Mundo
de Madeira
Aquele
velho casebre de madeira
O
frio no outono já era intenso
Queimávamos
lenha
Eu
no piano arriscava um Keith Jarrett
Nós
sempre o achamos o máximo
E
tudo era o máximo.
Meu
cachimbo e óculos
Companheiros
de leitura e escrita.
Lembro-me
da sopa no final da tarde
Incenso
de patchouli.
Você
no edredom marrom
Lendo
Sylvia Plath
Eu,
disfarçando, lhe olhava
Às
vezes descia sutil lágrima de seus olhos
Sei
que era inevitável.
Seus
cabelos castanhos
Combinavam
com o piso de tábua corrida
Lembrava
um casulo de borboleta.
No
segundo andar tínhamos a visão do vale
Por
do sol mais lindo não existia
Por
uns minutos o lago refletia o alaranjado
Espelho
da vida.
Enormes
eucaliptos cercavam o local
A
quietude era tamanha que o mundo era nosso
Nem
aviões passavam por ali
Não
era rota de nenhum.
Com
uma leve chuva que veio
Chegou
também o cheiro de mato molhado
E
com a ida da mesma
O
arco-íris e o cantar de muitos pássaros
Suas
belas melodias.
Nos
seus ninhos de gravetos
Com
seus medos e fragilidades
E
a liberdade de voar...
Ah,
voar...
Isso
eu não podia...
Aliás,
podia sim.
Mas
somente em sonhos.
André
Anlub®
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