Manhã de 1 de julho de 2015 (Adaptação)
Continuando falando em flexibilidade antes de entrar no meu humilde novo voo: não se deve confundir a flexibilidade no comportamento em conjunto com a mesma no tratar pessoal (não descartando que possam coexistir); o flexível tem uma enorme capacidade de adaptação ao mudar de relacionamento, moradia, região, cidade ou país. Ele é nômade por excelência e cria sua raiz renascendo novamente em/na/uma nova árvore. Essa mangueira (pessoal: adoro manga e mangueira) dará frutos e as sementes serão bem guardadas a sete chaves para (caso seja necessário) o replantio em uma nova terra. Por outro lado, o inflexível, de um modo geral, é pessimista, corriqueiro, cético, rotineiro e comodista. O comodismo parece ser um paradoxo, mas explico: o inflexível comodista é aquele que estaciona onde se sentir protegido, mais à vontade, em sua zona de conforto; tem medo de mudanças e terrenos desconhecidos, geralmente são encarcerados aos lugares onde foram criados e cria um vínculo extremado, às vezes doentio, com hábitos e amizades antigas, sendo também dependente sentimental da família e de pequenos e grandes bens de consumo. E por falar em família (mudando de pau para cavaco): vivemos uma grande e cheirosa utopia da família perfeita, e essa fantasia tem levado muita gente ao caos, às preocupações supérfluas, insônias e situações de atos extremistas. Alguns pais criam seus filhos em uma bolha de mimos, presentes, excessos, medos, preconceitos e fobias. Essa história da construção da família perfeita não perdura, pois simplesmente não existe. É uma arquitetura retrógrada, que já não dava certo antes, de construção frágil, falida, que já nasce nos escombros, pois é permeada de sonhos errados, da contramão da mídia, das capas de revistas e dos filmes de final feliz. Essa edificação se ergue erroneamente, pois – mesmo que muitos não saibam – apoia-se em três pilares: na cruel aversão, em moldes arcaicos inexistentes e na sociedade excludente. Erros ou acertos: aceitos ou não, mesmo não concordando com nada que escrevo... é sempre bom se conhecer.
André Anlub
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