Caixa preta
(André Anlub - 9/9/13)
Saboreio cada gesto como se fosse o último,
Tento adivinhar o manifesto do seu pensamento
Como se fosse o primeiro, como se fosse justo.
Nada é em vão.
A sua corrente quente me ajuda a nadar,
Fico mais confortável e feliz.
Aquela força resistente me diz:
Atravesse o oceano e me beija.
Pelejas amigas, cantigas antigas,
Caem bem, são bem recebidas.
Paixões passadas, cicatrizes fechadas,
Caem bem, na caixa preta trancada.
Pela manhã molho o rosto e constato minha sorte,
Perdi há tempos a necessidade de encenar.
A barba branca, o cabelo ralo
E da vivência o aguçado faro
- o voo mais acertado.
Limpo a poeira da caixa,
Às vezes passo um verniz,
Mas não abro.
O nosso presente já é tudo que me chega,
Me cega e me cerca, fazendo coerente o amor.
Já não acolho vozes externas, demagogias,
Orgias de picuinhas, não mais...
Enfim você chegou!
Está ardendo àquela prometida fogueira,
Com panos - papéis inúteis,
Quilos de baboseiras...
E a velha caixa queimou.
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