Esvazie-me – preencha-me
conheça o verso e o avesso,
rima após rima,
sabe que deixo!
E depois,
ao acordar sozinha,
vá viver se estou na esquina.
Limpeza (um quê de Bovarismo)
A realidade concorre com minhas vertentes,
e elas, céleres e insanas, saem na frente.
Ouvi dizer que sempre vale a pena.
Faço roleta russa com o imaginário,
e nesse voar de um total inventário
castram-se cobiças e integra-se a pena.
Vozes tendem o som do trovão
apocalíptico pisar no vil tédio.
Letras brotam num mata-borrão,
curam, inebriam, quão doce remédio.
Estouram paixões sempre aludidas,
cantam canções, danças nas chuvas.
No certo e no cerco um céu de saídas,
arte que inspira expurgando áureas e auras turvas.
Ser brioso
Demasiada compostura
Poeta afetuoso
Sem um pingo de agrura
Escreve torto em linhas nuas
Inspiração ao natural
É um vira-lata puro
O ostracismo de sombra
Assombra o vento que bate
Deixa as portas abertas
Entra o vento de tumba
Do personagem morto
De um Shakespeare atual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos pela leitura.