21 de agosto de 2021

Conte-me












Conte-me


E as primaveras

Falo, todas elas...


Contam-me cores mil.


E os outonos

Digo, só alguns poucos...


Tingem de laranja as fachadas.


Os verões

Vestem ouro...

Ardendo em sol todas as madrugadas.


Invernos

Nuvens são como espumas do mar

Estações que variam com a chuva...


O sol que ofusca meu olhar

É o mesmo que ilumina meu rumo.


Como dizer em qual delas está você?


André Anlub

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Imponência


De uma forma deveras palpável

A grafia renasce no arcabouço

Vindo de uma sensação mutável

Tornando-se finalizada ante o esboço.


As letras jamais envelhecidas

Amareladas com rigidez perene

Órfãs sem jamais terem nascidas

Lapidadas pela sutileza do cerne.


Apólogo nas mentes funcionais

Decreto soberbo dos irracionais

É boa imprecação em todas as formas.


Sem acatamento diante da alusão

Dona de si perante comunhão

Jamais dará ouvidos às normas.


André Anlub


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A Idéia quer Se Mostrar

Uma idéia na cabeça

Um corpo e otimismo

Não falta mais nada

Para chegar a lugar nenhum.


Tenho que por para fora

Explosão, realismo

Vou somar, multiplicar

Um mais um...


Quem tem põe, quem não tem passa a ter

Tem para mostrar, expõe...

Talvez esconda para ninguém ver


Uma idéia na mão

Tela, poesia, escultura

Não sou Rodin para chegar à perfeição.


Procuro sonhar, ponho para fora, realizar

Só se for agora...


Nunca serei um Van Gogh

Malfati, Bouguereau, Renoir.


Quero trilhar caminhos dos sonhos...

Dos alucinados pela arte...

Do melhor que posso dar.

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“Desabaflorando”

Hoje acordei perturbado, na verdade nem acordei

Nesse sucumbir, perdi a guerra, minha missão

Desarmado, “desamado”, sou um “não”...

Em um poço sem fundo, por dentro da lama, no fogo... Sou rei.


Reinando no ruim, posso tocar o céu

Pronunciar o som do amor, do ódio e da morte

Que tal ser a saliva ácida da besta... Ou até o mel

Da sangria desatada, que faz rios, sou o corte.


Fatos e revoluções habitam minha mente

Minh'alma quer ser livre, ela tenta novamente

Enxergo o que quero, quando e como quero.


Falo devagar, como um ébrio maldito

Faço citações de papiros do Egito

Crio rimas poéticas, jogo fogo em tudo... Sou Nero.


André Anlub

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Cheers


O berro, o bar e a brisa

O copo brusco que vai ao chão e não quebra

Um velho bilhar... E quando fico em sinuca...

É o velho frio na nuca.


O jukebox é disputado

Também o jogo de dardo...

Que tem uma foto amarelada,

do Sarney, toda furada.


Esse bar não abre nem fecha

É flecha sempre lançada

Pois o coração do poeta

Não seca, não se afoga... Não nada!


Absinto é homeopático

Cerveja cria uma grande barriga

O garçom pra lá de simpático...

Sempre serve uma dose extra

Com uma porção de lingüiça.


Temos que chegar diariamente

Com uma pequena prosa

Que fale de espinho ou da rosa

De um culpado ou inocente.


Com ela batemos o ponto

Sairemos só muito tonto

Chamando urubu de meu louro...

Deixando a freguesia contente.


Garçom, um Southern Comfort...

E um copo cheio de gelo

Aproveitando minha falta de zelo

Com meu fígado guerreiro.


Hoje trouxe do meu terreno

Colhi praticamente agora

Gostoso é feito na hora

Deixa o ébrio ameno.


O aipim não é brincadeira...

Tem mais alcunha que o poeta

Alguns conhecem com outro nome

Pode ser mandioca ou macaxeira.


Frito desce redondo

Cozido desce oval

Com uma cachaça de rolha

Entramos em um vendaval.


Hoje trouxe esse conto

Amanhã venho com outro

Vou para uma taberna

Uma prostituta me espera.


André Anlub

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Faz Valer

Porque nem sempre só há dor

em todas as praças, sorrisos,

em muitos lares, união....


De mãos dadas com seus filhos,

preparando, amenamente, nova prole.


Porque nem todos são só prantos,

alegres, tristes ou indecisos,

fazem do amor seu principal tempero...


Capital inicial, sua matéria prima,

espírito imortal.


Porque a poesia faz encanto...

dentro, ou fora, de paredes sólidas,

voando, sem perder as forças...


Pelo infinito mais belo.


André Anlub


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Sair, Saindo

Vou sair por este mar vagabundo

Onde não pode apoiar-se nas paredes

Nem no domingo se deita em uma rede

Só digo gritando que sou dono do mundo.


Olhando o céu sobre minha estrada

Vejo um futuro quase sem mágoa

Uma ablução com a beleza da água

Que bebo e utilizo de estada.


Mas se a imundice visitar-me

E com seu odor e despudor, encruar-me

Terei que refazer minhas malas.


Quem sabe em uma ampla casa eu viva

No horizonte da minha mente ativa

Que são, no dia a dia, minhas salas.


André Anlub



17 de agosto de 2021

Começo do livro - 13/5/14

A espada é erguida em algum ponto do planeta;
Logo em seguida derrama-se a tinta da lança chamada caneta.

Dos martelos
(6/8/12)

Já voltei daquele passeio
Em terras loucas e quentes,
Com aquele absurdo vermelho
Que adorna por ser inerente
Às paixões corriqueiras.

Estou exausto
Feito cão em fim de passeio,
Com a língua pra fora
E o coração festeiro.

Eu em plena liberdade,
Tenho um letreiro na testa,
Escrito que o sexo é festa
E o amor finalidade.

Acho que sempre me alongo
Quando escrevo sobre esse tema.
Vou e venho no trapézio e na cena
Ao som de um zepelim e seu gongo.

Por livre e espontânea vontade
Exponho-me.
Ponho-me a entender o assombro
De que não há sempre certeza
Para toda a verdade.

Assim constroem-se castelos
Nos terrenos da avareza.
E o plebeu no destino,
Do nordestino ao sulista,
Dominará seu recinto,
Erguerá seu martelo.

Adversidades acontecem, muita luta e pouco caso, e sensações se perdem; O rabo abana o cachorro, o choro do velho solitário. Mas há de se ter esperança, (no coloquial - na criança) nas palavras que amadurecem.

“Bon Vivant”
(26/1/13)

Deitam-se nos leitos de letras
Sob o olhar de um grifo.
Osculam suas grafias,
Afrodite adotada.

Bem tratados, enfastiam,
Criadores que tudo criam.

Poucas são as causas que agarram,
Muitas são suas fantasias.
Se aquecendo no fogo de Nero
Ao som de hinos homéricos.

Ah, mil redes confortáveis,
Sentindo brisa doce na face,
Seguem confortados na vida
Ao tom de uma pressuposta amada.

Governados por algo,
No absoluto, por rosas.

Permeiam no céu com alvoroço,
Rodam pelo colosso de rodes.
Passeiam no manuscrito de Virgílio.

Ficaríamos a eternidade, ponderaríamos em múltiplos dialetos: em esperanto ou mimica, canto dos anjos, sinais de fumaça; em puras línguas e raças, dos baldios ou espertos, até além da imortalidade.
Mas salivas não seriam gastas à toa, expondo as qualidades extremas, da força da inteligência e o poder do ventre e da cria ecoando ao vento e ao sempre.
A voz que nunca é pendente, nesse momento presente, agarra a unhas e dentes, no direito de expor ao planeta o que das mulheres pertence.

Dos antolhos
(5/6/12)

Quero um apropriado escudo Celta,
Pois há lanças voando sem rumo,
Almejando ébrias mentes sem prumo,
Mas por acidente a mesma me acerta.

Quero o melhor dos virgens azeites,
Pois nas saladas só tem abobrinhas,
Na disparidade de várias cozinhas,
Todos adotam a mesma receita.

Quero ver e ler o que outros registram,
Sem antolhos nem cínica mordaça,
Sem caroço impelido na garganta,
Faz o engasgo que mata na empáfia.

Mas não só quero como também ofereço,
Meus singelos poemas com terno adereço.
E com pachorra e olhos modestos,
Vê-se admirável o que era obsoleto.


Ando com ideias antigas de modernizar meus conceitos.
No fundo, são adágios superados...
Há tempos que tenho a teimosia de querer ser atualizado.

Sempre vivo
(4/1/13)

Precisamos de dias mais longos,
Cheios de ar, aves; árvores por todos os cantos,
Cantos açucarando os pesares.

(Afagando os ouvidos)

Ouvi dos sinceros seus sins,
Som de detalhes...
De talhes simplórios,
Corpos notórios, 
Felicidade - gemidos.

Precisamos de larga boca
E nada oca a mente.
Mente aquele que no medo,
Em segredo,
No paladar do azedo, 
Expõe que não ama
E não segue passo à frente.

Por aqui, por ali,
O sol nasceu mais vivo;
Vi você de repente,
Menos breve e arredio
Arrepender-se contente.

Poemas 2011 parte II

 



Acesso da Fantasia


Milhões de vozes me chamam

Atrozes escritores que banham

Terror e beleza de sonhos! Mensageiro nas portas

Comporto a inspiração derradeira


Tu és a única, esperança do divino

Fazes soltar tintas em papéis

Mas me engano ao pensar que perecerás

Pois sempre precede o silêncio da balbúrdia dos sinos!


Portas que tu abres chaves que nunca perdes

No engodo do fracassado, tu renovas, acordas a cada letra

Fazendo valer o som das trombetas

Trazendo harmonia as flautas que ergues.


André Anlub

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Livro do Mal


Foi a mais bela de todas

Vivia em seu castelo protegida por um dragão

Usava ouro, jóias e vestidos de seda

Ninguém podia lhe tocar a mão.


Era pintora e falava mais de dez idiomas

Sua voz era de um belo tom

Tudo de nada serviu

Pois de casa nunca saiu

Para expor o seu dom!


Passava o dia inteiro cantando e escrevendo em sua redoma

Já havia escrito mais de cem livros

Entre contos, prosas e poesias

Havia um que era exclusivo.


Um livro de poesias sobre a vida

Sobre ser o que nunca virá a ser

Falava sobre viver com várias saídas

Livre arbítrio para beber e comer.


Narrava a vida em Gomorra e Sodoma

Sobre vinhos e depravações

Subtrações que se revolvem em somas

Mostrava quase todas as emoções.


Mas o seu tempo foi passando

A velhice chegou

Sua pele foi enrugando

A demência lhe pegou.


Por fim morreu com seus escritos

Nunca o mostrou.

A verve que antes perdida

Surgiria agora como um mito.


As datas foram ocasião

Os livros que o passado deixou fora

Atualmente em uma escavação

Acharam essa biblioteca de outrora.


O mundo caiu em sobras

Sua escrita alguém publicou

Tal sombra do mal o devorou.


Não tinha asteróides nem cobras

Nem as previsões de sábios

É o puro armageddon de alfarrábios.


Embora seja só uma história

E o livro não tenha o menor dolo

Bebemos o vinho e comemos o bolo.


Tomando cuidado com a verve

Sabendo sempre o que lê

Com atenção no que escreve

Fazendo a escrita valer.


André Anlub

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SÓ MAIS UM SER


Dou mais uma chance a razão

Saindo do meu refúgio careta

Vago na galáxia dos incertos

Sem querer povoar nenhum planeta


Me lembro de uma época remota

Uma casca de ovo inquebrável

Por dentro um grande tesouro

Por fora muro branco sem porta


Sinto grande aperto no peito

Respeito o meu modo de ser

No culto a beleza, piso com despeito

Uma rosa, espinho do mal querer


Com singela venda de fogo

Fico cego, quente e vaidoso

Quando toca-me quebrando a casca

Me forma um homem de um feto formoso


Muito além de mais tudo

Obtuso, convexo e concreto

Um vampiro banguela na boca do mundo

Um ser feliz, alegre e incompleto


André Anlub

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Sem Limites


Absurdo é querer-te assim

Como um mendigo na chuva, querendo comida

Sentir a dor de cada segundo do tempo sem ti

Rosa sem florescer.


Falaste sujeira pra mim

Me pisaste, chorei

Te quero, cegamente, sem fim

Meu querubim, meu diabo.


Por vezes imploro perdão

Sem mesmo ter pecado, na cruz

Tu enfias os pregos em minhas mãos

Grito pra todos e tudo...

Te amo e te peço perdão.


André Anlub

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Eternidade da palavra


É surreal! Assim como a vida

Inspiração imaculada, poesias e uni versos

Abarcando campos, lagos e hipotéticas estórias

Curando cortes, desenhando e apagando feridas.


Sento-me a beira de um alto precipício

O crepúsculo gentilmente e sempre me acompanha

Pego o bloco, meu ofício de um todo fictício

Delineado, não há política tampouco barganha.


Inteligência não é democrática, nem deve ser

A pura verve, que nos toca o ser

Tornar-se-á estática e criação


Ao surgir de uma bela ave avermelhada

Remeteu-me a uma estrada, inventiva jornada

Que de pés descalços, sou um sheik, menino ou ancião.


André Anlub

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“Dialongamente” Falando


Podem chamar de ironia

Realidade ou fantasia.


Podem até me discriminar

Calar minha boca, mandar parar

Mas minha voz tem força

E digo que meu grito, poder

Não me enforcam nessa forca

Como?

Vocês não irão saber...


Podem começar um sermão

Pode ser que eu não durma

Sou mais forte que aparento

Sou mais leve que uma pluma.


Por vocês eu só lamento

Meu pranto irei sorver

Digo que não me adianto

Como?

Vocês não irão saber...


Podem me vendar os olhos

Costurar, apertado, meus lábios

Se disserem que são sábios

Podem jogar seus cérebros aos porcos.


Podem dizer que sou debochado

Direi que tenho armadura

Torturar-me-ão

Farão queimaduras.


Não sentirei o queimado!


Como?

Então irão saber...


Só digo que sou amado

E amando sigo a viver!


André Anlub

poemas 2011





É logo ali o impossível; 

siga a avenida do livre-arbítrio, 

passe a rua do convencional 

e dobre à esquina do inconcebível.

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2011 poemas


Olhos azuis de cegos 


Jovem, bonita e mortal

Uma crônica cólica romântica pode até ser fatal

Mas para corações fracos e desprotegidos

Quase todos que há.


Ela deixa o sujeito de quatro, febril e sem norte

Clamando pela morte sob o ataque juvenil

Em um labirinto do fauno, entregue a própria sorte

“A inocência tem um poder que o mal não pode imaginar”.


Quando se alcança uma idade avançada há uma predisposição

Uma espécie de paixão pelas coisas mais novas

A luxúria de cunho sexual e erótico movido pela imaginação

O que foi rima vira verso, o que foi verso torna-se prosa.


O poder da juventude é efêmero e nada discreto

Existe o enorme preconceito pelo ultrapassado ou velho

A pureza do novo, que ante visível, assim não é mais reta

Sinuosa estrada que no final volta ao seu início.


Nas margens do caminho há no limite o precipício

O verdadeiro mergulho na vaidade não tem volta ou arrependimento

Faz uma vida de angústia, um ímpio no hospício...

Que vaga por orifícios das seringas de rejuvenescimento.


Enche com silicone os egos

As amarguras com cimento

Vê-se no espelho por um momento...

Com olhos azuis de cegos.


André Anlub

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Concubino erudito II


Chegou manso, 

com aquele papo de ouro

conquista, envolve e absorve.

Se não deu, dá um tempo 

e tenta de novo

naquele clima fresco, 

aquele vinho bom

lareira acesa 

e sentimento em “blow”.


Se já há resposta, atividade!

Com responsabilidade faça de jeito 

e de bom-tom.

Vejo o futuro: - a mulher grávida 

caminhando na praia

saia rodada 

e imensa vontade 

de estar numa festa cálida. 

(pagã)


Para quebrar a leitura

aumento essa coisa fútil

dispensável, absurda

cega, surda e muda

com esse parágrafo inútil.


Volto ao conquistador barato

réu com popular palavreado

engomado, com a boca que dança

ao som da goma de mascar.

O ser mascarado

de louco disfarçado

fazendo crueldade.


Escreve livros invisíveis

Irrisórios (de matar)

sem fim (há de acabar)

e até mesmo sem finalidade.


Por fim surgem infinitos demônios

sem nomes nem rostos

sem breves e longos amores

surgem só para lhe buscar.


Agora vemos as dores

que somem, longe

e deixam os motores

que impulsionam o viver.


É só mais um dia

vida e coração.

Visão apaixonada

do fluxo, sangria

e adoração.


Não há mais a dizer

só abra os olhos 

e permaneça amando.


André Anlub®

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Flecha estimada

A flecha sai sem perigo

Mas atinge certeira o peito

Faz da idolatria o seu jeito

Não há escudo ou abrigo.


Empíreo foi miragem da vida

Largando as inúteis tristezas

Erguendo o amor, realeza

Tem-se ausência da ferida.


Com rugas da concupiscência

Transforma a paixão em excelência

O calor mais ameno agora.


Consorte na alma e espírito

Sussurro que se trocou pelo grito

Velando o amor que aflora.


André Anlub

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Pelas marés II

Será doce despedida – sou descobridor

Afago amargo - sou nauta do amor

De repente um metediço Fenício

Em minha galé de imaginação e ofício.


Por dentro de tempestades – calor e frio

Mesmo sem bússolas - cem ondas gigantes

Convicto e forte, sustento meu brio

As marés e as luas são belas amantes.


Sobra abaixo o mar e acima o céu

Meu coração é um barco de papel

Sei que jamais nada será calmaria.


Mesmo em perigo eu clamo batalha

Se não está a contento, puxo a navalha

Corto nossos laços, futura vida sombria.


André Anlub

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Falho

Falho se tentar ser coerente

Se o real sentimento vem à tona

Quebra qualquer elo de corrente

Fagulha que se transforma em vulcão.


Falho se falsificar emoção

Escrito nas estrelas e na testa

Falácia que grita sem noção

A verdade é sempre o que resta.


Falho se não doar meu total afago

Cito as mentes balzaquianas

Tendo experimentado o amargo

São novas “Amélias e Joanas”.


Falho se achar que nunca falho

Pois sou de carne e de osso

Emoção acima do pescoço

Coração aberto com talho.


André Anlub

Das Loucuras (zeitgeist)

 









Das Loucuras (zeitgeist)


E a lava corre quente, venenosa e ligeira

Pelas veias e artérias do mundo

Uma leva nada leve segue esse fluxo vagabundo

Achando todas as críticas, besteiras.


O chá preto e a mente em branco

O banco lhe cobrando taxas

As tachas perfurando o cano

O que se passa com as uvas-passas?


Aquele olhar meio de lado

Pelado, o meio-ambiente agoniza

Pois ninguém quer sofrer calado

Feito a natureza que o homem aterroriza.


Ao enforcar o outro grita que a paz é o intento

Mesmo com a lupa nunca vê a saída

É preconceito nascendo em qualquer vento...

Na venta o cheiro de pólvora da bala perdida.


O chá branco e a mente é preta

Penteando macaco e o tal cabelo em ovo

O que há de novo, que nesse fronte há treta

O que há de velho, que é nas costas do povo.


E a lava resfriou novamente

Transformou-se em estrada para um novo pouso

Alguém lá em cima vai salvar o planeta,

Já estava na hora de no fazer contente.


André Anlub®

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Das Loucuras Nada de viver a vida “pianinho”


Acorrentou-se ao mastro, 

engoliu a chave e tocou fogo no circo; 

É equilibrista, palhaço, mágico, 

atirador de facas, homem barbado...


Não se irrita pelo fato de ser leão 

- domado pelo seu pessimismo,

Mas ficou assaz perturbado 

- e brabo sem seu cafuné de domingo.


Momento louco extremo:

Pausa momentânea para higiene bucal:

É bom colocar em negrito que devem escovar bem os dentes...

Assim como se estivesse saindo para ir ao dentista.

Dizem que respeito é bom e conserva os dentes...

Mas meu avô sempre foi respeitoso e hoje é banguela.



De volta à perene insanidade branda e local: 

Vida mal resolvida...

Os motores incomodam os pássaros, 

a poluição ainda mais;

No tanto faz do bicho-homem, 

o que apraz é regalo da vida.


Volta sem jamais ter ido; 

foi-se sem jamais ter sido,

Eras tais...

A fantasia de tempos melhores 

une-se ao otimismo utópico: Mudanças na alma;

Entalhamento do corpo;

Suor com efeito de ópio.


Mais uma vez o sacrifício, 

de nova cruz imaginária que resta... 

Fez corpos amontoados em hospícios 

da vida do cotidiano; 

ano a ano, 

sem muros e grades, 

com acrimônia faz-se o homem, 

dia a dia, 

com benevolências e males, 

com delírio faz-se a festa.


André Anlub®

(Crato – 14/09/17)

16 de agosto de 2021

Trem de perfume e fumaça


 












Trem de perfume e fumaça


Não se sabe se o perfume se espalhou

Pelos bosques coloridos e imagéticos.

Na nossa aldeia, logo, logo, deflagrou:

O colírio, canto lírico e poético.

A proeza dos sãos bardos atracou

Lá no cais latem os cães dos letrados.

Viu-se o verso no reverso - só versar.

Fez-se a música que alindou o ser amado.

Bela a rima morro acima – No luar.

Brilho forte do sorriso – A majestade.

O vai e vem ao som do trem deixou saudade.

De joelhos o anel da união, juramento que testemunha

A branca garça.

Iluminou o casto amor do sim sem não.

E foi-se o trem - longa estrada... 

fica fumaça...

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Ferve de fevereiro


Aquele céu azul turquesa em desvario me olhou sem fim, aquele pérfido desvio que abrolhou em mim;

tal tiro de festim que acerta minhas árduas cobiças,

meus veios, meus velhos/novos embustes e premissas.

Sou andarilho com zelo de outrora malandro sagaz,

sou saga, lenda, mito ou talvez nem e nada disso.

Abdico da necessidade de expor o que fui ou sou; já expondo; paparico a dona rica do amigo, bom, antigo, verde e grená alambique. Dito-lhe ao pé do ouvido:

“verde-bílis com preto, verde-bílis com branco, verde-bílis com verde-nilo, seu primo distante.” - Li isso em algum lugar; acho que poderíamos repintar e avivar os quatro cantos. O céu agora nublado e um assanhado sanhaço cantando, como um tablado branco e você dançando seus passos. Foram descentes decentes, goela abaixo, quatro copos “quentes”: (quatro pingas, quatro santos, quatro amigos, quarenta e quatro anos); peça imaginária, som e luminária, alma incendiária e (pra rimar)... ela – metade marcante da minha faixa etária.

André Anlub



15 de agosto de 2021

A lisura da mentira mais pura

 


A lisura da mentira mais pura


Toques de melancolia e enfoques de respeito,

E o grito ecoa, assim: saindo do peito.

O ar rarefeito e o vai e vem de pernas,

Acorda – hiberna, como alguém havia dito.


Na cabeceira os anéis de ouro branco, 

O pranto nos olhos reflete no espelho.

As mãos lavadas na pia do banheiro

E na cozinha a sinfonia de um ovo frito.


Uma caixa se abre e aquele lindo presente,

Que lembra o passado e prevê o futuro,

Que faz inoportuno me dizer doente,

E assim, tão ausente, enraizar no escuro.


Eis o calor dos novos tempos,

Nas fronteiras ultrapassadas que lapidam os dias,

Nas vias congestionadas por carros e catarros

E o odor do suor mais limpo da história

Que se espalha aos ventos.


E há o doce momento (uma dentada na fruta)

A amada desfrutada na tonalidade da vida

Nos botões das flores e nos de liga e desliga.


(André Anlub® - 24/10/13)

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.