Os melhores nem sempre são os ideais, há de se distinguir uns dos outros.
(madrugada de 16 de agosto de 2015)
A conotação disse pra denotação que a mesma tinha um coração de pedra; a denotação acreditou e morreu de infarto!
Enfrentou um inimigo fraco e normal para massagear seu ego; pensou no fato de que pequenos e frágeis problemas fortificam para encarar os grandes e fortes desafios. Banalizou o banalizado; voou baixo – rasante – e em um levante dentro de um rompante: adorou a própria história. Um sonho: os fortes nos fortes, a esquerda e seus assistentes para funerais; liga aqui, desliga lá, assim segue a palavra certa no disfarce da errada. Os óculos embasados nas visões embaçaram... não se vê absolutamente nada; tudo é estranho, agitado e vadio; tudo é apocalíptico, paralítico e sombrio. Ninguém mais fala bem da realeza, está falida, carcomida pela inocência descabida, mas que cabia em todos os momentos. Deduções: simples observações; coincidências: análises complexas de costumes. Pensa-se que não! E nas esquinas papéis no chão, nas poças d’águas das chuvas, são anotações importantes, poemas raros e listas de compras de supermercados; há algo demasiadamente misterioso nessa magia negra do cotidiano; algo aquém/além que não conseguimos tocar, ver e descobrir. Nada pode ser só o que é só, e ser só o que é muito e ser só seja o que for. Ninguém quer se meter em assuntos disformes, textos escritos em letras garrafais em um idioma extraterreno que se finge não dar atenção. Existe o sábio que vive na simplicidade, à vontade e feliz; planta, colhe, come, dorme... segue na “rotinagem” com meditações nos intervalos e muito maracujá para passar bem à noite. O sábio pode ter medo de algo, mas mesmo que todos saibam, o medo jamais saberá; pode não temer a morte, mas isso ele prefere desconversar. Ele sabe que a hora é de não mais recordar; é hora de cortar a corda e deixar a âncora o mais livre possível para afundar (no bom sentido). Nesse momento ventos fortes chegam ao local... e o local se entrega a eles. Há um ser melhor dentro do sábio, dentro de todos nós... mas nem sempre é o ideal usá-lo o tempo todo; assim o cansa, o deixa frágil, previsível e vulnerável. Há o tempo certo de empunhar a espada e o tempo certo de deixa-la oculta; o tempo certo da gargalhada solta e travessa e o tempo para rir por dentro. A desconstrução de uma identidade forjada há anos pelo sistema (e muitas vezes com o aval da família) às vezes é muito difícil; a exemplo da pessoa que é moldada para ser mãe e/ou dona de casa, e tem isso como meta, mote e foco, e nada mais se busca. Já vivenciei muitos casos de amigas que estudaram, batalharam e se formaram em faculdades, mas não puderam exercer a profissão, pois se tornaram mães e/ou propriedades privadas implícitas dos maridos, por seguinte "do lar". Algumas quando acordam e descobrem-se descoloridas, caem por si e constatam que já é tarde demais; por orgulho, comodismo ou sabe-se lá o motivo, repassam (consciente ou inconsciente) ao filho a doutrina machista e à filha a submissão.
Manhã de 14 de abril de 2015 (com sabor de Bardo que brada na quebrada)
Vim novamente da escola da história; aquela sofrida – ou nem tanto. Passo e vejo a rasteira do capoeirista que entorta a pista ou somente meus olhos.
Leio enquetes no céu sobre cores do tempo, sobre sofrimentos e felicidades, casos eternos perdidos em uma bolha chamada: “talvez”... E algo mais, ou algo assim – ou nem tanto. Sinto o cheiro de grama encharcada, de cavalo, daquele mato irrigado, daquela bosta de gado – estrume fresco. Pois bem, estou em casa, enfim.
(vou fazer café fresco, pão de centeio, queijo coalho e Muddy Waters no som bem alto). Acendi a lareira, o incenso, a ideia e vi o moleque Manoelzinho descendo a ladeira nesse frio congelante e inventivo... Menino, sem casaco, sem uma calça quente, sem gorro, sem dente, sem família. Voa por cima do muro uma coberta de linho (tenho uma novinha que ganhei da minha avó), ele pega e se transforma em um casulo gigante – algo pré-histórico. Deu-me um nó na garganta e não consegui cantar! Resolvi fazer uma oração, calado (antigamente era mais fácil ser enfático, fantástico, fanático, fantasioso e sonhador). Nesse instante um dos santos da estante me olha com um olhar de quem quer dar um passeio; me fala mudo com olhos fixos, e, por fim, me cala em receio – o pego – levo ao outro cômodo e o acomodo em cima do parapeito da janela. Nesse momento o tempo abre, o sol brota tímido e as nuvens quase se transluzem – dando para ver a felicidade ao longe.
Tarde de 20 de Abril de 2015
Vem à dor de cabeça, mesmo que imaginária; vêm os placebos da leitura, escrita e ficar solitário. A versão da história há tempos foi deturpada, pois nunca faz-se nada que não traga um avesso apraz. Nada é capaz de entreter intermitentemente os eu próprio capataz; loucura, e é mesmo. O avesso agora se fez travesso e belo, repartindo o bolo em ¼ de desequilíbrio. Complexo colorido de combinações perfeitas aos olhos perplexos e mentes entreabertas; mentes de calibres sutis, em situações de insinuações sinuosas e citações hostis (tirei a noite para ler Foucault, mas faltou fetiche e o fantoche para findar tal festa). Vem à dor na perna, mesmo que real. Após a corrida vespertina em um suor mais forte, em um sol mais forte, um pique mais forte de um corpo mais fraco. É abril, mas poderia ser sonho; é um mês escancaradamente gordo; os bordões estavam prontos e os bordéis idem: tais “ai” e “hum” e “ha” num vai e vem intenso de dar inveja ao pêndulo do relógio antigo da sala. É abril, mês que escancara; vou dar minha cara à tapa que estarei pronto para qualquer jornada (tirei a noite para ler Ana C., vai faltar você. Já cedo faltou enredo, há medo no querer). Não é física e nem afásico, talvez algo frásico sobre/sob fusão: alcança-se o ponto de ebulição da água 50% mais rapidamente ocupando-se em outra coisa.
Ela deixou o rastro do seu corpo no suar, no soar, no sorrir... Deixou ares de paz em céus azuis, em noites bem-vindas, em toda a dicotomia de céus sem fim... Ela deixou, mas prometeu voltar antes que tudo esvaeça.
Noite de 18 de abril de 2015 (com divinização da poesia – divisor de águas)
Na sombra dos medos nasceu o pé de luz. (meu pé de cabra arrombador de Eus) E esse pé cresceu – se ergueu, ficou forte – criou porte, deu frutos, assim. Amadureceu a chave do mundo – a chave de tudo e futuro eternizado: chavão. Janelas se abrem; se abrem cortinas e vem o beijo do sol e vem penetrando o clarão. Mistérios nas nuvens, e obtusos e abstrusos e absortos. Abriram-se dentro de um aberto brilho no imaginativo castelo os portões. As notícias melhoraram com o céu lavado, o infinito ficou mais perto; ouço aquela menina me chamar para um drink no escuro. Ou no inferno, “a la Tarantino”. Visões de queijos e vinhos – paladares de bocas e intestinos, tudo faz sentido de alguma forma. Há um gigante ou há um anão entre o rei e o umbigo, decididamente isso é de fato uma norma. Já ouvi a menina dizendo cantando que nada a deprimia... E depois sumia. Talvez fosse para outra galáxia ou talvez tocasse violino para inspirar um milhão de alguém. Lá vem um inverno rigoroso... Vou colocar um casaco, deitar, ler e tirar um cochilo... Na luz da coragem o pé de luz cresce. O mar não está para peixe ou é você que não está para o mar? Às vezes é bom fingir-se de morto e deixar a maré te levar! Busque o sol somente para ti: privado – intransferível – infindável; ele há de te retribuir: livre – comunitário – temporário... Assim, como quase sempre é o amor.
André Anlub
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Biografia quase completa
Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)
Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas
Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)
• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)
Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha
Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas
Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)
Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte
André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.
Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.
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