Em breve e logo mais, não são “pra já!” (em doze tempos)
I
Saindo de Juazeiro, nuvens,
Sol quente, um pouco de sede e muito já de saudade;
Deixando o olhar dos cães
E os meus olhos úmidos para todos que tenho apreço...
Mas é breve, é coisa ligeira.
O tempo passa tão logo, tão “flash”, como os ponteiros do relógio,
Na pressa e na eternidade do tempo que sempre já foi.
Seguem avião e emoção,
Trocam-se óculos...
Escuros – de grau.
Vem bloquinho, vêm sonhos de realidades;
Ao meu lado na poltrona: ninguém!
Lugar vazio é coisa rara nos tempo de hoje...
Vai ver foi de sacanagem,
Para aumentar o vazio e duplicar a saudade.
II
Entrando em Brasília:
Nuvens parecem montes, montanhas;
Nunca as vi com tais formas.
Ao longe uma se destaca mais assanhada,
Como uma torre alta, feito um castelo.
Lá embaixo um rio longo
E a sensação de estarem todos dormindo.
III
Sábado (13/12/14):
Meu café, dia chuvoso – parque meio alagado,
Cabeça lenta, bate-papo com a vendedora de uma loja vazia
E o encontro com um amigo.
Já se foram àquelas pernas energéticas, descontroladas,
Que andavam de um canto ao outro
E nadavam, nadavam a esmo ou não,
E corriam, a esmo ou não, na mais infindável eficácia.
IV
Um rissole de camarão, café espresso
E a pressa de ir a lugar algum.
Uma farinha de maracujá e mais caminhar...
Algumas coisas mudaram/mudam e outras nem tanto,
Busco sempre a poesia velha/atual/nova; o bom, a meu ver, é isso!
E ela?! ela está em todo lugar... Quem?
- Agora não importa...
O celular vibra – é mensagem – é tecnologia!
Agora não; não largarei a caneta.
V
Vulcões estouram, à realidade da lâmina do vento,
Entre diversos contratempos: melancolia e saudade.
Seguimos espertos nos mares, nos maremotos cabreiros,
Nos peixes-espadas guerreiros e ingestão de ornamentos.
O tempo agora é amigo – parceiro, sombra e herdeiro;
Delicado, bem-humorado, sorri a mim com sarcasmo.
É meu ouvinte esse tempo, o grito que ensurdece os receios,
Segredos e vivencias e abrigos – antigos pensamentos são recentes.
VI
Barba enorme e o cabelo que não cresce,
Prece disfarçada de poesia.
Todo dia um bom-dia à “reprise”
E o “vixe” que procuro nas nuvens.
Damos sempre “viva” aos mortos,
E tem aquele que se faz evidente;
Cantam descrentes e crentes à sorte,
Cantam ao norte na hipocrisia da vida.
VII
Enquanto o sol beija meu corpo
Na fria manhã dessa quarta,
A folhinha com os dias marcados,
Parece caçoar da minha cara.
Veio tranquilidade, mas logo a má notícia;
Veio no dia à perícia, para dar certeza ao estrago.
Mas ponho forte o cordão, meu São Jorge pendurado,
E faço o branco pendão, a paz em seu imaginário reinado.
VIII
Rigor na minha sábia decisão,
Mudanças nos planos da festa;
Há pudor, mas há tiro na testa,
Se houver algum ligeiro mau humor.
Tudo são fogos com o foco armado,
Embriagado de fortuna e sorriso.
Tudo são figas nas mãos dos amados,
E com torcida não há mais perigo.
IX
Ouço pássaros chamando meu nome,
Pela varanda novo dia de conceitos e afins.
Ouço músicas que me remetem ao sono/sonho profundo,
Talvez nostalgia.
Há a obscuridade de lembranças,
Mas há a claridade das promessas e esperanças;
Há um tempo muito novo – talvez amanhã ou daqui a uns anos;
Há um tempo antigo – talvez minha infância ou seis meses atrás.
Na adolescência o tempo era farto,
Mas aos nossos olhos tornava-se escasso;
Com a maturidade o tempo torna-se escasso
E não há espaço para colocarmos as farturas.
X
O Natal bate à porta,
Entorta e revive as letras já tortas e mortas;
O novo dia chega chegando,
Breve e erudito, compromissado compromisso
De haver algo novo e harmonia.
Beijo meu anel de São Jorge,
Ato falho, desnecessário...
Pois na fé sempre me agarro!
Coloco as chinelas que trouxe
De couro velho e sola de pneu de carro;
Coloco o pijama bem leve,
E para o frio de Itaipava me preparo.
XI
Um “drops” e um drope no copo de café,
Lá vem, com cara de cinza, mais um dia.
Hoje nada de sol, só de só (mas sobrevivo).
A névoa que não se espalha traz um pedaço de bom dia,
Traz a fleuma, bela visão do horizonte,
Inspiração e todo o restante montante...
E, à revelia, me impute felicidade.
O frio não veio;
No velho que passa pela rua com frio,
Vejo seu pensar distante e seu andar sereno.
Na criança do vizinho,
Sinto o dom da juventude.
No pássaro que canta no voo,
Ouço o som da liberdade...
Hoje sou o mesmo Eu,
Mas mais suave;
Sou velho,
Menino
E sou ave.
XII
Agora é sentir a brisa e deixar o clico rolar,
É soltar o barco no mar e acreditar;
É curar o arrepio, ser pertinente e vadio.
A sujeira pode ser limpa
E o borrão tornar-se um belo desenho.
O arremate depende do escultor,
A escultura não está completada;
O que virá, veremos,
O que se foi, folguedo (não quis ser indelicado).
A justiça sempre é feita, de uma maneira ou de outra.
Agora me torno mais eu e bato o martelo;
Cumpro minha missão,
E na submissão, que assaz “sub”,
Meço-me.
André Anlub®
((...)19/12/14)
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