Leitura Alimenta propõe solução simples e eficaz para popularizar o hábito da leitura em famílias de baixa renda. Saiba como ajudar
por João Mello
A gente não quer só comida: a leitura é muito mais do que lazer //Crédito: Divulgação
Já virou lugar-comum mas é sempre bom lembrar: o brasileiro lê pouco. Por mais que nossa economia cresça, o contato do brasileiro médio com a literatura ainda é um território a ser explorado. Há quem diga que transformar a realidade é pegar um lugar-comum e dizimá-lo. Ao colocar livro e comida no mesmo patamar – o das necessidades básicas do ser humano - é isso que o projeto Leitura Alimenta almeja: deixar claro que alimentação cultural e alimentícia são dois lados da mesma moeda.
Pesquisas dizem que o brasileiro lê quatro livros por ano. Além do número ser baixíssimo, ele retrata uma média, ou seja: tem gente que lê 10 vezes isso, assim como tem milhões de famílias que nascem e morrem sem nunca ter encostado em um livro. O Leitura Alimenta propõe uma solução absurdamente simples pra esse problema: você doa um livro, eles o colocam uma cesta básica.
Por trás da ideia, Murilo Melo, Marcelo Rizerio e JulioD´Afonso, três publicitários que usaram a estrutura da agência que trabalham, a Leo Burnett, para fazer a ponte entre a Livraria da Vila e a Cesta Nobre, empresa de entrega de cestas básicas. Mas outros parceiros apareceram no meio do caminho: “Uma madeireira cedeu caixas para carregar os livros e uma gráfica ajudou a gente com a impressão do folheto informativo que vai junto com as cestas”, explica Julio.
Livro com o carimbo da campanha: com um desconto de 30%, você compra livros novos e manda para as caixas de doação //Crédito: Divulgação
Apesar de ter começado dia 26 de fevereiro, o Leitura Alimenta já superou qualquer expectativa de seus idealizadores. “Estamos recebendo mensagens do Brasil inteiro para expandir o projeto”, diz Julio. A primeira remessa será restrita à periferia de São Paulo, mas as próximas devem ir para outas regiões do país, conforme a demanda dos clientes da Cesta Nobre.
A princípio, o movimento se encerra dia 26 de abril, mas muito provavelmente ele irá se desdobrar: a meta é que um dia as 3 milhões de cestas básicas da Cesta Nobre tenham um livro. Julio diz que eles até foram procurados por um deputado que quer transformar a iniciativa em projeto de lei.
Não é todo livro que pode ser doado. Por razões mais ou menos óbvias, foi elaborada uma lista de livros não permitidos: didáticos ou técnicos, religiosos ou políticos, eróticos, em língua estrangeira, puramente fotográficos ou qualquer obra com conteúdo ofensivo não é bem-vinda.
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