Das loucuras (puro apego, puro ar puro, pulo sem peso para o poço)
Saudosismo puro, purinho,
Purpurina nos olhos colorindo o momento;
Ouço tiros na esquina, há furos na cortina;
Traças e as balas de festim.
O cheiro doce e molhado de capim;
As estradas insalubres dos amargurados;
Tudo dentro e fora de uma miragem:
O desprezo que perdeu a viagem.
Certos tipos de egoístas não possuem somente egoísmo,
Tem também indiferença diante desse sentimento tão ruim.
Mas não é hora de ressentimento e lavar a roupa suja,
Mas cabem nesse instante as palavras secretas intrusas:
Hora de se descobrir.
No sonho, numa bela manhã,
Decomporá toda essa inútil asneira,
O egoísmo enfim vai acabar
E o sol voltará a brilhar através das peneiras.
Sim, pois durará pouco – pessimismo barato, porém realista...
Cintilantes verdades, obscuridade e claridade,
Muitas vezes antes vistas.
Aquele indivíduo prócer,
Próximo da perfeição, pro céu – adoração.
Olho gordo é o que não falta,
Mas foca-se no que os deuses falam – tome nota:
Há de se levar a paz, ter boa índole,
Não desejar o mal, amar e ser amado...
De resto muita coisa pode ser feita:
Seguir, se erguer, erguer os amigos;
Isso ou aquilo são detalhes...
Mas esse preceito não foi feito para ser quebrado.
André Anlub
Das Loucuras (se cura, se curta, secura não é cicuta)
Quem ainda está vivo poderá eternamente surpreender;
A palavra ‘nunca’, mesmo no presente, tem o teor de passado...
Só ao morrer – de verdade, deitado – ela poderá se encaixar nos atos.
Viva, veja, verse, voe e respeite – tão-somente – os outros viventes.
É tudo um velho-novo, é tudo noite, dia, céu azul e nuvens, arrebol;
Mil ofícios, orifícios, sacrifícios e os medos em tê-los...
Nos esquecemos dos edifícios que se multiplicam calando o sol.
O estranho é que só não há receio de manter seu ego,
Tampouco de novamente pôr um homem puro no prego;
Não há receio de se viver morto (num esgoto de ouro)...
Mas há de se inverter o apego, na falsa visão de ralo,
E mais temor ainda do mundo expor o Falo.
Os falsos segredos são os mesmos (nossos membros),
Fazem zumbis pedirem bis ao saírem de seus sarcófagos.
Seguidores do sagrado não são vistos como tolos,
Apenas alguns que se acham cerejas de todos os bolos.
Há perseguição aos que falam outros dialetos,
São criticados, difamados, agredidos por pseudófobos.
André Anlub
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