É cobra comendo cobra, e a que sobrar se comerá pelo próprio rabo.
Os pés já andam descalços, pisando em vidros, ouvindo inverdades;
E no encalço da felicidade, a igualdade é dinossauro utópico
Junto ao próprio ópio de mediocridade.
Os fantasmas do círculo de fogo
E assim desmancha-se na nuca o que nunca foi inteiro;
Nada raro no reino, faro costumeiro e matreira abstenção...
Fez um ano já acabado – de cabo a rabo – em pleno final de Janeiro,
Mas com possibilidade de alargar o círculo da postergação.
Algo aderiu ao convite de um ouvinte obsceno – alma nua;
Inexistentes vozes que dizem: adoro nozes – mudo assunto que muda.
Na permuta e na pergunta, na barganha e na “bagaça”
Quebrado eu sou pleno, um uísque, Leminski...
Fogueira no inferno, inflamo antenado e atraente:
Geleira desnuda, chalé no Chile, versos de Neruda.
Invenções reinventadas, mais do mesmo no submerso;
Desembrulho algumas caixas e me acho inteiro dentro.
Pássaros passam, o tempo pulsa, nuvens dispersam – e dai?
Ir e vir, gordos e magros, ruas e seus buracos – ser e insistir.
Assustam-se os fantasmas, venço a batalha, mas eles persistem;
São guerreiros, os derrubo de jeito, mas levantam novamente.
Nada atraente é ser o enfermeiro de sua própria doença,
Em uma névoa eterna, plena e descrente.
André Anlub
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