Meu irmão comandou uma ação notável. Ele foi
o cérebro e o centro nevrálgico da reforma de nossa casa. Até aí, parece banal.
O grande detalhe é que nós o tempo todo continuamos morando nela. Uma casa de madeira,
enorme, complexa, ser transformada em uma casa de material sem que em momento
algum tivéssemos nos afastado dela é façanha reconhecida por várias pessoas
ligadas ao ramo da construção. E quem viveu isso tudo sabe muito bem o quanto estivemos,
em vários momentos, andando no fio da navalha. Nós sempre com o orçamento
apertado e contando apenas conosco para mão-de-obra, era preciso decisão, firmeza
e lucidez, quando não inspiração. Era preciso
saber o que fazer e ter a força capaz de aplicar. Em não poucas situações, meu
irmão teve que antes estudar o caso, pressionado pela urgência, porque nunca na
vida tivera qualquer experiência na área. Em resumo: ele não sabia nada de construção
até começar a construir. E aqui estamos, numa residência sólida que atende perfeitamente às exigências de
nossa modéstia. Olho para a situação do mundo e reconheço, em ponto maior, a mesma
circunstância. É uma casa cheia de problemas, quase caindo aos pedaços,
clamando por uma reforma geral – sem que os moradores saiam dela para que as
obras ocorram. Nossa pequena mostra de humanidade deu conta do recado. Com
isso, mostrou que é possível. Resta saber até onde a totalidade desta mesma
humanidade vai ter os atributos necessários para realizar façanha igual.
ROGÉRIO CAMARGO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos pela leitura.