Flor de lis, de lírio e lírico do Preto e da Branca (releituras de mim)
Garanto minha salubre e frágil presença no pensamento mais estranho que remete apressadamente ao pesadelo da minha pele plena pintada de branco. Minha flor bela, não escute os embebedados de alma, mendigos-uísques demagogos a Go Go. Ouve a cantoria, pássaros aos montes de entortar pescoços e acariciar ouvidos... São os esboços – diamantes – da nossa selvageria de amantes. Enxergo nada cego, envergo e expresso essa minha entrega em reflexos de uma pulcra lâmina cega. E de maneira sutil, tão viva e severamente tão simples, chego, sonho, cedo e transcendo ao corte seguinte. A doação que faz mistura – nossas cruas carnes nuas – fez contraste no arraste – na queima que é de praxe – do protocolo em leitura. Ah, minha branquinha, flor branquinha... Me aceite eternamente seu. Bebemos nas águas puras e impuras, mas com o coração nada errante e os olhos hiantes. E diante de tudo, em estado trepidante de paixão, peço-lhe que pegue o banco e a caipirinha e venha sentar-se ao meu lado e olhar a lua... (desnuda – noite – minha).
Chegando do silêncio veio como tempestade e mordiscava minhas ideias... Lá vem ela! Essa bela, irritante e insistente luz que entra pela janela e me convida para sair e viver. Raul de Souza com seu trombone que tromba de modo majestoso e marcante, tocando, relaxando e deixando o corpo voando sem destino... Estou agora sereno para narrar o ocorrido: tirava os laços dos futuros presentes, mostrava o onipresente que ao botar pra fora os dentes, provava não ser um sonho, enfim. Ela, a Flor (não é Maria Flor, que pena. Mas está valendo)... Nomeada como imperatriz de amores que ganha de súbito sua coroa, trono e sonho se aproximando do súdito com suas suntuosas flores. Ouço-a falar em público: o que seria mais certo – onde estaria o erro – qual a importância disso? A resposta vem com o ar fecundo, quebrando o coeso silencio, queimando mil brancos lenços e prevendo o fim dos futuros lamentos; a resposta bateu de frente com seu cheiro de alfazema, com seu humor de hiena e sua adorável e inigualável interpretação eloquente. Na tela do cinema da esquina já se viu esse filme antigo de um multicor lírico com tons de pura boemia. Sim, é poesia! faz crescer as flores e nasce nas flores crescidas.
Dos desvelos na hora do recreio do princípio e fim (releituras de mim)
Como som melancólico que segue invadindo – Abrasador ao íntimo – sem dor – toca e preenche e compreende ao completo; na mais alta altitude que o anseio ressoa, e é tênue e desconcertante. Toda uma terra estremece em todo o corpo que balança e merece o céu no sol e a luz da lua na luz do teto do tato e do tudo (tamanho absurdo, mas eu vi). Namoro e sinto e choro e aprovo e comprovo o sopro e aguardo, e você. Mas é mais mar que observo e sou servo ao todo... E amo. Vem, vem como variante, pé e pé, paz e paixão, marcando no solo – selo; como ao chão e ao sentimento é um sucinto sinal sagrado, afetuoso, pois não censura e nem corta nem cura o soco solitário do colosso: o banho ao calor em chamas, supina alma à sua presença... E amo. Solos secos castigados, que fenderam em frangalhos de raios antigos... Ficam no aguardo das águas em rios em milagres em lágrimas em circo em cio... E vieram e vigeram e ficaram e fincaram... E amo. Quem será o guardião desse coração tão intenso raro e quente? Nesse vai e vem do povo a cólera passa rente... Tentando roubar o puro, amolecer o duro e dando duro para esconder o tesouro... Causando tumulto, cavando um túmulo e matando os loucos. Tudo se transforma na fala da saliva da ponta da língua; na palma da mão macia que à toa entorna a raiva perdendo-se no céu anfitrião. Sendo o alicerce mais forte fez-se o castelo - nasce o coveiro que rompe vis elos, enterra as contendas e encarcera o faqueiro que insiste no corte. Joss Stone com voz estonteante, timbre mutante e olhar de sereia cantante. Estou agora pacato para narrar o fato: a verdade mostra para que veio e o ópio evapora na veia. Surge a sorte pisando na morte, tornando o instante o livro na estante de um astuto perfeito. O som é ameno, no feliz badalar dos sinos para a hora do recreio. Percebem-se letras ao vento, fermento de versos no intento; na mescla que move à fantasia – lamúria e luxúria dos dias. Diga-se de passagem: a paisagem pairou na barriga dele (grávido), pariu na paragem mais certa e reta – cerne que outrora tardia. Faz-se poesia – cria – faz-se poeta (ávido), criou-se meta na metalinguagem em espectros. Assombrando os muitos herméticos heréticos espertos e espetando os pedantes pedintes descalços moleques. Ao céu o seu mais lindo e redondo sol brilhante, diamante dos dotes de deuses de doutrinas de histórias; ao léu asas cresceram, veio inspiração/sorrisos, ao velho ao novo ao menino – porta de início de índio de íngreme. Prepara-se o leito quente – seio da mãe – leite materno, cobiçando o menino vadio, forte e inteligente (frenético), as letras são o “norte”, coreógrafas convidando ao passeio (imagético), sem freio, meio – principio – confins sem fim... No íntimo eterno.
Asas de Dragão de um Prisioneiro deposto
Vejam só os dois olhinhos sinceros, impávidos carregando a expressão das brasas dos entusiasmos. O mundo deles também anda alinhado, agitado e ainda mais quando estão juntos; são avejões diversos... No advérbio adjunto do anseio, veneno disponível no plasmático vulcânico... Fundiram os neurônios e os versos. Não há relógio no “slow motion”, tampouco o reviver das simples coisas. A caneta dança na folha branca e o sentimento canta a canção que voa... Os dois olhinhos são escravos do tempo e o tempo não vive a mercê da porta aberta... Não cumpre a cumplicidade que se torna seguro, simplesmente existe e o quase é quase eterno. Asas batendo, colorido das penas, olhos e pernas céleres, bico bem largo e garras como dentes e o fogo em maçarico; com moderação se barganha com a vida, contínua rotina de distrair pensamentos, tapear os momentos, queimar poesias e as ideias baldias. Criou-se o hábito saboroso e salutar, começou a lutar com as armas evidentes. Vê a novidade de coisas iguais que nunca foram feitas e reinventa os trejeitos dos seus sujeitos (dá-se um jeito). E a luta contra o colosso imortal continua. O gigante que é anão, que espeta, que apunha, apunhala, compunha a mente incerta... E a luta se enluta no negro alerta. (...) nessa hora os olhos se emocionam mais uma vez, enchem-se d’água e desaguam... E a vida: eles querem entendê-la, desvendá-la; querem enterrá-la para saber sempre onde está. Irão confessar até o que nunca fizeram e pelos campos e cidades aos ventos voarão... Sendo perene ou não, sendo eu ou meu vício, sendo asas de anjo ou dragão. Já fiz o jogo, rodei quase voando e cuspindo fogo pelos vis bares e espeluncas loucas da vida; em puteiros faceiros falidos com mulheres musas de esquina. Já me vi na latrina latente e na obscuridade nada curta e incurável do ser; e seguindo cegando nas vozes o que na pena precisaria fazer. Mas no corpo absorto e na alma encalma tão visível ameaça, cicatriz do aprendiz que se estende ao lado das largas tatuagens. E como estranhas e quentes miragens que se fundem em ferro na carcaça fazendo-me a raça da (dês) graça, sem ao menos e ao muito me conhecer. Então me camuflo confuso pra prosseguir animado e adiante; o coração em reação está imundo, mas não carece cárcere ou morrer. Já fui torto/morto por dentro – desfavor do pavor de outrora; quase finado/afinado por fora – vários prévios instantes do ontem. Um adendo por dentro, um dedo na roleta russa do desgosto e um destro e canhoto por fora. Vejo seu riso no rosto (posto e imposto), no alvedrio da bala. Os gritos e falas (nos rompantes), em um minuto se calam; apontado ao ávido ouvido e ao som do breve estampido: o ínfimo no infinito de guarda aguarda o prisioneiro deposto. Até coloquem palavras em minha boca... Mas que nasçam poesias.
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