Beltrano dos Santos
Ao final da tarde as flores enfim se mostram mais dela, submissas,
Num colorido real e pétalas como olhos famintos de belo.
E ela, dama, atravessa os jardins a passos tímidos e sutis,
Abrindo os lábios e deixando brotar as próprias cobiças.
Um artista do amor sorri e aponta seus dedos magros,
Outrora gordos e inebriados de nanquim:
- Ai, ai, ai, é o fim, ela não me notou...
Choram eu, ele, você e os jardins.
E o chá, um sopro para esfriar;
Vem aqui – foi lá.
A fumaça do tabaco profana a luz
Que atravessa a janela adentrando o quarto,
Trazendo a beleza que há aos olhos abertos
No limpar das remelas, no sonhar, realizar e fazer jus.
Beltrano dos Santos é uma figura,
Já foi profeta, mas não se mostrou... só ele sabia;
Nas alquimias que os anos trouxeram
A derradeira ainda estaria porvir;
Mas ele não tem pressa, o amor não tem pressa,
E o que só interessa é o acreditar sem fim.
André Anlub®
(18/5/14)
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