Das Loucuras (Ela, Elaine e a adrenalina de Adriane)
Bocas se mexem juntos com suas mechas do cabelo...
Crespo, comprido, vermelho.
Meticulosamente as mãos são dadas – sem pretexto;
Mas suadas, sem querer
Pressentem o subsequente texto.
Há um terceiro amor entre elas,
O colorido pode se tornar ainda mais aquarela.
A anuência é que há de se fazer janela no lugar de grade...
Sorrisos à parte, os lábios se beijam sem queixas,
E estala então o aval da reciprocidade.
Elaine é mulher guerreira, tem a alcunha de Lorein...
No reino é povo, rainha, rei – cem mil mulheres em uma.
Ficariam o ano enumerando seus predicados – mas em suma:
Forte, decidida, olhos vivos, mãos e pernas “de matar”.
Também fiel, fêmea de alma linda, excelente filha e mãe exemplar.
Adriane é um pouco insegura, traz a alcunha de Andja
Mulher felina, sagaz, com fé, heroína que transborda paz.
De dia é camaleão de cores; a noite se camufla na escuridão...
Roga sonhos, rega amores, rasga o céu que lhe apraz.
Ainda é andarilha e relutante, com um pé à frente e o outro atrás.
E Ela?
Ela é um segredo que com o tempo varia...
Pássaro que chega com a minhoca no ninho.
Um dia caminha comendo pitanga,
Pode ser flor, pode ser espinho...
Às vezes voa sob os olhos de Maria.
É nuvem branca que ninguém alcança,
Sabor doce nas línguas mais azedas;
Pega a separação e demuda em aliança,
Água que escorre descendo alamedas.
Vive em tempos novos e flerta com os antigos...
É Stevie Nicks, Sosa, Joplin, Joni Mitchell;
É Roberta Sá, Pitty, Elza, Alice Phoebe.
Mulher de porte e de sorte – todas numa só...
Contornos, carícias, fetiches – haja nó.
Constrói o próprio norte – tem poder para isso...
Vivem juntas, bocas conjuntas – alguém com isso?
O amor em explosão atômica, aliança sem cobrança,
Derrubando preconceitos, espalhando esperança,
Ela pode ser Ella, Nina, também Esperanza,
Diane Krall, Julie Byrne, Alice Coltrane...
Pode ser trem, pode ser zen, Billie Holiday.
André Anlub®
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos pela leitura.