10 de setembro de 2020

excelente quinta




O trem, a vida, outrem


Vi os trens de Norfolk; mas foi num sonho.

Vi um céu igual o dos Simpsons, só que real.

(abre aspas)

Nunca duvidei de minhas capacidades,

Elas que ocasionalmente duvidavam de mim.

Hoje a “dúvida” é minha fiel engrenagem

Minha âncora, minha pólvora, meu estopim.

Hoje há nevasca só quando faço um desenho,

Mas meu empenho é sempre em traçar o amar.

O amanhã sempre em odes que eu mesmo resenho,

Estará lá, porém, também, para o insano em hesitar.

Quimeras de ocasião, canções que devemos aprender,

Seguindo as rodovias que trafegam os segredos,

Eu, você e as artérias e veias que levam nosso viver...

Nunca fomos de brinquedo.

(fecha aspas)

A vida ensina tudo a todos,

Mas a morte é egoísta, 

Não ensina nada a ninguém.

Nem ela, - nem eu, 

Sabemos o que um poeta quer dizer,

Mas a poesia sempre deixa algo no ar...

Ninguém sabe se é real.

Nem o poeta, nem a morte...

Só a vida sabe.


André Anlub®

1 de setembro de 2020

Esfera serena

 



Esfera serena


No papel que pela vida é dado,

Numa novela mexicana frenética;

Em canetas que sangram as tintas

E abraçam as ideias e abrem as janelas.


Há vivas uvas ainda nos cachos

Na esperança de tornarem-se vinho;

No absinto de um achismo moderno:

Eterno feitiço, perene façanha, farto fascínio.


A vivência dos que não veem a violência,

Na indecência do luxo de serem cegas;

Clamam em plumas, rimam e pregam...

Vozes roucas em uma aquarela sem cor.


Há pequenas películas transparentes

Nas paredes de prisões confortáveis;

Há nuvens brancas em céus instáveis,

Anunciando olhos e sonhos fugazes.


Veem-se excelências e suas essências vorazes

Cantarolando alto por todas as partes,

Canções novas de um velho compositor,

Aquele redentor que constrói novos lares. 


Em pífias poses do desconforto do pleito,

Fazem-se modelos de suas próprias fotos;

Criam fatos, criam fetos, creem em feitos...

Dentro do falso globo sereno e perfeito.


André Anlub

29 de agosto de 2020

Sem febre

 



Sem febre


Sem febre, em frente, mas em chamas; 

Ontem era frio e duro como uma pedra de gelo,

Hoje estou quente e flexivelmente recorrente...


É a tal inexplicável cautela absurda ao zelo.


Haviam visões tumultuadas e desfocadas 

De bocas pedindo ajuda em ruas em combustão;

Haviam águas de mágoas imaculadas em nada

Escapavam em assombrações pelas mãos...


Inexistentes mãos.


Mas hoje é, acima de tudo, um dia bom – com nexo;

Se ocorreu um terremoto, não fez qualquer ser vivo perder o foco.


Mas se o que foi ontem foi suspiro de começo de sexo?

Talvez troca de olhares, carícias repetidas e as bem-vindas inéditas;

E névoas e neves e nuvens que meramente vão e vem;


Agora, no momento, tudo se foi no vácuo de um vício eterno...

Esse meu e seu de rir do hoje que amanhã será ontem

E no futuro, eu ou você talvez sejamos: outrem. 


André Anlub

25 de agosto de 2020

Lendas verdadeiras

 

Lendas verdadeiras


Indo esperto, sendo longe, médio ou perto;

Frio tipo espeto, noite longa de outono.

O cheiro é evidente, o barulho estrondoso,

Faca nos dentes e o corpo solto e impetuoso.


Quem foi e voltou feliz, não se esquece...

O melhor dos melhores é somente reflexo;

Quem é saudoso às vezes se aborrece,

Pois imerge fundo no indiscreto sem nexo.


De certo modo torto anda-se reto

Com a mente dormindo e o ideológico ereto.

A vida é louca varrida, empurrando com a barriga,

Os pés num céu encoberto de uma tempestade vadia.


Tudo firme e fato; tudo filme e teatro;

Nada falso e forca; nada Fausto e diabo;

Nas lendárias escrituras – imaginárias rebeldias,

Perde-se o talento de Goethe, se ganha de jeito à poesia. 


André Anlub

22 de agosto de 2020

Árvore de Josué

 




Árvore de Josué
Isolado no deserto, na sombra da grande árvore de Josué
Escrevo alguns singelos rabiscos líricos
Com o pensamento em nossa casa, lá, distante
Em nossos cães correndo, deselegantes...
Vindo de encontro a você.

Por um instante a alma estacionada aqui se eleva
- Não há treva nem angústia
Sinto meu corpo acompanhando
Por dentro de memórias e histórias sublimes.

Sentindo o belo em todos e em tudo
Caminhando na chuva por cima de um arco-íris sem cor
Surdo para qualquer som absurdo
Um banho de chuva e de glória.

Estou no alto e vejo-me pequenino sentado
Estendo as mãos e solto um dilúvio de letras 
Elas se unem formando versos
Casam-se como bolas de neve
Banham minha carcaça, minha pele
Deixando-me ainda mais extasiado.

São dois de mim que se completam
Ilustrando para expor como me sinto
Porre de absinto de inspiração
Banho de chuva, seiva suave,
Que salva a todos – no tudo,
No corpo, no avejão.

André Anlub®


20 de agosto de 2020

excelente quiinta aos amigos

 


O mestre em yoga

Com a força de vontade

Ensinou-me o yin-yang.

Sei que tudo vai e volta

Na vida e na verdade

Como bumerangue.

Viver não é uma “suruba” em Aruba

Tampouco um “ménage” em Laje.

O mestre Yoda

Sem pretensão

Ensinou-me a força

Mas numa live

E por livre e espontânea pressão.


Lá vem você satisfazer,

Tirar-me o fôlego que faz ferver.

A sua nudez me persuade

E faz mais grave o meu querer.

Vejo-a no quarto e na rua, nua.

De olhos abertos, olhos fechados,

Vou à lua, ao centro da terra...

Alucinado.

Na retina o brilho da silhueta,

Na pele crua o doce arrepio.

Suas facetas impõem o medo,

Impõem domínio e expõem segredos.

Lá vem você – agora

Minha alma implora... E grita:

A casa é sua, a rua é sua, meu mundo é seu.

Pode vir.


André Anlub®



19 de agosto de 2020

Nuvens novas





A Mentira de pernas curtas, médias, longas, maratonista ou lerda, um dia se enfastia e acaba sendo alcançada.

Nuvens novas

Despontaram pela montanha: sonho, esperança, rebanho.
Olhos se encharcaram novamente: na boca seca os poemas saem fanhos;
As mãos alcançam o que outrora esteve atrás,
Afagam, resguardam – todavia – o que agora está à frente. 

Em demasia os novos elos da corrente: nascimentos, novas falas;
Almas virgens – desvirginadas; semente do afã que à mente abala.
Atuação impecável, no futuro o tempo passado – o tempo presente;
Força corriqueira que desce em paralelo: corredeira;
Forca traiçoeira que sobe feito fumaça ao norte: morte.

Pela janela nuvens de chuva se viam e serviam de cenário,
O chá bem quente, a febre rente e ardente, 
O cheiro do campo descansa: quase um calvário.
No pensamento sucinto, incondicionais certezas invadem:
Há nuvens novas; há versos em pássaros; há fleuma na flor que nasce.

André Anlub


5 de agosto de 2020

Das Loucuras (Xerpas e Denisovanos)



Das Loucuras (Xerpas e Denisovanos)

A animação chegou com vontade
A força de uma energia que pode ter vindo do espaço
Nervos de aço; sangue díspar; disparidade
Todos num só, mas com outro caminho traçado

Terras sem dono; donos que muitos desenterram
O tempo fez seu serviço com o compromisso da espera.
Ouroboros, bolos confusos da história...
Bora saber mais dos tempos de gloria.

E dizem por aí que há resposta para tudo,
O absurdo do burro e achar que é a cenoura que quer enganá-lo.
Cada asno no seu cercado; cada bugio no seu galho
E o homem achando que é o dono do pedaço.

Quanta ironia nos cerca quando se joga a pedra
Pois não faz onda no congelado lago.
Por entre casas velhas e novos edifícios
Teimamos e focamos no ego medíocre
Que nos afasta do achado e aproxima do estrago.

“Nem margarida nasceu” – nasceu foi o imbróglio.
E assim passam-se os dias, em idas, uvas, vinhos, vinhas...
Única alquimia necessária, dentre tantas dispensáveis,
Procurando chifre em cabeça de unicórnio...
Talvez em Marte encontraremos a resposta...
Mas tem que estar bem explicadinha. 

André Anlub®
(2/8/20)



Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.