7 de dezembro de 2018

Das Loucuras (epílogos e metempsicoses) - Parte V





Das Loucuras (epílogos e metempsicoses)
Parte V

Quem cala consente;
Quem fala call center!

Vidas que passam; vidas que seguem
E às vezes o homem está de pé.
Sombra de pé, mas na vida deitada...
Homem que se move, bebe água gelada,
Muda o vaso de planta para onde quiser...

Homem que ouve, vê, fala, cala, faz e desfaz.
Enche o saco e até sorri – por fora...
Faz tudo ontem, faz tudo agora,
Faz tudo que apraz...
Anda sóbrio e reto;
Anda ébrio e torto, 
Tudo que homem vivo é capaz...
Mas está morto.

A lua iluminou suas ideias de navegante,
O fez alçar velas e por o barco no mar.
A maré, por sua vez, dividiu um calmante com o tempo...
Que dormia ao relento, num ronco só.

Ah, já ia esquecer o vento!
Mas ainda está em tempo. 

O vento soprava, cá e lá,
Às vezes som de trompete; às vezes som de sax;
Fazia sexo, na maioria das vezes, com o silêncio,
Que era quebrado – com muito gosto – pelo barulho do mar.

O rádio no barco repete as notícias;
O ovo cozido esfriava;
Nada de novo no front,
À frente na sua jornada.

Achou uns escritos antigos:

Ação e suor
Salinidade, emoção.
Inspira e expira
Ah, eu vou...
Irei às chuvas de granizo
Em busca do sol de verão.

Em bocas poéticas
Serei o mais belo verso
Ou talvez nada serei...
Tudo é duvidoso, profético
Todos são amantes e amados.

Talvez nem ache chuva,
Nem ache sol
Talvez só ache no arrebol
O desenho de seus olhos
Vermelhos e molhados.

Tascou fogo, após memorizar letra por letra;
Repaginou os escritos, fez nova releitura,
Imaginou-a nua e crua, virgem – só que não.
Glosou no seu caderninho de anotações – criou treta.

A felicidade entra sem pedir a menor licença,
Domina o aposento, invade o seu corpo,
E, num breve coito,
Se funde com sua alma.

Suas mãos no baú procuram uma garrafa,
Sabe que no bolso não tem nem um conto.
O barco balança, suas mãos alcançam...
E essa narrativa se assemelha a um conto.

Era vodca, era vidro que corta a garganta da alegria...
Sem ao menos precisar quebrar.
A felicidade cai fora, não hesita nem um triz...
E agora o que resta, e nunca faltará,
É a enganação de estar feliz.

(Itaipava 2/12/18)

André Anlub

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Agradecemos pela leitura.

Biografia quase completa






Escritor, locador, vendedor de livros, protético dentário pela SPDERJ, consultor e marketing na Editora Becalete e entusiasta pelas Artes com uma tela no acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC/BA)

Autor de sete livros solo em papel, um em e-book e coautor em mais de 130 Antologias poéticas

Livros:
• Poeteideser de 2009 (edição do autor)
• O e-book Imaginação Poética 2010 (Beco dos Poetas)
• A trilogia poética Fulano da Silva, Sicrano Barbosa e Beltrano dos Santos de 2014
• Puro Osso – duzentos escritos de paixão (março de 2015)
• Gaveta de Cima – versos seletos, patrocinado pela Editora Darda (Setembro de 2017)
• Absolvido pela Loucura; Absorvido pela Arte
(Janeiro de 2019)

• O livro de duetos: A Luz e o Diamante (Junho 2015)
• O livro em trio: ABC Tríade Poética (Novembro de 2015)

Amigos das Letras:
• Membro vitalício da Academia de Artes, Ciências e Letras de Iguaba (RJ) cadeira N° 95
• Membro vitalício da Academia Virtual de Letras, Artes e Cultura da Embaixada da Poesia (RJ)
• Membro vitalício e cofundador da Academia Internacional da União Cultural (RJ) cadeira N° 63
• Membro correspondente da ALB seccionais Bahia, São Paulo (Araraquara), da Academia de Letras de Goiás (ALG) e do Núcleo de Letras e Artes de Lisboa (PT)
• Membro da Academia Internacional De Artes, Letras e Ciências – ALPAS 21 - Patrono: Condorcet Aranha

Trupe Poética:
• Academia Virtual de Escritores Clandestinos
• Elo Escritor da Elos Literários
• Movimento Nacional Elos Literários
• Poste Poesia
• Bar do Escritor
• Pé de Poesia
• Rio Capital da Poesia
• Beco dos Poetas
• Poemas à Flor da Pele
• Tribuna Escrita
• Jornal Delfos/CE
• Colaborador no Portal Cronópios 2015
• Projeto Meu Poemas do Beco dos Poetas

Antologias Virtuais Permanentes:
• Portal CEN (Cá Estamos Nós - Brasil/Portugal)
• Logos do Portal Fénix (Brasil/Portugal)
• Revista eisFluências (Brasil/Portugal)
• Jornal Correio da Palavra (ALPAS 21)

Concursos, Projetos e Afins:
• Menção Honrosa do 2° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Brava Gente Brasileira”.
• Menção Honrosa do 4° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Amor do Tamanho do Brasil”.
• Menção Honrosa do 5° Concurso Literário Pague Menos, de nível nacional. Ficou entre os 100 primeiros e está no livro “Quem acredita cresce”.
• Menção Honrosa no I Prêmio Literário Mar de Letras, com poetas de Moçambique, Portugal e Brasil, ficou entre os 46 primeiros e está no livro “Controversos” - E. Sapere
• classificado no Concurso Novos Poetas com poema selecionado para o livro Poetize 2014 (Concurso Nacional Novos Poetas)
• 3° Lugar no Concurso Literário “Confrades do Verso”.
• indicado e outorgado com o título de "Participação Especial" na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas/Salvador (BA).
• indicado e outorgado com o título de "Talento Poético 2015" com duas obras selecionadas para a Antologia As Melhores Poesias em Língua Portuguesa (SP).
• indicado e outorgado com o título de Talento Poético 2016 e 2017 pela Editora Becalete
• indicado e outorgado com o título de "Destaque Especial 2015” na Antologia O Melhor de Poesias Encantadas VIII
• Revisor, jurado e coautor dos tomos IX e X do projeto Poesias Encantadas
• Teve poemas selecionados e participou da Coletânea de Poesias "Confissões".
• Dois poemas selecionados e participou da Antologia Pablo Neruda e convidados (Lançada em ago./14 no Chile, na 23a Bienal (SP) e em out/14 no Museu do Oriente em Lisboa) - pela Literarte

André Anlub por Ele mesmo: Eu moro em mim, mas costumo fugir de casa; totalmente anárquico nas minhas lucidezes e pragmático nas loucuras, tento quebrar o gelo e gaseificar o fogo; não me vendo ao Sistema, não aceito ser trem e voo; tenho a parcimônia de quem cultiva passiflora e a doce monotonia de quem transpira melatonina; minha candura cascuda e otimista persistiu e venceu uma possível misantropia metediça e movediça; otimista sem utopia, pessimista sem depressão. Me considero um entusiasta pela vida, um quase “poète maudit” e um quase “bon vivant”.

Influências – atual: Neruda, Manoel de Barros, Sylvia Plath, Dostoiévski, China Miéville, Emily Dickinson, Žižek, Ana Cruz Cesar, Drummond
Hobbies: artes plásticas, gastronomia, fotografia, cavalos, escrita, leitura, música e boxe.
Influências – raiz: Secos e Molhados, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes, Jorge Amado, Neil Gaiman, gibis, Luiz Melodia entre outros.
Tem paixão pelo Rock, MPB e Samba, Blues e Jazz, café e a escrita. Acredita e carrega algumas verdades corriqueiras como amor, caráter, filosofia, poesia, música e fé.