Dueto da tarde (XII)
Andava sobre as águas ou sobre alguma
coisa que as águas diziam ser,
Embrião de certo ancestral que vivia num
tempo medieval, ou num que fazia jus a crer...
Tudo por ali se escoava porque águas
escoam, se lhes é permitido
E no mesmo sentido a pureza norteia e
desfaz o vil “umbigo” que a grandeza diz ter.
Ter, ter. Se a grandeza tem de fato não
é o ato de dizer nem o de esconder ou de prometer que garante às águas o que as
águas garantem, e seguem nada errantes, buscando o conforto no dom de ser parte
de toda a concepção.
Andava sobre as águas como uma caravela
sem velas, casco ou tripulantes
Era louco varrido – varrendo – variante,
variável várias vezes de variedade em variedade.
Era um elemento químico, ou sólido, ou
filme... quiçá fuligem, de mente de símio, mas absurdamente pensante.
Olhava para o que as águas diziam ser,
olhava para si mesmo nas águas, olhava para o impossível de tudo.
Chegou à conclusão do absurdo que é ser
louco, símio, embrião, variável, errante, navegante, e não saber de nada, pois
já sendo água é tudo, e andando sobre si mesmo pode até (sem querer e de
repente) ser um Deus.
Rogério Camargo e André Anlub®
(14/12/14)
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