Líquido sagrado de Baco
Rigoroso esse tempo bom na tela do céu azul,
Enorme pingo quente dourado,
Mas amargurado ele caminha sem norte (também sem sul).
Só esperou o cair da noite e foi-se frenético abraçar a boemia:
Nas mesas bambas dos piores bares sentiu-se bem, satisfeito,
Era aquilo ali (Alá, a luz, além) que ele queria.
Com as paredes descascadas e encardidas,
Banheiros de intolerável cheiro ruim;
A meia luz...
A farra no garrafão de vinho barato que esvazia:
Todo feio se faz tolerável;
O detestável é a alegoria da vida.
Com três palitos de dente se faz um xadrez psicológico,
De deixar Freud confuso e Confúcio fã de Pink Floyd.
O que eu faria em uma atmosfera assim?
Além do porre corriqueiro:
De janeiro e meu aniversário;
De ver estranhos saindo do armário;
De tudo que é falso tornar-se verdadeiro.
O que eu faria?
Largaria o último copo e voltaria ao primeiro,
Desde onde a mente vai demudando,
O tom de voz aumenta, palavrão atroz vira salmo,
E enterra-se qualquer tormenta.
O que eu faria?
Vou voando – bem calmo ao terreno estrangeiro.
A insanidade das horas perdidas no líquido sagrado de Baco:
Com uma mão vai afundando o barco
E com a outra fornece o salva-vidas.
André Anlub®
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