Os vivos corais do mar morto
A ideia vai e vem à paisana, é assim:
olá, escreva-me, como vai?
Ouço certo do outro lado da muralha
e a imaginação não se esvai
como um surto atípico.
Não me corta feito navalha
nem me beija como o fim.
Reaparecer requer confiança
é aceitar o dom que foi dado de herança
sem nem mesmo querer receber.
Tudo fica mais intenso e brilhante
quando as barreiras caem.
Pode-se ver, ouvir e sentir o além
e quando vem a implacável esperança
ponho-me a escrever cada vez mais.
O azar eu nocauteio
certeiro soco no queixo.
A solução está no fundo do mar
prendo o fôlego e mergulho até lá
mesmo em plena maré cheia.
Pude ver belos corais
que fazem desenhos que completam
os traços nos corpos dos peixes.
O feixe da luz do sol incidente
faz contentes as arraias
que se entregam.
Enfim, vou repetindo as dicas
que venho recebendo na vida.
Adaptar-se é fácil, complexa é a nostalgia
principalmente das farras em família
das ondas que vi o mar oferecer.
As paixões incompletas estressam
surgem, mas não se deixam ver
ficam cobertas com o manto da noite
e somem no mais sutil alvorecer.
André Anlub®
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