Despedida VII
Ele sonha que invadiram o lugar comum
E experimentaram a presença do sossego;
Os olhos de todos voltaram a ver
O simples toque de desapegar do supérfluo.
Sonhos são sempre sinceros,
Basta aos loucos laicos entendê-los.
Metendo os bedelhos em sonhos alheios,
Tentando decifrá-los, desfragmentá-los...
Mas obedecendo, com esmero.
Ele já é um sonhador,
Sonha sempre em sons de sinos.
Hoje só sonha acordado – eis alguns marasmos...
Os pesadelos...
São suas sinas.
Assassinas vozes entram em acordo
E acordam em acordes...
Acordam os doentes,
Geralmente nos sonhos bons,
Agora sons estridentes...
Irreconhecíveis tons, cantoria, idioma:
Variam conforme os dias,
Variam conforme o Valium,
Voltamos ao “Frontal com Fanta”.
Despedida VIII
Sábado de sol,
De sola de sapato sendo gasta
Pelos amigos que passam e se vão
Ao longo da rua.
Sábado de poesia, de escrita;
Acordei escrevendo, depois li um pouco...
Agora escrevo novamente.
Voltando algumas horas no tempo:
Essa noite fez um frio de inverno,
Acordei na madrugada em posição fetal
E com uma estalactite no nariz.
“Eta ferro”, me meti no frio da Serra;
Frio que me serra os ossos,
E quase, mas quase, gela meu sangue...
Foi por um triz.
Voltando ao tempo atual:
Almoço pronto,
Deixo meu “boa tarde”
Ao moço que passa
(mais solas sendo gastas).
Barulho de maquita cortando algo,
Complementa o som que ouço aqui...
Qual música?
Hoje deixarei à imaginação de quem lê.
Indo adiante no tempo:
Em casa com os cães,
Meu peixe pronto,
O mesmo som de agora,
Sol queimando a cachola,
Ao tédio meu afronto.
Preciso só imaginar e já sinto o cheiro de café,
Aquele fresco – novo – aquele meu;
Misturando-se ao perfume L’occitan que estou usando.
Vejo o céu limpo, ouço os cães distantes
E os cães aqui também latem.
Preciso só imaginar e já sinto o beijo...
Ah,
O som é Joni Mitchell,
Do disco Blue.
André Anlub®
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