23 de fevereiro de 2019

Das fagulhas


Lá se foi o passarinho, 
Por entre os coqueiros mergulhou na maresia... 
Deixou um frágil dedo apontado ao infinito, 
Colado ao sorriso do rosto da menina.

Das fagulhas

As fagulhas da vida
Acendem as fogueiras mais esquecidas
Aquelas que pareciam extintas
Renascem reabrindo feridas.

Com o andar certeiro e sereno
Atravessa-se a estreita ponte;
Olhos firmes através do nevoeiro
E nas mãos um livro de poesias.

Dentes que querem morder;
Pesadelos que querem morrer;
Os músculos não são minúsculos;
Ainda resta muita coisa a fazer:
Sinto e conto os segundos...

Estabelecido os limites,
Os lamentos derramam-se aos litros;
Criando inícios,
Possíveis meios e novos fins.

Há enfim o vulcão
Que explode por dentro e queima por fora...
Foi-se a aurora:
Põem-se ao por do sol as sublimes asas... 
E que asas.

Tempos de açúcar e sal,
Mel e alguns temperos destemperados...
Mas a solução na contramão do tempo,
Sem lamento ou consentimento.

Atrelado no meu sonho de ter um barco
Há um poder colossal;
Ponho no papel – em primeira pessoa –,
A brincadeira que faço com as palavras.

André Anlub
(27/05/17)


20 de fevereiro de 2019

Pelo princípio mais lógico


Pelo princípio mais lógico

O cheio e o vazio dentro do pensamento
O bem moldando os desvios, à procura.
Vai e vem de frente-frias, temperatura boa para o plantio...
No tudo a cabeça é seu guia, mas um GPS ajuda.

A fiel escudeira – sua consciência – dava os pitacos e pitocos;
Querendo abraçar e beijar como um cio.
Marmelada com quiche de queijo, déjà vu de já veio,
Manejo da arma, maneiro do tempo, mineiro e seu ouro.

Maré propícia a novos ensinamentos,
Fogueiras ardem, mertiolate arde, luzes cintilam.
Sem endereço fixo fixa-se no voo continuo,
A prece ao que parece, seja um só ouvido...

Daqui a pouco já tem um ano de sua velha novidade,
Indo de cidade a cidade com a idade avançando...
Segue passando pano para sua ida de verdade,
Nas trincheiras trincadas dos dentes trincados, sem abandono.

As filosofias das ruas e a de Zizek, ensinam...
Pestes extintas, a onda segurada, tintas fartas, e mais tudo que preste.
As psicologias do "vivido" e a junguiana, anima e animam.

Detalhes são minudências dentro da sobrevivência,
E tudo estará nas folhas que surgirão e floresçam.
De modo evidente, doente, sadio, sútil;
De modo verdadeiro, falso, salso, doce, brocha, viril.

André Anlub®
(20/2/19)


17 de fevereiro de 2019

Dueto LVIII

A história por trás desta famosa foto:




Em 1990, a fotógrafa Mary Ellen Mark foi enviada à Carolina do Norte pela revista LIFE para cobrir uma escola para crianças problemáticas. Ellison (foto) foi uma daquelas crianças. "Ela é a minha favorita", disse Mark à revista britânica Vogue em 1993. "Ela era tão ruim que era maravilhosa, tinha uma boca muito vulgar, era brilhante." A menina de 9 anos na foto é Amanda Marie Ellison. Se você está se perguntando, ela ainda fuma e lembra bem da sessão de fotos “Nunca esqueci isso. Nunca na minha vida esqueci. ”Amanda começou a se mudar de casa em casa aos 11 anos de idade e desenvolveu um problema com drogas aos 16 anos. Desde então, ela já esteve na prisão várias vezes e continuou lutando contra seu vício.


Dueto  LVIII

Passaram-se décadas de escadas e escaladas, entupiram-se alguns canos, cabelos caíram, ossos furados, castelos ruíram.
No rosto do bibliotecário o vinco dos registros formava rios que desaguavam em oceanos de mágoa.
O que já passou por suas mãos e olhos são incontáveis joias raras, pedras preciosas, escritos, pequenos silêncios e enormes gritos de escritores de todo o globo.
Tudo dele, tudo nele. Sua vida é contar e recontar as pedras, encontrando ou deixando escapar as preciosidades.
Espalhou a semente da leitura: família, vizinhos e toda sua pequena cidade... mas não se sentia completo, não era pleno, era até mesmo infeliz ao extremo.
No extremo da angústia perguntava-se e a resposta era mais uma pergunta: O que é que eu estou fazendo aqui?
Saiu pelas ruas à procura da resposta; olhou pelas praças, bancos e ruelas e viu os amigos (eles e elas) lendo ou carregando livros; olhou pelas janelas baixas e viu mesas postas e ao lado as cristaleiras com livros guardados para o “após ceia”.
Pedras guardadas, livros guardados. Pedras nos olhos, livros nas estantes. Pedras nos sapatos, livros nas gavetas.
A impressão de dever cumprido veio junto com a de não dever nada; então, novamente, deságua em lágrimas, pois o livro que mais quis ler, ele não havia escrito.
No livro que ele não havia escrito, a resposta para sua pergunta não era uma nova pergunta e ele finalmente não dormiria mais embaixo da mesa.

Rogério Camargo e André Anlub

16 de fevereiro de 2019

Apoteose poética/divisor de águas.


Apoteose poética/divisor de águas.

Na sombra dos medos nasceu o pé de luz (meu pé de cabra arrombador de Eus). E o pé cresceu – se ergueu, ficou forte – criou porte, deu frutos, assim... Amadureceu a chave do mundo – a chave de tudo e futuro eternizado: chavão. Janelas se abrem; se abrem cortinas e vem o beijo do sol e vem penetrando o clarão. Mistérios nas nuvens, e obtusos e abstrusos e absortos. Abriram-se dentro de um aberto brilho no imaginativo castelo os portões. As notícias melhoraram com o céu lavado, o infinito ficou mais perto; ouço aquela menina me chamar para um drink no escuro, ou no inferno, “a la Tarantino”. Visões de queijos, vinhos – paladares de bocas e intestinos, tudo faz sentido de alguma forma. Há um gigante ou há um anão entre o rei e o umbigo, decididamente isso é de fato uma norma. Já ouvi a menina exibindo cantando que nada a deprimia... E depois sumia. Talvez fosse para outra galáxia ou talvez tocasse violino para inspirar um milhão de alguém. Lá vem um inverno rigoroso... Vou colocar um casaco, deitar, ler e tirar um cochilo. Na luz da coragem o pé de luz cresce (além de contador de história, da necessidade de mentir, objetivos, escritos e glórias). Até coloquem palavras em minha boca... Mas que nasçam poesias. Não, não é meramente escrever poesias... É desenhar sentimentos. 

André Anlub


Das Loucuras (sua identidade, a do papel e a imposta)


Das Loucuras (sua identidade, a do papel e a imposta)

Aquele padrão,
Patrão egoísta que lhe tira os direitos;
Rouba a liberdade,
Seus verdadeiros trejeitos...
Está ciente?

Chega cheio de dedos,
Rouba nos dados
E sempre está com a razão...
E não é cliente!

Que mal que há? 
Por que não “que mau que há”, com “u” mesmo?
Mal com “u”, com “l”, com “o”...
Tenha dó, isso pouco importa no texto.

Bandeiras são hasteadas pelas pátrias enteadas
E seus nada sinceros sorrisos.
Tempos omissos que não ensinam nada;
Tumbas presentes esperando a manada.

Vamos variar as linhas,
Avivar com outros “algos” positivos...
Sem doutrinação,
Sem doutor, 
Oração,
Imposição,
Só alguma posição no Kama Sutra,
Sem academicismos.

Fardas, fardos,
Falsos hippies, roupões;
E aquela pantufa imunda porque saiu às ruas nas andanças...

Sem misericórdia,
Sem queimar sutiãs (porque não há)
Sem queimar colchões (só trepar)...
Mudamos os acordes
E acordamos para as mudanças.

De repente,
Com uma baita moderação – ou não –,
Conseguimos uma manutenção da massa – que pode virar pão.
Sem lamber sabão,
Liberar sua libido,
Ser um ser bem resolvido,
Com um pé à frente esquecendo o umbigo.

André Anlub®

13 de fevereiro de 2019

O som do sino


O som do sino

Surge o estalo disso ou daquilo, 
Parte “Stalin” com o princípio de um novo;
A poesia e a guerra se encontram no inicio,
O precipício é o belo corte de adaga.
Ser visível é risível, já que se apaga
Se ficar retido na essência d’um ovo.

Todos se divertem assim na batalha:
As águas rubras surgem regando, passando,
Molham os pés e vão subindo aos joelhos;
Os coelhos saem das cartolas,
Voam sem rumo às cartas da mesa;
O público aplaude de pé a beleza
E a destreza do mágico mago de Angola. 

A peleja fortaleceu o Bento e a Benta,
Amor que abaixa a mão, indo ao resguardo;
No apreço que se funde a compaixão
Faz do mundo elevação, redesenhado.

Submersos, todos reagem ao afogamento,
Já que as águas chegaram à cabeça.
Já sem limites, sem distinção,
A epiderme torna-se clara ou negra;
Sem rodeios, sem interlocução,
Vão se os “nãos” e ilumina-se o momento.

Somente só e dó dormente pó,
Ser e estar do outro lado.

Das ruinas ergueram-se castelos,
Tocaram as nuvens com suas altas torres;
Lá em cima não é sonho o som do sino,
Voa e ecoa para cá em baixo em desatino...

Mais agudo, abrupto, e mais agrado,
Mais afino, continuo e adorado.

André Anlub®



12 de fevereiro de 2019

Nossa Holanda


Nossa Holanda

Fazer o bem sem se gabar a cem,
O bilhete diz absolutamente o que mereço.
Diz tudo e muito mais um pouco...
Está explicito ali, para olhos que veem.

Infiltrando-se por dentro do corpo oco
E por fora mantendo o brilho extenso.
A capilaridade social impede o fundo do poço,
Ainda que possam empurrar o sol para dentro.

Há as mais puras inércias...
Nos países baixos.
Há a maior mentira discreta...
Pra não fica por baixo.

Mais um adendo: 
O corpo não se sustenta
Não há omelete sem ovo
Nem borda sem centro...
Mas há quem inexista e aguente.  

Nossa Holanda inventada
Também tem ciclovia que brilha
Em artes de Van Gogh inspirada
Numa folia de vaga-lumes em trilha.

Vejo-a naquela pantomima...
Todos vão com tudo na encenação eloquente.
Sem não há fé, vá sem fé mesmo...
Pega-se um ônibus, dobra-se uma esquina,
Mas com um pouquito de crença
A vida, com ou sem desavença, fica mais a contento.

Vejo-a bela e sorridente,
Dentro de nossa antípoda.
Não é preciso falar ao meu ouvido,
Eu já nasci entendendo.

Sussurre ao abismo,
Sem eco, sem ego, sem medo.

Século de nada, de sangue, de ouro,
Rasga-se o couro...
O mestre dos sonhos e seus tesouros.
Tudo para se gabar com os louros.

Nuvens cinza se dispersam com o vento,
E nesse lamento as lágrimas secam.
De um lado da bifurcação o mar e a lua que refrescam;
O que fica para trás é só o fim do começo.

Bem visíveis às pegadas
Na areia fria da necrópole,
E a semântica dessa semana
É branda e já está sanada.

Estacionada na nossa Holanda,
Nossa enrolação nos enrole
Com moinhos de vento,
Ventania inventada,
Eu e você, de mãos dadas,
Constituindo nova prole.

André Anlub
(12/2/19)


Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.