas mesas bambas dos piores bares sentiu-se bem, satisfeito,

Era aquilo ali (Alá, a luz, além) que ele queria.


Com as paredes descascadas e encardidas, 

Banheiros de intolerável cheiro ruim;

A meia luz...

A farra no garrafão de vinho barato que esvazia:

Todo feio se faz tolerável;

O detestável é a alegoria da vida.


Com três palitos de dente se faz um xadrez psicológico,

De deixar Freud confuso e Confúcio fã de Pink Floyd.


O que eu faria em uma atmosfera assim? 

Além do porre corriqueiro:

De janeiro e meu aniversário;

De ver estranhos saindo do armário;

De tudo que é falso tornar-se verdadeiro.

O que eu faria?


Largaria o último copo e voltaria ao primeiro,

Desde onde a mente vai demudando,

O tom de voz aumenta, palavrão atroz vira salmo,

E enterra-se qualquer tormenta.


O que eu faria?

Vou voando – bem calmo ao terreno estrangeiro.

A insanidade das horas perdidas no líquido sagrado de Baco:

Com uma mão vai afundando o barco

E com a outra fornece o salva-vidas.


André Anlub®




11 de novembro de 2021

excelente quinta












Esvazie-me – preencha-me

conheça o verso e o avesso,

rima após rima,

sabe que deixo!

E depois,

ao acordar sozinha,

vá viver se estou na esquina.


Limpeza (um quê de Bovarismo)

A realidade concorre com minhas vertentes,

e elas, céleres e insanas, saem na frente.

Ouvi dizer que sempre vale a pena.

Faço roleta russa com o imaginário,

e nesse voar de um total inventário

castram-se cobiças e integra-se a pena.

Vozes tendem o som do trovão

apocalíptico pisar no vil tédio.

Letras brotam num mata-borrão,

curam, inebriam, quão doce remédio.

Estouram paixões sempre aludidas,

cantam canções, danças nas chuvas.

No certo e no cerco um céu de saídas,

arte que inspira expurgando áureas e auras turvas.


Ser brioso

Demasiada compostura

Poeta afetuoso

Sem um pingo de agrura

Escreve torto em linhas nuas

Inspiração ao natural

É um vira-lata puro

O ostracismo de sombra

Assombra o vento que bate

Deixa as portas abertas

Entra o vento de tumba

Do personagem morto

De um Shakespeare atual.



9 de novembro de 2021

Das Loucuras (o voo e o pouso da coruja de Atena)

 










Das Loucuras (o voo e o pouso da coruja de Atena)


E a inspiração mergulha profundamente num cio...

A infalibilidade da coruja ao perceber sua essência,

Na metáfora proposital da “inteligência vazia”,

Deixa todos como num sonho – invídia –, a ver navios.


Segue sua vida na humildade da experiência,

Hoje se vai, ao contrário de um passado “dia do fico”...

Assimilando a lógica e logicamente, assim, mirando

E calando modestamente o bico.


O voo pela vida não é alto, pelo contrário,

É extremamente profundo.

Entra num túnel confuso, arbitrário,

Flerta com o mundo, o submundo e o sobre mundo do tudo. 


A coruja é faceira de infinitas faces,

E fazes que fizeram, fazem e farão feitos infindos.

Abre as asas e defeca nos trastes,

Agarra com suas garras e beija os bem-vindos.


Ao som de Charlie Parker passeia no parque,

Delicia-se com a delicia de ser quem é – à vontade!

Tudo que ensinarem está de bom tamanho – é de praxe...

É receptiva ao aprendizado; é devoradora de detalhes.


O pouso bem suave numa jam session é seu lema,

Seus ouvidos agradecem todo esse afago.

Por hoje basta de sacanagem, capricho ou moralidade...

Amanhã lubrificará as engrenagens para o Sistema.


André Anlub®



Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.