Não lembro bem quando foi a última vez que
fui ao podólogo. Quero dizer, a última vez foi ontem, falo da vez anterior
ainda. Paguei 85 reais pela consulta – um trabalho de 45 minutos, diga-se de
passagem. Não fosse um calo super incômodo que me nasce no mindinho do pé
direito, gastaria esse dinheiro com outra coisa, certamente. Mas digamos que
tenha sido há seis meses. Tiveram tempo de achar que o preço deveria subir para
100 reais. A frase é chavão mas eloquente: É por isso que o Brasil não dá
certo! O que justifica aumentar o preço de um serviço em quase vinte por cento
num intervalo tão curto? A inflação está na casa dos dez ao ano, e isso há
muito pouco tempo. Ninguém faz esse cálculo quando reajusta suas mordidas, todo
mundo o que faz é morder o máximo possível. Desencadeia um efeito cascata,
evidente. Não há quem queira ficar pra trás. Se dispara a histeria de correr
pra chegar antes, o desespero de não ser o último provoca atropelamentos. E,
naturalmente, a culpa é do(s) governo(s), que não “controla(m) a inflação”.
Para controlar a inflação era preciso controlar os infladores...
ROGÉRIO CAMARGO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos pela leitura.