12 de agosto de 2015

Para Sylvia


Para Sylvia      
(André Anlub - 15/4/12)

Abra a porta e deixe a felicidade entrar,
Conte à ela toda sua vida e suas histórias,
Fale de suas amarguras e vitórias...
Convide-a para um chá, temos pão integral e frutas.

Que tal a deixarmos recitar um poema seu?
Fazer desse momento aquele que nunca se esqueça:

- Vamos Sylvia, então escolha você...

Assim, de repente,
Sumimos para além dessa redoma de vidro,
Para longe de uma coação em sua cabeça.

Diga em voz alta, exponha o que lhe faz falta!

- Abram todos, todas as janelas,
Se for repressão ou depressão...
Ainda não está fenecida.
- Faça as pazes com a vida,
Invente que escrever é sua mazela.

- Coloque mais um prato na mesa,
Mais lenha na lareira,
Ajeite a cama...
A alegria quer ficar.

- Sylvia, não se vá...
As letras já estão em prantos.

Todas as pessoas que foram seus sufrágios,
Agora estão deitadas
Em posição fetal,
Com olhos encharcados...

Olhando o além,
Com suas poesias em mãos,
Vivenciando o quão a vida é fatal,
Descobrindo que nem a morte é em vão.

(e nos tempos atuais...)

Presente muitas vezes em meus sonhos,
Com a alcunha de Victória,
Sempre longa fábula de final feliz,
Quimera de uma escritora
Que também é atriz.

Passeando em pensamento,
Sendo lida ao relento,
Denotando em aforismos,
O seu mundo em fartas folhas
Na cabeceira do surrealismo.

Segue mãe:
- imponente e linda.

Colosso na exposição dos sentimentos.
Por dentro estrutura abalável,
Sensibilidade inimaginável.

Os rebentos amparados,
Longe das asas da mãe...
O fim já anunciado
Pelos martírios de viver.
Sua escolha: infindável branca folha,
Jamais entenderão, jamais...
O que seria seu bel-prazer.

Trinta anos são tão parcos,
Para uma rainha na imortalidade.

Temos que carregar os fracassos
Com a incumbência de pisá-los.

O dito “Efeito Sylvia Plath”...
Muitos poetas carregam no cerne...
Não está pertinente a perder:

- É somar o muito além do que há.


4 de fevereiro, 1963

Querida mãe,

(...) Eu jamais poderia ser autossuficiente nos Estados Unidos; aqui tenho os melhores médicos completamente grátis e, com crianças, isto é uma verdadeira bênção. Além disso, Ted [Hughes] vê as crianças uma vez por semana e isto faz com que se sinta mais responsável na hora de pagar a pensão. Simplesmente, terei que continuar aqui me virando sozinha.

(...) Agora as crianças precisam de mim mais do que nunca, de modo que durante mais alguns anos tentarei continuar escrevendo de manhã e dedicando-me a elas durante a tarde, e verei meus amigos ou lerei e estudarei de noite.

Começarei a ir à consulta de uma doutora, também a cargo da Seguridade Social, que me recomendou um médico do bairro muito bom que conheço, e confio que me ajudará a superar esses tempos difíceis. Mande meu beijo carinhoso a todos.

Sivvy"

Uma semana separa a última carta de Sylvia Plath (1932-1963) da noite, segunda-feira, lua quase cheia, em que abriu a válvula de gás do forno e enfiou ali a cabeça até morrer intoxicada. Seu ex-companheiro, o poeta Ted Hughes, havia definido a escritura de cartas como “um excelente treinamento para aprender a conversar com o mundo”. Não sabia que também servia para se despedir dele. Excelente escritor de cartas, Hughes redigiu textos secos e frios para comunicar a notícia fatal:

"Querida Olwyn:

Na segunda-feira de manhã, às 6 da madrugada, Sylvia se suicidou asfixiando-se com gás. O funeral será em Heptonstall na segunda que vem. Ela me pediu ajuda, como muitas vezes fazia. Eu era a única pessoa que podia tê-la ajudado, e a única tão cansada de suas exigências que não foi capaz de reconhecer quando realmente precisava de ajuda. Escreverei mais para você depois.

Com carinho,

Ted"

Retirada da matéria do El País: "As últimas cartas de grandes escritores" Link: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/08/06/cultura/1438859178_467507.html

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Agradecemos pela leitura.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.