Das Loucuras (la vérité surgit de la méprise*)
Num telhado qualquer, agora, o gato angorá caolho observa;
Na selva, ao lado do bem-me-quer, há um coelho malhado.
Não há, sob a luz do luar, um trocadilho que salva;
Porém, uma salva de palmas ao mar, ao rio, ao filho, ao jus da alma.
Tudo do jeito que deve ser; desse jeito explica-se tudo – peça louca.
Lembra-se da chuva, do sol, ombros amigos, anjos caídos;
Esquece-se do sonho rasteiro, da melancolia, do preço da gasolina...
Comprimidos comprimido pelo cacoete de voar ao céu da boca.
Sonhos orgânicos, comidas orgânicas – somos o que comemos...
Entramos/entrando pelos canos – e tudo sem glúten.
É nada absurdo sermos herdeiros do mundo... temos escudos, ao menos.
Tolos e dolos no núcleo do globo – verdadeiro útero... Ferrugem.
A sombra cobre toda a praia; todas prenhas, as ondas somem...
Marmotas no mar morto vestidas de salva-vidas: letargo.
As águas-vivas estão mortas; não há lobisomem.
As cenas já foram montadas, no palco atrizes e atores dão o recado:
Conclui-se que quando se reza, rezam errado, e nada, e rezo...
E enfim:
*A verdade surge do desprezo.
André Anlub (29/10/17)
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