5 de dezembro de 2014

Sobre Sexualidade e Corrupção

Por Bianca Velloso e Valdir Portásio

Dia desses um colega compartilhou no facebook a seguinte frase:

"Passeata do Orgulho Gay: 1 milhão de pessoas
Passeata contra a corrupção: 2.500 pessoas
Tem mais gente lutando pelo direito de dar o rabo que pelo direito de não ser enrabado"

Apesar da internet ser um meio de comunicação democrático, certas opiniões causam indignação e revolta. Como é possível alguém compartilhar tamanha demonstração de falta de respeito e ignorância?.

A linguagem da frase é infame é horrível, completamente desrespeitosa e repleta de preconceito. Preconceito e desrespeito com os “amigos” do Facebook que foram obrigados a receber e ler tamanha grosseria.

Certamente o autor não parou para pensar no absurdo que escrevia. Ou possivelmente pensou. E concorda e acha que sexualidade é indicativo de caráter e honestidade. Numa pesquisa rápida na internet é possível saber um pouco da história da parada do orgulho gay: o movimento começou nos Estados Unidos, em 1969, como protesto à violência com que a polícia tratava frequentadores de bares e boates gays. Lá a primeira "Parada Gay" reuniu cerca de 2.000 pessoas. Aqui no Brasil a primeira Parada Gay aconteceu em 1997, também com cerca de 2.000 participantes protestando contra a violência sofrida pelos homossexuais. É um movimento organizado e legítimo, porque clama pela vida, pelo respeito, pela igualdade e pelo direito de amar.

Caro “amigo” do Facebook, assim começou uma resposta à manifestações de exclusão e intolerância mais violentas do mundo. Foi pastoreando uma sociedade fincada no senso comum sem poder de crítica que aquele austríaco de nome Adolf, realizou o maior genocídio que a história da humanidade conheceu. É preciso dizer do que estamos falando?

Já a passeata contra a corrupção, ao contrário, travestida de "boa moça", usando palavras como "ética" e "honestidade", não passa de um movimento político cujo objetivo é enfraquecer o poder da atual presidente do Brasil, que foi eleita legitimamente e trabalha com políticas menos excludentes. Liderado por grandes organizações reacionárias e moralistas (como a maçonaria e a Opus Dei) cujos membros não são exatamente exemplos de ética e honestidade, está longe de ser um movimento espontâneo. As manifestações anti-corrupção não saem da vontade indignada da sociedade mas de movimento bem orquestrado de uma direita raivosa e ansiosa para tirar do poder alguém que vem mudando a relação entre trabalho e capital.

Essa direita não aceita a mobilidade social, muito bem explicada e propugnada pelo capitalismo. Vive ainda com olhar feudal, quer mesmo uma sociedade de castas, imóvel. Esse movimento tenta desqualificar um governo voltado para as classes pobres. Claro, um governo cheio de problemas. Um governo ainda envolto pela medusa criada e alimentada desde tempos de antanho. Desde tempos em que a ditadura baixava as regras e governava para poucos, prendia e arrebentava.

Antes de sair gritando contra a corrupção é preciso mudar atitudes e gestos cotidianos: respeitar filas e leis de trânsito, jogar lixo na lixeira, aceitar as diferenças existentes entre os nossos iguais e não se omitir quando presenciar algum espertinho querendo levar vantagem em cima dos outros. Enfim, é isso: RESPEITO, nada mais! RESPEITO pelo bem público, pela natureza, pela vida, pelos seres humanos e pelo AMOR em toda sua diversidade. Não adianta dizer que respeita a diversidade e sair compartilhando piadinhas preconceituosas. Corrupção e preconceito são assuntos complicados que devem ser tratados com seriedade, não como estratégias na disputa pelo poder!


Para concluir, fica uma citação do psicanalista Contardo Caligaris sobre o incômodo que a homossexualidade provoca: “Vários psicanalistas e psicólogos já formularam sobre isso. Existe quase uma regra que quase nunca se desmente na prática. Quando as minhas reações são excessivas, deslocadas e difíceis de serem justificadas é porque emanam de um conflito interno. Por que afinal me incomodaria meu vizinho ser homossexual e beijar outro homem na boca? De forma simples, o que acontece é: “Estou com dificuldades de conter a minha própria homossexualidade, então acho mais fácil tentar reprimir a homossexualidade dos outros, ou seja, condená-la, persegui-la e reprimi-la, se possível até fisicamente porque isso me ajuda a conter a minha” 

Bianca Velloso e Valdir Portásio

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Agradecemos pela leitura.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.