Do livro "Beltrano dos Santos"
Divagações:
Não nasci cá, nem acolá,
Nem além ou aquém;
Sou melhor e pior que ninguém.
Vivo o amor e a arte,
Assim sou do mundo,
Quiçá limpo ou imundo,
Mas de nenhuma parte.
O meu Dó
De ver sua Ré
Sem mi mi Mi,
De lua a Sol,
De cá e Lá,
Fala por Si,
Sem fã, sem Fá.
Ao ver e ouvir um sabiá
Ponderei:
- Qual outro tamanho encanto
Faz minha boca calar-se
Acarinhando meus olhos,
Cantando aos ouvidos,
Tão doce e frágil, tão inesperado,
Que voa pelos quatro ventos
E pousa sem alarde conquistando os corações?
Nos olhos que nos cercam
Existem ínfimos enigmas,
De víveres e insígnias,
De fulgor ou opaco.
Olham às vezes de lado,
Com chama de sentimento,
Com claro entendimento,
Visando serem domados.
Castanhos, verdes, azuis,
Pretos, negros, camuflados;
Delatam com movimento
Os desejos carnais incubados.
Brinco - choro – rio
Enxoto pra longe a morte
E com sorte ela vai e não volta;
Impossível é perder o meu brio!
Queria ver o mundo
Cicatrizando os seus cortes.
Voa minha pombinha,
É carnaval - Nos salões, nas ruas, marchinhas...
(hinos e gritos).
Leva nas asas a festa, o belo rito.
É pomba da paz,
Alegria dos espíritos.
Sabe que a alegria tem fim.
Passou todas as horas em transe,
Sonhou em puro êxtase,
E viveu um paraíso interior.
Cicatrizes me lembram
De que algumas memórias não foram sonhos!
Mas de certa forma foram...
(e se realizaram).
Cicatrizes gritam:
- Você foi uma criança arteira!
Mas de que também sou um adulto...
(que ama e amou).
Cicatrizes podem deixar mágoas,
Mas sempre, todas, foram ensinamentos.
(ou nem tanto).
Uma Cicatriz pode não lhe recordar nada,
Mas mostra, de alguma forma,
Que você sobreviveu a ela.
(às vezes não)
Agora, mais velho,
Mais maduro,
“mais valia”.
Descobri que aquilo não era esperteza,
E sim, covardia.
Se ler é exercitar o cérebro,
Ler poesia é “anabolizá-lo”.
André Anlub®
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