Foi descoberto fora do sistema solar um
planeta duzentas vezes maior que Saturno. Nada sei sobre a reação dos
descobridores e seus entusiasmados comparsas, mas não me é difícil visualizar a
excitação. Infantil excitação. Para além deste, devem existir trobilhões de
planetas corvilhões de vezes maiores do que Saturno. E daí? No que é que isso
muda a nossa infelicidade, a nossa ignorância de nós mesmos, a total
inconsciência do que acontece em nossos porões infectados de maus entendimentos
a nosso respeito, a respeito dos outros e a respeito da vida? Dizem que os
cientistas conhecem menos do fundo de nossos mares terrestres do que já sabem
sobre o Espaço. Não tenho também como confirmar, repito de orelhada. Mas não
preciso fazer nenhum esforço de ceticismo ou de descrença para ter bem presente
o fato de que, se soubessem “tudo” a respeito do fundo de nossos oceanos, eles
continuariam sabendo bem pouco sobre si mesmos. Pela simples razão de que não
voltam seus olhares para lá. Exatamente como fazemos todos nós, todos os dias,
procurando saturnos diversos em nossas circunstâncias ou para além delas. Descobrir novidades
empolga, engana o ramerrão tedioso da autossuportação. E bastaria um olhar
interessado que focasse com isenção este movimento para nele descobrirmos não
só razões falsas para essa grande fuga, como toda uma verdade apaixonante por
trás dela.
ROGÉRIO CAMARGO
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