- Isso tudo é
uma grande indecência, uma imensa imoralidade!
- O que? Não
estou vendo nada demais.
- Você deve
estar cego pela luxúria e pela concupiscência.
- Com cuspe ou
sem cuspe, não tenho ciência de nada que abale os alicerces da vida cotidiana
aqui.
- Sua alma
perdeu-se! Vou rezar por você!
- Cada um se
diverte como pode. Agora com licença. Vou ver se alguma dessas imoralidades está
precisando de mim.
- Chiquinho,
cadê Chicão?
- Sei lá, deve
estar com Chico.
- Colhendo
chicória?
- Pra botar
nas xícaras.
- Ha ha ha nós
somos demais!
-
Achicalhantes.
O perfume da
tua voz dando cor à cor de meu jardim solitário que já não mais solitário
canta.
Plá bateu à
porta de Plô.
- Vim aqui
para resolver aquela questão.
- Mas aquela
questão já está resolvida.
- Não para
mim!
- Então não é
na minha porta que você precisa bater.
Bânquilo Manquisa
fez um grande favor a Bânquilo Manquisa : sumiu da vida de Bânquilo Manquisa.
Ele ficou extremamente feliz com isso. Teme apenas procurar Bânquilo Manquisa para
agradecer o extraordinário obséquio. Vai que ele volte.
- Você já
disse isso antes!
- Tudo bem. Eu
também já escutei essa mesma crítica antes, de maneira que não devemos ter
mudado muito, os dois.
- O que é que
você está fazendo aí?
- Depende do
que é “aí” e depende do que é “fazer”.
Mais bizarro
do que alguém estar vendendo dois elefantes pela internet é haver quatro
interessados em comprá-los, dois deles dispensados porque seus cadastros não agradaram ao vendedor e outro
porque desejava separar os animais, que sempre viveram juntos. O candidato
restante concordou em receber semestralmente a visita do vendedor, que passará
uma semana de cada vez com seus ex-bichinhos de estimação. Só falta atender uma
última exigência: o comprador deve ter também um chimpanzé adestrado para catar
pulgas. O sujeito não gosta de chimpanzés.
- Para mundo que eu quero descer!
- Tá. Vai
descer sozinho ou levar os outros todos com você?
Manfina sabe
que não tem muito a perder caso perca tudo. Então Manfina não se importa de
apostas até o que não tem. É um jogo perigoso, diz-lhe uma voz que ela tenta calar
com uma risada. Eu sei, acaba dizendo por fim, já que a risada não calou a voz
que fala em perigos.
Falúnio
gostava de saber do que é que as pessoas gostam. Raramente recebia uma resposta
original, quase todas giravam em torno da satisfação de necessidades básicas,
mas nunca deixava de perguntar, tendo oportunidade. Um dia encontrou Trocólio e
quis saber dele.
- Do que é que
você gosta?
- Eu gosto de
panavíticos.
Os olhos de
Falúnio brilharam.
- E o que são
panavíticos?
- Não posso
contar, porque eu gosto de manter os meus gostos em segredo.
O Viu Só? Estava
ansioso porque o Não Vi Nada não via nada. Mas tá ali, ó, bem na nossa cara.
Bem na sua cara pode ser que esteja, respondia o Não Vi Nada.
- Preciso te
dizer uma coisa.
- Só uma? Em
quantos capítulos?
ROGÉRIO CAMARGO
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