A candura do aplauso
É, joguei a toalha - acho que já escrevi isso antes
No meu inferno de Dante, a vida sempre me malha.
Larguei novamente a navalha, deixei-me ir no amor
O sol vai sorrir ao se por; a lua desfaz tal fim triste.
De tempo em tempo a mente não mente, e molda, e muda...
Como uma mola que estica e torna-se um espeto de aço.
Tirei meu colete à prova de balas e delineei meu espaço
Derreti meus nervos de aço nessa equação absurda.
Há sempre notas musicais que adornam o dia
Aliviando os tímpanos, desopilando o fígado.
Compete aos comprimidos cumprirem sua sina
Todas as bodas de Fígaro têm certo tom de ironia.
Salve, salve, pois a maré sempre estará para peixe
Por isso deixo essa deixa; por essa haverá quem se queixe.
Uma Quimera, uma Górgona, uma goela, uma garrafa
E a nau sem vela nem leme, o lance é lançar a tarrafa.
Suprimindo qualquer coerência, homens seguem otimistas
Nessa vida de artista, a arte foi quem pintou o seu sete.
No deserto doído da alma, colocaram certas cores intimistas
Desdenhando de peça e de palco; desenhando o aplauso à vedete.
André Anlub
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Das Loucuras (na hora que o barco afunda, jacaré vira tronco)
Parte I – a descoberta
Nuvens cinzas passaram a mil nesse celeste céu
E o sol afinal mostrou toda sua sexy nudez.
Contornos calorosos que incitam à criação
Fez as mãos darem mais um passo rumo ao pincel.
Fina camada de um lilás bem forte no residir de sua alma
Felina, selvagem, certeira;
Faz em mim lambança, lembrança, loucura.
Águas que molham a timidez dos desertos
E inventam de tudo para purificar o que já é pura.
As mentiras estão lá,
Em letras embaçadas fora de contexto;
Mesmo sóbrio ninguém nunca será mais o mesmo
Nessa narrativa bem-vinda totalmente no eixo.
Toalhas voam e mãos balançam em desespero
É o enterro do ermo que já se encontra a sete palmos.
Saltos ornamentais para se viver apenas mais um dia
Quem diria, qualquer um pode contar um falso segredo.
Nuvens cinzas estacionaram sobre o ninho...
E num deus nos acuda, o diabo quer que o mundo obedeça.
Rápido, bem rápido, a força se esvai com a falência.
Tentando alcançar a cura que voa num vazio.
Olhos tremulam numa convulsão astronômica
Abundância de liquido limpo que inunda as artérias
Um ensaio perfeito num antidepressivo harmônico
Na intensidade absurda enterra-se o roteiro de tragédias
As informações estão ai,
Em letras garrafais dentro da garrafa;
Alucinando o inconsciente
Numa ciência cômoda e bem-vinda.
Nessa lida divina,
Perfeita trilha,
Na conjuntura “ente safras”,
Definitivamente mergulhado no tempo;
Nessa altura da vida,
Respirando a contento...
Paro e piro,
Pois tudo conspira para que eu me safa.
Saio safo de um crime perfeito,
Num dia preciso e num sonho embriagado...
Dormindo num domingo qualquer,
Numa alameda largado.
André Anlub
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