A plena leveza que de tão esplêndida torna-se peso pesado na beleza.
Ajude-me a nadar sedento em sua correnteza, pois fico confortável e feliz; tal bela força fiel e resistente me diz: atravesse novamente o Oceano Pacífico e me beija.
Lá vem ela com essa má intenção de sexo, e sempre são muito bem-vindas.
O tempo é absurdamente incoerente, menosprezando a vaidade, a bolsa de valores, os valores vigentes, as vidas correntes, as previsões do tempo e as correntes de vento, de Foucault e as marítimas. Mas o tempo segue dando sabor ao vinho e ao queijo entre outros milhões de sujeitos. O tempo tem uma amizade colorida com as horas, que por sua vez a tem com os minutos, e ele com os segundos, e todos entre si, em uma orgia cósmica, de estampidos e gemidos eternos, que rompe dias e noites causando inveja a qualquer prostíbulo e que também inspirou o Kama Sutra. Sem perder mais tempo vejo a serpente me oferecendo uma cuia com cereais, com amoras, mirtilos, muitas maças picadas e leite de cabra para umedecer toda a coisa. Pelo outro lado vem um barco (aquele velho barco que carrego em meus sonhos) me convidando ao passeio, já com seu jeito moleque com a vida e a seriedade no trato com o mar. Como o cereal, tiro a aveia do dente, e embarco sem pensar duas vezes... Lá vou eu no vento e no ventre das minhas pretensões impulsivas. Vou com gosto já conhecido, pois o sabor navega comigo muito antes de eu me apaixonar pelo mar; penso no mar como a versão masculina de um conto de fadas: a princesa encantada, bem simples, com aquele moletom preto, tênis Nike no pé, os cabelos negros e longos, um sorriso “mulher”... ‘montada’ em uma Harley Davidson (ou pode ser ao volante de uma Toyota antiga) me convidando ao passeio no campo, já com o isopor com a bebida gelada, queijos e guloseimas, duas longas toalhas e a “má intenção” de fazer sexo selvagem... Que sempre será muito bem-vinda.
André Anlub
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