Ainda no círculo de fogo
As tatuagens explodem em queloides feitas de dragão,
Abuso de tal absurdo dentro de um pesadelo fecundo.
A vida em lacunas estreitas formando vias de mão e contramão;
Fantasioso irmão monozigótico – hábil jagunço moribundo.
O círculo se fecha, a flecha circunda o coração;
Não há armadura que resista, visto que o soldado está desnudo.
A emoção se faz em festa e observa o circo em combustão;
Brota abrupta a confusão: dar à vida o que releva, ou dar à alma a nutrição?
Par ou ímpar; pega ou larga; prega ou praga...
Qualquer bicho, mesmo com fome, fugiria com o horror.
A boca abre, os olhos fecham, a mente alarga;
Vem visões derradeiras de holocaustos... mentiras de pescador.
O círculo se fecha tanto que o fogo se torna chama;
É hora da pausa, o minuto da fleuma, o segundo da cama.
Meditação e foco – abstinência e dissolução – trégua e afã...
Na questão do tempo, a dor de hoje será a mesma amanhã.
André Anlub
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Das fagulhas
As fagulhas da vida
Acendem as fogueiras mais esquecidas
Aquelas que pareciam extintas
Renascem reabrindo feridas.
Com o andar certeiro e sereno
Atravessa-se a estreita ponte;
Olhos firmes através do nevoeiro
E nas mãos um livro de poesias.
Dentes que querem morder;
Pesadelos que querem morrer;
Os músculos não são minúsculos;
Ainda resta muita coisa a fazer:
Sinto e conto os segundos...
Estabelecido os limites,
Os lamentos derramam-se aos litros;
Criando inícios,
Possíveis meios e novos fins.
Há enfim o vulcão
Que explode por dentro e queima por fora...
Foi-se a aurora:
Põem-se ao por do sol as sublimes asas...
E que asas.
Tempos de açúcar e sal,
Mel e alguns temperos destemperados...
Mas a solução na contramão do tempo,
Sem lamento ou consentimento.
Atrelado no meu sonho de ter um barco
Há um poder colossal;
Ponho no papel – em primeira pessoa –,
A brincadeira que faço com as palavras.
André Anlub
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