Se ninguém tomasse iniciativas, seguindo
algum impulso interno, correto ou incorreto, o homem não teria saído de dentro
das cavernas pré-históricas. Na base da experimentação, da tentativa que dá ou
não dá certo, é que se foi conquistando o que se conquistou. Até aí, uma
obviedade sem problemas. O enrosco principia quando a criatura enquadra mal as
consequências deste impulso. Ou ela vai faturar bobamente em cima das
consequências, porque elas resultaram numa coisa boa, ou vai se acusar,
condenar, oprimir pelo fracasso. Quando, no fato, não existe absolutamente nada
disso. Ou nos fatos, que são três: a ideia, ela funcionar e ela não funcionar.
Olhados com isenção, dispensam qualquer pró ou contra que a mente queira
produzir. Só faz sentido dizer que o sol é “bom” porque nos acostumamos a dar
corpo às emocionalizações. Do ponto de vista dele, do próprio, não existe
maldade nem bondade, existe autoexercício, existe ele ser o que é, apenas. Se
alguns planetas se beneficiam disso, se outros se ressentem com isso, já não é
parte integrante da estrutura dele. Se a vida como a conhecemos na Terra (devem
existir zilhões de outros modos, que nos escapam) depende diretamente do sol,
isso não tem nada a ver com ele enquanto “individualidade”. Daí que a palavra
“indispensável”, neste contexto, não lhe faria nenhum sentido, caso alguém
viesse depositá-la a seus pés como uma honraria. Longe está o dia em que
poderemos ser apenas um sol, no centro de nossas vidas...
ROGÉRIO CAMARGO
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