Das Loucuras (azeite tipo único, salmão e uma grelha)
Deu fome, mas ele só vai comer lagosta no verão;
É a altivez batendo à porta, nem adianta dizer que não.
Expõe tudo a favor da sua vontade; impõe as deliberações.
Às vezes a sorte é mãe, outras vezes o destino é irmão.
Anda com a figa no bolso e seus anéis que dão sorte...
Nos seus ombros defecam os pombos.
Joga na loteria, mas o pôquer é seu forte,
Tudo é mordomia pois a vida deu de bandeja o seu Norte.
Tem que ser discreto, descrito, porém nem tanto;
Uma roupa de mergulho, de labuta, de palhaço;
Um abacaxi com peru e outro pendurado no pescoço...
Tudo e todos na mais perfeita ordem: só bom gosto.
Hoje termina o prazo para ser feliz novamente,
Sorrir com Esperanza Spalding e seu magnífico som;
Rir, beber, comer, dançar tudo em direção ao vento...
O estilo na mais imperfeita desordem: tudo de bom.
Chegou o calor da cidade de Barbalha,
Sonhou com um bandido e seu corte de navalha.
Vinho tinto foi derramado no vestido de alguma noiva,
A natureza, o ar puro, o orvalho, a prosa velha e a seiva nova.
A teimosia adora um chá de cadeira,
Esquenta lugar, bate cabeça e propaga besteiras.
Mas nada disso faz parte do seu mundo...
Entre encontros e desencontros, arreda-se a tristeza,
Viaja por dentro e por fora para outras veredas.
André Anlub®
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Das Loucuras (transparente como a telha da varanda)
Vendo no espelho o cocuruto reluzente,
Iluminado pelo sol que vem agora,
Através da telha larga e transparente
Vejo que ausente é a telha em minha cachola.
Sinto-me uma hiena sorridente,
Num mundo louco que só quer que você adoeça...
Não salgue o meu ser – antes que me lembre;
Não adoce meu café – antes que me esqueça.
Pela absolvição dos meus pecados
Sairei em busca do que desconheço por agora.
Deixarei sinal de fumaça e bilhete como recados;
Levarei sal de frutas, kiwi e torta de amora.
Queria algo mais ilustrado na minha alma,
Tipo um misto de Kandinsky e Jackson Pollock.
Por enquanto sou um desbotado preto e branco,
Como a fumaça do cigarro numa aurora.
Sou livro aberto nesse poço cheio d’água
Onde o mundo afogou-se em suas guerras.
Tentei salvá-lo, mas lembrei de não ter guelras...
Chorei mil rios dentro de uma mesma mágoa.
André Anlub®
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