11 de novembro de 2019

Branco no Preto


Branco no Preto

Afiada a faca, corto o rebordo da alma
Grita para ensurdecer o amor
Com absoluta calma enterro o rancor
Um silêncio invade o local.

A janela se abre
O clarão do dia aparece
Sentimentos ruins vão se esmaecer
A felicidade toma lugar.

Ponho-me a pintar
Pensar, anotar, viver.
Ponho-me a questionar
Como, quando, o que.

Mas vem novamente a penumbra
Absoluta certeza de um "desunir".
Largo a caneta, os pincéis e as ideias
Agora minha hora de sucumbir.

André Anlub®

10 de novembro de 2019

Boneco de engonço


Boneco de engonço

Vivia teleguiado pela mídia e suas filiais
Encontrava resposta para tudo nos seus tele jornais
Indignava-se e sozinho resmungava sobre o bem e o mal
Sua opinião mudava conforme ele mudava o canal.

O ibope era o único divisor de águas que havia
As palavras saiam ao vento diante da televisão
Não sabia que era um atrapalhado boneco de engonço...
Nem que estava em cárcere com a corda no pescoço.

O pior cego às vezes é o que quer ver
Regando as mazelas da vida e as vendo crescer
Sem saber que muitas informações são manipuladas
E outros mil escândalos nunca darão em nada.

Temos que esmiuçar sempre o conhecimento
Lendo e relendo o que sabemos ter idoneidade
Saindo dos muros de letras que nos prendem em nossas cidades
Indo voar e se banhar em outras chuvas e ventos.

André Anlub®

A Epopeia de Denise (caixa de Pandora)


A Epopeia de Denise (caixa de Pandora)

Como se começa uma história?
Algo que pode ter acontecido...
E se a mesma não existe na memória
posto que seja um fictício ocorrido:
Denise caminha em uma praia 
e mesmo que o sol não raia
sua alegria insiste.
Se depara com uma caixa.
um baú velho e pequeno
o abre, deixando escapar um veneno.

A caixa...

Dentro havia um sonho
remeteu-a a outros lugares
voava por entre vales
sentia na face leve brisa gélida.
Despiu-se de todos os seus disfarces,
reviu todos que já se foram
(todos que por ela eram amados e ela por eles)
Viu a morte que passou tão rápida e inexpressiva 
que na verdade poderia se tratar de uma nuvem negra...
(nuvem pequena e inútil)
dessa que não faz chuva,
mas dependendo do ponto de vista,
pode fazer sombra
tirando o reinado do sol.
Ela voou sobre a ilha de Páscoa
e sorriu para seus mistérios;
Atravessou alguns deltas de rios,
do Parnaíba ao Nilo;
Ao anoitecer viu Paris
sentiu seus perfumes;
Por um momento os odores a levaram a campos
como se ela estivesse presa numa redoma de vidro.
Foi testemunha do nascimento de uma pequena aldeia
- África.

Os lugares voltavam no tempo
homens pré-históricos surgiam em grupos,
perseguiam mamutes, comiam com as mãos
e descobriram o fogo, a violência e a pretensão.
Ninguém podia vê-la, sequer ouvi-la
e tantas coisas para dizer, ensinar e aprender.
E assim, de repente, tudo foi simplificado a um só casal de humanos,
voltando em segundos ao atual e normal.

Pode ver tanta coisa e estar em tantos lugares,
mas ao retornar desse sonho tão real,
a realidade maior a esperava...
Ela não pode encontrar quem seria prioritário,
quem responderia suas recentes e antigas perguntas,
quem a acolheria, lhe daria afagos e força,
quem a conhecia como ninguém...
talvez, ela mesma.

André Anlub®
(Jun/2010)


8 de novembro de 2019

Sonho meu

Um Eu qualquer



Um Eu qualquer

Me visto à vontade, e em uma culinária delirante me esbaldo;
Desato o laço, galgo espaço, surfo em ondas de rádio;
Me incluo, me desfaço, meu regaço desnudo aos seus braços...
São poliglotas sensações; são cem emoções sem respaldo. 

No alto salto alcanço o lance de imediato;
Entendo o intento profundamente, e passo a filosofar em Alemão.
De antemão nada mais tornar-se-á algo fantástico;
De até então o farto fato é falho no ato.

Um Eu qualquer que se requer em quaisquer situações,
Abundante, quase infinda e bem-vinda tentação... 
Vejo-me em aura clara, calmamente dentro de uma canção:
‘Bennie and the jets’, ou ‘jumping jack flash’, ou só presunção?

André Anlub


7 de novembro de 2019

Estrada Insana



Estrada insana

Não há razão para encarar essa estrada insana, alucinada...
Dizem que vale a recompensa e o amor é tudo.
Se pegar o caminho será apenas de mala, cuia, bota de couro e queixo erguido.
A bota protege das cobras...
Quais? - Cobras travestidas de amizade, segurança e boas intenções.
A princípio não precisará de mais nada, pois se há mergulho é unicamente de cabeça...
variando entre sorrisos e seriedades DURANTE A queda.
Larga-se quietude – pega-se insegurança –, e determinado vai-se seguindo.
A estrada muitas vezes sangra: fortes chuvas que parecem horizontais.
O barro vermelho surge e se acumula nas beiradas formando esculturas de devaneios
que arregalam e alegram os olhos.
Às vezes levam a um sorriso – a uma alegria –, e dão mais força no delírio do caminho.
Às vezes a estrada enche, há a necessidade de nadar e se nada muito.
Sem barcos, sem boias, sem joias, sem glórias, somente com os sonhos.
Às vezes é seca e solo rachado, com inúmeras voçorocas dando a impressão que nos fitam e chamam para transpô-las.
E mesmo com chuva forte, vento, buracos, percalços, se segue em frete com força ou fraco, coragem ou covardia e quase sempre sem perceber.

André Anlub®
(8/5/13)

14 de outubro de 2019

Doentes ou sadios... Somos sábios ao saber lidar com isso e aquilo.




Doentes ou sadios... Somos sábios ao saber lidar com isso e aquilo.
(Tarde de 8 de junho de 2015)

A enfermidade estava sarada, sem a necessidade de remédios caros, atendimento especial ou até mesmo palavras de baixo calão. Pegou o balão e foi ao céu, meditou alguns minutos e voltou sã. Hoje objetiva, distribui compreensão; hoje é menos submissa, na verdade é nada submissa, e aprendeu a lidar com o “não”. Curandeiros foram ouvidos, religiosos, pais de santo, mães de casa, aprendizes, filósofos, numerólogos e até charlatões; ouviram bocas de Matilde, a mãe Joana (dona da casa), o Wally e o Waly... (o sumido e o Salomão); ouviram o cantar de aves raras e a galinha do João; houve também médico de plantão, pó mágico, forca, gilete, gás do botijão, elixir raro, sopa de tartaruga e de barbatana de tubarão... ninho de pássaro raro que a Glória Maria bebe e até o aquele apetitoso medalhão de salmão... Nada disso foi preciso, a enferma estava boa. A doença se foi como tempestade passada em sonho; a doença não deixou destroços, não deixou confusão. Foi-se o tempo ruim, pegou o trem errado para o lado oposto, agora caminhamos na estrada com a calmaria de sempre, com céu aberto à frente e poesia embriagante... Vamos adiante – pois atrás vem gente –, se triste ou contente não é da nossa conta. Já perdemos tal conta, não somos matemáticos para analisar fatos, sensatos e friamente. Se enxergarmos fome, damos um jeito; se esbarrarmos com festejos, damos um nome; avistando outono, damos vassoura; se bater-de-frente com lavoura, damos semente; vindo e vendo verão, cuidado com a dengue; se expusermos demência, voltamos ao começo do texto. Nada muda, é uma corrente, tudo conforme o combinado e o indiferente. Somos frutos das pequenas coisas que fazemos, pois nas grandes, geralmente, não temos controle. Professamos cada passo, cada olhar, cada rasteira, cada intenção de nos enquadrarmos no melhor sentir possível. Não há o que fazer senão o melhor possível... Assim seguimos. Saímos de um canto e montamos acampamento em outro. O tempo estava bom – então aproveitamos – e fomos ser felizes. Quando vier novamente a tempestade, fecharemos as portas, janelas, os olhos e vamos sonhar com dias melhores. 

André Anlub

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.