Manhãs de inverno
Houve mais limpidez nos sentidos mais íntimos
lembro-me, faz tempo, mas lembro-me.
Tive uma incontrolável sede, boca seca e tinha também suor nas mãos.
Estava quase moribundo, necessitado, cego.
Mas a própria sede, e um aperto no peito, que me fizeram caminhar.
Nessa dita época meu ser era como um robô
com o meu corpo de lata que só almejava o teu.
Eu ia de encontro, com muito gosto
cambaleando, atônito, e sem visão periférica
só via o teu corpo, teu rosto
e sempre querendo conhecer-te mais e mais e mais.
Quantas noites te vi dormir
um pequenino feixe de luz, traço de sol, incidia na tua tez
lembro-me.
Eu fechava um pouco mais a janela, te cobria
e logo após voltava para dar continuidade à apreciação.
E quando te perdi...
quantas madrugadas em claro
calor e frio
aos prantos
pela saudade, pela amargura
de não ter-te mais.
Lembro-me
e não faço a menor questão de esquecer
daquelas doces manhãs de inverno.
André Anlub®
(06/05/13)
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