Sinto muito quando meu coração aperta
E nesse aperto ele grita, se expõe e seca.
Compreendo pouco quando fingem indiferenças
E nesse embuste são vítimas de seus próprios estratagemas
São guerras internas
São cegueiras eternas.
Por que fui tão rude com ela?
Pensei como seria o presente
se no passado agisse diferente
Ponderei as decisões que tomei
Algumas sensatas, muitas egoístas
Algumas erradas mas otimistas
Mas muitas, mas muitas mesmo
foram precipitadas e a esmo.
Ando com ideias antigas
de modernizar meus conceitos.
No fundo, são adágios superados...
Há tempos que tenho a teimosia saudosista
de querer ser atualizado.
Coloco nosso “amor” ente aspas
Para que em cada dia que nasça
Possa ter uma definição diferente.
Derramo-me ao extremo no chão, no choro, no corpo e no copo... Mas só por você.
Líquido sagrado de Baco
Rigoroso esse tempo bom na tela do céu azul,
Enorme pingo quente dourado,
Mas amargurado ele caminha sem norte (também sem sul).
Só esperou o cair da noite e foi-se frenético abraçar a boemia:
Nas mesas bambas dos piores bares sentiu-se bem, satisfeito,
Era aquilo ali (Alá, a luz, além) que ele queria.
Com as paredes descascadas e encardidas,
Banheiros de intolerável cheiro ruim;
A meia luz...
A farra no garrafão de vinho barato que esvazia:
Todo feio se faz tolerável;
O detestável é a alegoria da vida.
Com três palitos de dente se faz um xadrez psicológico,
De deixar Freud confuso e Confúcio fã de Pink Floyd.
O que eu faria em uma atmosfera assim?
Além do porre corriqueiro:
De janeiro e meu aniversário;
De ver estranhos saindo do armário;
De tudo que é falso tornar-se verdadeiro.
O que eu faria?
Largaria o último copo e voltaria ao primeiro,
Desde onde a mente vai demudando,
O tom de voz aumenta, palavrão atroz vira salmo,
E enterra-se qualquer tormenta.
O que eu faria?
Vou voando – bem calmo ao terreno estrangeiro.
A insanidade das horas perdidas no líquido sagrado de Baco:
Com uma mão vai afundando o barco
E com a outra fornece o salva-vidas.
André Anlub®
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