(André Anlub - Jan/2012)
Aquele velho casebre de madeira
O frio no outono já era intenso
Queimávamos lenha
Eu no piano arriscava um Keith Jarrett
Nós sempre o achamos o máximo
E tudo era o máximo.
Meu cachimbo e óculos
Companheiros de leitura e escrita.
Lembro-me da sopa no final da tarde
Incensos de patchouli.
Você no edredom marrom
Lendo Sylvia Plath
Eu, disfarçando, lhe olhava
Às vezes descia sutil lágrima de seus olhos
Sei que era inevitável.
Seus cabelos castanhos
Combinavam com o piso de tábua corrida
Lembrava um casulo de borboleta.
No segundo andar tínhamos a visão do vale
Por do sol mais lindo não existia
Por uns minutos o lago refletia o alaranjado
Espelho da vida.
Enormes eucaliptos cercavam o local
A quietude era tamanha que o mundo era nosso
Nem aviões passavam por ali
Não era rota de nenhum.
Com uma leve chuva que veio
Chegou também o cheiro de mato molhado
E com a ida da mesma
O arco-íris e o cantar de muitos pássaros
Suas belas melodias.
Nos seus ninhos de gravetos
Com seus medos e fragilidades
E a liberdade de voar...
Ah, voar...
Isso eu não podia...
Aliás, podia sim.
Mas somente em sonhos.
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